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ENTREVISTA-Intervenção no RJ não precisa continuar se plano estratégico for mantido, diz general

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Por Rodrigo Viga Gaier

RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os ?ndices de criminalidade j? come?aram a reagir de forma consistente ? atua??o militar, e a interven??o federal na ?rea de seguran?a p?blica do Estado do Rio de Janeiro n?o precisa continuar no pr?ximo governo desde que seja cumprido o plano elaborado, disse ? Reuters o interventor designado por Bras?lia, general Walter Braga Netto.

Na semana passada, Braga Netto entregou ao presidente Michel Temer um planejamento estrat?gico para a interven??o, com medidas que ficar?o de legado da gest?o militar na ?rea de seguran?a.

?N?o precisa continuar , disse Braga Netto em entrevista ? Reuters, nesta quinta-feira, em seu gabinete no Pal?cio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste.

Tem um plano de gest?o, um plano de transi??o e legado, tem um plano de reestrutura??o das for?as de seguran?a. Se o planejamento que n?s deixarmos... se quem assumir mantiver o planejamento, n?o houver indica??es pol?ticas ou casu?sticas n?o h? necessidade da interven??o (continuar)?, acrescentou.

O decreto da interven??o est? previsto para terminar em 31 de dezembro deste ano.

Para o general ? uma ilus?o achar que as For?as Armadas s?o capazes de acabar completamente com a viol?ncia, e dizer que os militares s?o a solu??o do pa?s ? o desespero de um pa?s que est? sem valores .

Crian?a n?o respeita professor, n?o respeita pai. Temos excessos de direitos e poucas obriga??es. Come?a a surgir uma institui??o com grande credibilidade, como as For?as Armadas, as pessoas come?am a achar que ? a salva??o da p?tria , disse .

O Brasil precisa se estruturar e n?o h? necessidade de interven??o federal se houver disciplina e vontade pol?tica de tocar o que foi planejado?, avaliou.

? frente h? quatro meses do modelo mais ousado de combate ? viol?ncia no Estado do Rio de Janeiro nos ?ltimos anos, Braga Netto evitou entrar na discuss?o da sensa??o de seguran?a, por consider?-la filos?fica.

O general preferiu lan?ar m?o de estat?sticas de criminalidade, que, segundo dados do Instituto de Seguran?a P?blica (ISP), j? mostram uma melhora com a a??o do militares. Ele admitiu que n?o se chegou no esperado ainda, mas ressaltou que j? atingimos v?rios objetivos?.

Os dados mostram que a letalidade violenta (que re?ne crimes como mortes em opera??es, homic?dios dolosos, les?o corporal seguida de morte e morte de decorrente da a??o policial) teve uma queda de 9,6 por cento entre mar?o e maio deste ano. Os homic?dios dolosos ca?ram 16,7 por cento, roubos de ve?culos recuaram 18,21 por cento e os roubos de cargas ca?ram quase 18 por cento no per?odo.

Mas o roubo de rua, cujo alvo principal s?o os celulares, subiu no per?odo 6 por cento, e o general j? solicitou ? Ag?ncia Nacional de Telecomunica??es (Anatel) para que celulares roubados sejam definitivamente bloqueados e colocados fora de uso a partir do acionamento do IMEI (c?digo de seguran?a do aparelho).

?H? no imagin?rio popular uma vis?o que com a interven??o o crime vai ? zero. Isso n?o se consegue. O que queremos ? reduzir os ?ndices e acabar com essa ostensividade que existe.?

SEM GUERRA CIVIL

Apesar dos dados mais positivos, os ?ltimos dias foram de muita viol?ncia no Rio de Janeiro. Na v?spera da entrevista, um adolescente de 14 anos morreu quando ia para a escola no conjunto de favelas da Mar?, na zona norte da capital, v?tima de bala perdida. Ali, a pol?cia, com apoio de alguns equipamentos das For?as Armadas, fez uma opera??o onde seis suspeitos morreram.

