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ENTREVISTA-Light foca combate a 'gatos' na rede e promete pente-fino contra fraudes

Placeholder - loading - Logotipo da Light exibido em painel na B3, em São Paulo  25/07/2019 REUTERS/Amanda Perobelli
Logotipo da Light exibido em painel na B3, em São Paulo 25/07/2019 REUTERS/Amanda Perobelli

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Por Luciano Costa

S?O PAULO (Reuters) - Respons?vel pela distribui??o de eletricidade na regi?o metropolitana do Rio de Janeiro, a Light ter? como prioridade nos pr?ximos anos o combate ?s chamadas perdas n?o-t?cnicas, mais conhecidas como 'gatos' na rede el?trica, que t?m crescido continuamente desde 2017, disse ? Reuters a presidente da companhia, Ana Marta Horta Veloso.

As perdas com as liga??es ilegais na rede representavam ao final de junho 51,89% do mercado de baixa tens?o da el?trica, ou 7.136 GWh/ano, o que representa mais que o consumo de energia de todo o Estado do Esp?rito Santo, que tem quase 4 milh?es de habitantes.

Embora o imagin?rio popular associe os 'gatos' no Rio de Janeiro a favelas e ?reas ocupadas por traficantes ou mil?cias, nas quais t?cnicos da Light mal ousam entrar, a empresa estima que 47% dessas liga??es ocorrem em outras regi?es, onde concentrar? esfor?os, disse a executiva, que assumiu em maio a presid?ncia da empresa, que j? havia comandado no passado.

'? um problema de uma magnitude gigante. A boa not?cia ? que metade dele est? localizado em ?reas nas quais a gente consegue atuar. Isso ? que ? o foco de nossa gest?o, como foi o foco da gest?o anterior, quanto estive na companhia entre 2015 e 2017', afirmou.

As perdas t?m crescido desde mar?o de 2017, quando representavam 37,5% do mercado de baixa tens?o, mas aceleraram a partir da reta final de 2018 at? ultrapassarem os 50% neste ano.

A nova presidente da Light disse que pretende implementar diversas medidas para iniciar uma redu??o gradual nas perdas, que no primeiro trimestre representavam 25,8% da carga-fio (total) atendida pela empresa.

'Podemos trabalhar na redu??o desse n?mero em torno de 1 ponto percentual por ano nos pr?ximos anos. A cada ponto de redu??o das perdas (totais), estar?amos agregando ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, deprecia??o e amortiza??o) de nossa distribuidora quase 100 milh?es de reais', afirmou.

'Isso ? algo que gera muito valor para a companhia', destacou a executiva, pontuando que essa meta come?ar? a ser perseguida tendo como base o m?s de agosto.

Entre as a??es previstas para atingir o objetivo, a companhia realizar? um pente-fino sobre grandes clientes nas regi?es que a Light chama de '?reas poss?veis', enquanto o meio de atua??o nas '?reas de risco' ainda est? em avalia??o.

'At? o final de 2019 estamos fazendo uma varredura completa nos 60 mil maiores clientes da Light para verificar se h? algum problema de fraude ou do medidor', afirmou ela, acrescentando que a iniciativa j? mostra resultados.

'Estamos achando o que a gente chama de 'gato gordo'. S?o f?bricas de gelo, mercados, hot?is, mot?is, postos de gasolina', apontou.

Ela afirmou ainda que est?o previstos tamb?m alguns investimentos em moderniza??o e blindagem de rede, al?m de medidores inteligentes, mas destacou que medidas de gest?o s?o o foco do trabalho.

'Nosso plano ? calcado em algum Capex (investimento) e medidas de gest?o. Temos metas desdobradas desde executivos at? o pessoal de 'ch?o de f?brica'. Nossos terceirizados v?o ser remunerados de acordo com resultado... ? um choque de gest?o.'

O trabalho ser? focado nas '?reas poss?veis', enquanto nas 'de risco' a Light tem sentido at? mesmo um aprofundamento dos problemas, com maior presen?a de armas, embora as perdas nessas regi?es mantenham-se est?veis.

'Em ?reas de risco, ou a gente atua de uma maneira muito criativa, o que ainda estamos estudando, ou n?o conseguimos atuar, porque a gente ? recebido com um fuzil. N?o d? para entrar.'

DISPUTA COM PREFEITURA

Em meio ? luta contra os 'gatos' na rede el?trica, a Light foi acionada pela prefeitura municipal do Rio de Janeiro em a??o civil p?blica que pede suspens?o de cobran?as junto aos consumidores por perdas relacionadas ?s fraudes, bem como devolu??o de valores cobrados no passado.

A Procuradoria Geral da cidade convocou clientes da el?trica a ingressarem na a??o e disse que 'identificou enriquecimento il?cito' da concession?ria ao cobrar valores para compensar parte das perdas com gatos.

Pela regula??o do setor el?trico, a Ag?ncia Nacional de Energia El?trica (Aneel) define para cada distribuidora o que seriam n?veis 'aceit?veis' de perdas na rede, que podem ter os custos repassados ?s tarifas, enquanto o que ultrapassa o limite gera preju?zos ?s el?tricas.

'Como podemos ser acusados de enriquecimento il?cito se nos ?ltimos cinco anos a empresa perdeu 1,6 bilh?o de reais pela perda na 'vida real' estar acima da perda embutida na tarifa? E estamos gastando 360 milh?es de reais por ano para combater esse problema', disse Ana Marta.

'Nossa ?rea de concess?o ? complexa... n?o tem nenhum tipo de tratamento tarif?rio especial para a Light, est? super dentro da regra do regulador, que vale para todo mundo', acrescentou ela.

Questionada sobre os argumentos da Light contra a a??o coletiva, a prefeitura disse em nota que 'a Justi?a est? ouvindo as partes antes de tomar uma posi??o'. Um pedido de liminar contra a el?trica j? foi negado pela Justi?a.

A Light presta servi?os de distribui??o em 31 munic?pios do Rio de Janeiro, com 4,5 milh?es de clientes. A companhia opera ativos de gera??o com cerca de 1,15 gigawatt em capacidade por meio da subsidi?ria Light Energia.

A companhia tem como principal acionista a el?trica mineira Cemig, com 22,6% do capital, mas ? desde julho uma corpora??o sem controlador definido, ap?s a Cemig ter reduzido sua fatia anterior de quase 50% na empresa em meio a uma oferta p?blica de a??es.

Escrito por Redação

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