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ENTREVISTA-Zerar taxa da soja e milho é viável e pode segurar preço, diz Conab

Placeholder - loading - 29/10/2019 REUTERS/Bryan Woolston
29/10/2019 REUTERS/Bryan Woolston

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Por Roberto Samora

S?O PAULO (Reuters) - Para lidar com a disparada de pre?os de produtos agr?colas muito consumidos no mercado interno e exportados, como a soja e milho, o Brasil deveria zerar a tarifa de importa??o, defendeu o presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ressaltando que esse movimento ? vi?vel, mas a decis?o cabe ao conselho interministerial da Camex.

Em entrevista ? Reuters ap?s a Camex zerar na v?spera a Tarifa Externa Comum (TEC) para uma cota de 400 mil toneladas de arroz, Guilherme Bastos considerou que a compra sem taxa em outros pa?ses fora do Mercosul vai ser efetiva para a redu??o de pre?os do arroz, diferentemente do que acreditam produtores, e poderia ter efeitos semelhantes em outros mercados, caso medidas nesse sentido fossem tomadas.

Questionado se uma redu??o da tarifa de 8% ser? necess?ria para a soja e o milho, produtos que tamb?m est?o com pre?os em n?veis historicamente altos, aumentando os custos das ind?strias brasileiras de prote?nas animais, ele disse n?o ver nenhum problema neste movimento.

'A soja que poderia vir dos Estados Unidos, se a TEC cair, a soja pode vir com mais for?a, poderia ser o momento, eles (americanos) est?o come?ando a colher, e v?o colher uma boa safra. Por que n?o deixar neste momento este fluxo internacional trabalhar?', afirmou Bastos, admitindo que o racioc?nio tamb?m vale para o milho.

No caso da soja, os altos pre?os acima de 135 reais a saca de 60 kg tamb?m est?o interferindo no mercado de combust?veis, com o governo reduzindo temporariamente a mistura de biodiesel no diesel 12% para 10%, para garantir oferta.

Importa??es de soja pelo Brasil-- maior produtor e exportador global que enfrenta oferta restrita ap?s embarques recordes, especialmente para a China-- poderiam evitar, por exemplo redu??es na mistura.

'Se alguma esmagadora, se precisar e achar que a soja l? fora est? mais barata, isso vai ser bom para dar uma segurada nos pre?os', ressaltou Bastos.

Para o presidente da Conab, se a TEC da soja fosse retirada, 'j? traria uma boa competitividade da soja norte-americana aqui'.

'Isso n?o vai dar problema no mercado, tem pr?mios muito bons para o ?leo, o biodiesel, e, se est? fechando a conta, o cara vai trazer, se n?o estiver fechando, as plantas (de esmagamento) fecham e vamos passar para manuten??o, antecipam a manuten??o.'

O Brasil deve encerrar o m?s de setembro com exporta??es de cerca de 80 milh?es de toneladas de soja no acumulado do ano, um volume muito perto dos patamares hist?ricos de cerca de 83 milh?es vistos em 12 meses de 2018, ap?s uma concentra??o mais forte de embarques no primeiro semestre.

No milho, tamb?m com uma safra recorde, o Brasil est? agora na temporada de exporta??es, e os embarques dever?o ser fortes ap?s o c?mbio atingir patamares hist?ricos na primeira metade do ano, deixando o produto brasileiro mais barato para o importador, algo que tamb?m impulsionou exporta??es de outras mercadorias, como o arroz.

FRONTEIRAS ABERTAS

A redu??o da TEC para a soja e o milho chegou a ser discutida no m?s passado pelo governo, como forma de controlar os pre?os, mas n?o h? not?cia de que a Camex tenha apreciado o tema na reuni?o que reduziu a tarifa para o arroz.

Contudo, de acordo com o presidente da Conab, a solu??o para lidar com essa situa??o, gerada por um choque de demanda, ? deixar as 'fronteiras abertas', algo permitido em momentos como esse pelo acordo do Mercosul.

Ao mesmo tempo, o presidente da Conab refutou ideias 'ultrapassadas' de controle de pre?os e taxa??o de exporta??o que, segundo ele, surgem em conjunturas como essa.

Da mesma forma, ele acredita que o retorno ? pol?tica de estoques reguladores do governo como forma de limitar altas de pre?os n?o seria efetivo e teria um alto custo para a sociedade --nos ?ltimos anos, o governo reduziu fortemente seus estoques.

'Quanto a gente consome de gr?os entre soja, milho, arroz e trigo... estamos falando no m?nimo de 140 milh?es de toneladas anualmente no mercado interno. E a? a gente pergunta: qual seria o n?vel de estoque necess?rio nas m?os do governo para regular pre?o e a que custo isso sairia para a sociedade?'

Segundo ele, vendo o tamanho da produ??o brasileira, de cerca de 250 milh?es de toneladas, e o consumo de gr?os, 'a mensagem ? clara'.

'O governo tem que estar fora de estoque regulador', afirmou, acrescentando que a Conab tem atualmente uma dota??o or?ament?ria para a pol?tica de garantia de pre?os m?nimos, de cerca de 1,4 bilh?o de reais, para ser utilizada para compras p?blicas e outras pol?ticas quando os pre?os caem abaixo dos custos de produ??o agr?cola.

Bastos comentou ainda que o brasileiro n?o tem o h?bito de substituir produtos mais caros por outros mais baratos, e que a Conab est? fazendo estudos sobre o assunto, o que poderia atenuar uma press?o de demanda para as cota??es.

'Tem que haver substitui??o para outros produtos alternativos, se o arroz tipo 1 est? car?ssimo, tem que ir para o tipo 2... tem que dar op??es mais baratas, e se estiver caro, tem que ir para outro tipo de carboidrato, a batata, por exemplo'.

Da mesma forma, disse ele, tamb?m h? substitutos para o milho.

'Tem o sorgo e o DDG de milho (gr?o seco por destila??o) entrando no mercado. O pessoal fica nessa afoba??o, mas qualquer entrada mais pesada do governo em termos de controle pode gerar efeitos delet?rios muito piores no ano que vem.'

(Por Roberto Samora)

Escrito por Reuters

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