Estat?sticas extraoficiais apontam para mais de 100 casos de balas perdidas no Estado este ano.

?Para n?s ? inconceb?vel o dano colateral e um tiro que acerta uma crian?a ou terceiros. N?s s? atiramos quando h? certeza para outros?, afirmou Braga Netto.

Para ele, muitos policiais do Rio de Janeiro estavam na linha de frente, antes da interven??o, com pouco treinamento de tiros. Agora, para participar de uma opera??o o policial j? deu mais de 300 tiros nos estandes de treino, uma quantidade ?muito maior? do que era antes da a??o das For?as Armadas.

Nesta quinta-feira, as For?as Armadas iniciaram uma outra opera??o, em favelas do Leme, ?rea nobre da cidade, para combater quadrilhas rivais que tentam controlar os pontos de vendas de drogas nas comunidades do Chap?u-Mangueira e Babil?nia.

No come?o do m?s, supostos criminosos usaram uma mata para fugir de um cerco policial e foram parar no bairro da Urca, onde est?o v?rias unidades da For?as Armadas e at? ent?o considerado um dos ?ltimos redutos de tranquilidade na cidade. O confronto chegou a interromper temporariamente a circula??o do bondinho do P?o de A??car, um dos principais pontos tur?sticos da cidade, e tamb?m o funcionamento do aeroporto Santos Dumont. Ao menos 7 suspeitos morreram nessa a??o.

Apesar dessas situa??es, o general rejeitou a ideia de que o Rio de Janeiro vive uma guerra civil n?o declarada.

?N?o vivemos uma guerra civil, isso ? completamente diferente. Eu estive em ?rea de conflito. O que temos ? uma viol?ncia muito grande. Guerra ? outra coisa. Se houvesse guerra, n?o ia ter cuidado com dano colateral que n?s temos.?

MARIELLE

Um dos crimes de maior repercuss?o ocorridos durante a interven??o --o assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista dela, Anderson Gomes-- segue sem solu??o.

Segundo Braga Netto, ainda faltam provas necess?rias para concluir o caso e embasar bem a den?ncia ao Minist?rio P?blico e ? Justi?a. ?Mesmo que eu tenho suspeito ? preciso ter provas, bem firmadas, porque sen?o podemos acusar algu?m e a pessoa ser solta. Trabalhamos na obten??o de provas concretas, mas n?o temos prazo.?

Mesmo com esses casos de viol?ncia ainda ocorrendo no Rio de Janeiro, Braga Netto, afirmou que a interven??o federal vai entregar aos pr?ximos governantes locais e nacionais um Estado muito melhor do que agora, na ?rea de seguran?a

?Com as a??es que est?o acontecendo, com as aquisi??es e com chegada de material e volta de agentes, tudo isso, a tend?ncia ? s? melhorar. N?o h? d?vida de que vou entregar um Estado melhor para popula??o... a melhora ser? palp?vel?, frisou.

ELEI??ES

Num cen?rio de viol?ncia e descr?dito com os pol?ticos, tem ressurgido em parcelas da popula??o desejo pela volta do autoritarismo, por meio de uma ampla interven??o militar, e se solidificam as simpatias pelo pr?-candidato do PSL ? Presid?ncia, deputado Jair Bolsonaro, ex-capit?o do Ex?rcito.

Braga Netto garantiu que as For?as n?o t?m simpatia maior ou predile??o por algum candidato. Ele disse j? ter se encontrado com v?rios candidatos ao governo do Estado e ? Presid?ncia da Rep?blica.

?Bolsonaro para mim ? um candidato como outro qualquer. Merece meu respeito como os outros candidatos. Caxias disse o seguinte: minha espada n?o tem partido. Nossa espada n?o tem partido?, disse, referindo-se ao patrono do Ex?rcito, Duque de Caxias.

Escrito por Redação

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