ENTREVISTA-Terra Santa Agro tira proveito de guerra comercial com derivativos complexos
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Por Roberto Samora e Ana Mano
S?O PAULO (Reuters) - A Terra Santa Agro, uma das maiores produtoras de gr?os e oleaginosas do Brasil, vem usando mais derivativos complexos visando se defender e ganhar com a volatilidade dos pre?os decorrente da guerra comercial entre Estados Unidos e China, que vem impulsionado as exporta??es de gr?os do Brasil desde 2018, disse o diretor-presidente da companhia.
'A guerra comercial traz incertezas, mas temos que aproveitar os momentos, e para isso temos de estar protegidos', disse Jos? Humberto Prata Teodoro Jr., em entrevista ? Reuters.
Ele afirmou que a companhia j? fechou vendas de mais de 50% da soja da nova safra (2019/20) por meio de opera??o denominada 'acumulador', que ficam atrativas quando o mercado est? vol?til, como acontece em meio a declara??es de Donald Trump, que um dia acena com a possibilidade de um acordo com a China e no outro torna isso mais distante.
'Fica bom de fazer essas opera??es quando a volatilidade sobe', destacou Teodoro Jr., ao comentar o uso de contratos de op??es de compra e venda, entre outros, para 'hedgear' pre?os de soja e algod?o.
O CEO explicou que, para a soja, a companhia montou posi??es em derivativos com vencimentos di?rios, que ao final, segundo ele, podem transformar-se em neg?cios a um pre?o maior.
No ano passado, a empresa fez a maior parte das vendas com uma gest?o de hedge em que a fixa??o do futuro e do 'basis premium' aconteceu em momentos distintos.
J? na safra atual, diante do grande risco de descasamento das posi??es de basis premium com o contrato futuro --que normalmente v?o na dire??o oposta-- a companhia mudou a estrat?gia. 'Fizemos alguns contratos de 'collar' e 'accumulators' a custo zero.'
ALGOD?O
No caso do algod?o, que responde por cerca de metade da receita da Terra Santa, a empresa j? comercializou algo como 70% de colheita esperada em 2019/20, sendo aproximadamente 20% com pre?os de cerca de 70 centavos de d?lar por libra-peso, enquanto os pre?os de tela est?o em torno de 60 centavos.
A maior parte das vendas do algod?o, ou cerca de 40% do total j? comercializado, foi travada por meio de 'collar' com um conjunto de opera??es que garantem um pre?o m?nimo na casa de 60-63 centavos por libra e pre?o m?ximo na casa dos 68-72 centavos por libra.
Uma outra parte do volume travado antecipadamente (10%) foi por meio da opera??o de 'acumulador', com pre?o m?nimo entre 60-62 centavos por libra-peso e pre?o de fixa??o entre 66-69 centavos por libra-peso.
Em agosto, a companhia informou que pretende ampliar o plantio de algod?o para quase 40 mil hectares, ante 35,9 mil hectares na temporada anterior.
PLANOS MANTIDOS
O atraso nas chuvas para o plantio em Mato Grosso est? sendo monitorado de perto, mas a quest?o clim?tica por ora n?o muda os planos da Terra Santa Agro, que vai plantar todo seu algod?o na segunda safra, ap?s a colheita da soja.
O cumprimento do cronograma da soja, cujo plantio j? foi iniciado pela companhia, ? importante para a cultura do algod?o, uma vez que a fibra precisa ser semeada em janeiro, aproveitando o melhor regime de chuvas.
No caso da soja, a ?rea plantada projetada ter? redu??o para 80,7 mil hectares, ante 91 mil hectares na temporada anterior.
O plantio de soja, disse Teodoro Jr., foi iniciado no dia 22 de setembro em Mato Grosso, maior Estado produtor do Brasil, onde a companhia conta com sete unidades.
Segundo ele, a Terra Santa prev? terminar o m?s de setembro com plantio de 10 mil a 12 mil hectares de soja, ante cerca de 14 mil hectares em setembro de 2018.
O milho, tamb?m cultivado na segunda safra, ter? um plantio menor que no ano passado, e deve ocupar quase 24 mil hectares.
OPORTUNIDADES
A empresa, que conseguiu reduzir em 14,9% o endividamento banc?rio ao final do segundo trimestre, ante mar?o de 2019, para 731,6 milh?es de reais, avalia que a baixa da taxa Selic para m?nimas hist?ricas abre oportunidades para vendas de ativos.
'As pessoas est?o buscando outras oportunidades de investimentos, e ativos reais v?o se valorizar, o pre?o da terra vai come?ar a subir ', disse Teodoro Jr.
A companhia, que planeja vender uma fazenda avaliada em 40 milh?es de reais, v? a conjuntura econ?mica ajudando no fechamento de um bom neg?cio.
A Terra Santa, que tem entre seus principais acionistas a Bonsucex, do investidor S?lvio Tini, com 40% de participa??o, a Laplace, de Renato Carvalho, com mais de 20%, e a G?vea Investimentos, de Arm?nio Fraga, est? se preparando para captar as oportunidades de mercado.
Segundo o diretor-presidente, problemas de inadimpl?ncia e uma onda de recupera??es judiciais entre os produtores de gr?os aumentaram a oferta de cr?dito para tomadores mais s?lidos, podendo ainda impulsionar uma consolida??o no segmento de gr?os.
'Quem tem acesso a mercado de capitais, tem a chance de ser um consolidador', afirmou ele, evitando elaborar sobre o assunto.
Escrito por Redação
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