ENTREVISTA-Assolada por coronavírus, Manaus busca ajuda internacional e faz apelo a Greta Thunberg
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Por Eduardo Sim?es
S?O PAULO (Reuters) - Palco de uma das situa??es mais dram?ticas da pandemia de Covid-19 no Brasil, a cidade de Manaus, capital do Amazonas, tem feito apelos por ajuda internacional para combater a doen?a respirat?ria provocada pelo coronav?rus e espera contar com o apoio da ativista sueca Greta Thunberg, de 17 anos.
Em entrevista ? Reuters, o prefeito da capital amazonense, Arthur Virg?lio Neto (PSDB), disse que o governo municipal mant?m contato com pessoas ligadas a Greta, que ganhou notoriedade mundial ao encabe?ar um movimento de greve de estudantes para cobrar a??o dos governantes contra o aquecimento global, para que ela divulgue uma mensagem pedindo que governos, empresas e pessoas ajudem Manaus.
'Eu espero dela n?o mais que uma palavra. N?o posso esperar um respirador. Eu espero uma palavra. Uma palavra que eu acredito que dever? vir, tomara que venha', disse Virg?lio em entrevista ? Reuters por telefone na ter?a-feira.
'Ela ? uma das l?deres mundiais, efetivas, ent?o a palavra dela significa muito para os governantes que possam vir a ajudar, ? um refor?o. Significa muito para empres?rios, significa muito para aqueles que acreditam na palavra dela e que podem dar pequenas contribui??es. Significa muito.'
O prefeito disse que j? enviou cartas a governos de pa?ses que comp?em o G7 --grupo das sete economias mais industrializadas do mundo-- e a outros pa?ses ricos em busca de ajuda para que a cidade de mais de 2,1 milh?es de habitantes combata a Covid-19, que j? infectou 4.804 pessoas na capital amazonense --ou 59,3% dos contaminados no Estado-- e matou 459 pessoas --o equivalente a mais de 70% das mortes registradas pela doen?a no Amazonas.
Al?m do apoio de Greta, Virg?lio aposta no trunfo ambiental para convencer l?deres mundiais a colaborarem com Manaus, cidade encravada em plena floresta amaz?nica e capital de um Estado que, historicamente, tem ?ndice de desmatamento inferior ao de outros na regi?o.
'Eu queria dizer isso para eles. Voc?s n?o est?o fazendo apenas um gesto de compaix?o --e eu aceito a compaix?o com humildade-- est?o fazendo um gesto em favor de voc?s pr?prios, porque voc?s est?o defendendo um aquecimento global limitado nos par?metros que a ci?ncia definiu como aceit?veis para a vida humana', disse o prefeito.
As principais necessidades de Manaus s?o de profissionais de sa?de, equipamentos de prote??o individual para esses profissionais e medicamentos.
'Fazemos quest?o de dizer que n?o ? dinheiro que a gente quer', afirmou.
'SE BATER NELES, ACABOU'
Manaus tem protagonizado algumas das cenas mais impactantes da pandemia no Brasil, com valas comuns sendo abertas em cemit?rios para enterrar v?timas da Covid-19, e o Estado do Amazonas sofre com a baixa oferta de leitos de UTI no interior.
Sem uma estrutura de sa?de organizada quando o coronav?rus chegou, a capital amazonense montou um hospital de campanha na periferia, inaugurado no dia 12 de abril, com 101 leitos --29 de UTI-- para atender pacientes com coronav?rus, com a perspectiva de chegar a 279 leitos.
A ocupa??o ? constante. Assim que um leito vaga, ? imediatamente ocupado, e a cidade tem registrado m?dia di?ria de 120 mortes, o que mant?m o servi?o funer?rio pressionado, mas a situa??o j? foi pior, segundo Virg?lio.
No momento, outras duas preocupa??es assolam o prefeito: a baixa ades?o em geral ao isolamento social na cidade, que tamb?m tem contribu?do para o agravamento da pandemia no Amazonas, e a sa?de da popula??o ind?gena.
'Os ?ndios --embora em Manaus eles estejam habituados ? cidade-- no interior, se bater neles, acabou. Bateu em um, bate no outro, porque eles s?o greg?rios, eles se juntam, eles tomam decis?es conjuntas, eles fazem conselhos para decidir as coisas', disse. 'Temos que olhar a repercuss?o internacional de uma eventual morte em massa de ind?genas brasileiros', alertou.
O prefeito disse ter obtido o compromisso do ministro da Sa?de, Nelson Teich, que esteve em Manaus nesta semana, de que dar? aten??o especial ao assunto. O ministro tamb?m prometeu, segundo Virg?lio, enviar o mais breve poss?vel EPIs para Manaus.
J? sobre o isolamento social, a situa??o ? mais complicada. A ades?o em Manaus est? abaixo de 40%, quando especialistas apontam um ?ndice na casa de 70% com ideal para conter a propaga??o do v?rus, e o prefeito responsabiliza diretamente o discurso do presidente Jair Bolsonaro, que minimiza a pandemia e estimula aglomera??es.
'? duro o principal l?der da na??o pedindo para o pessoal ir para a rua. ? muito duro, isso fica desigual para n?s. Aqui, ele (Bolsonaro) tem um reduto muito forte. Ele est? desgastado em outros lugares, aqui ele n?o est?', afirmou.
Escrito por Reuters
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