Envolvidos em disputas internas de poder, líderes tucanos evitam apoio explícito a Haddad

Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - O candidato do PT ? Presid?ncia, Fernando Haddad, conversou nos ?ltimos dias com alguns dos principais l?deres do PSDB para tentar um apoio mais expl?cito ? sua candidatura mas, em meio a uma disputa interna pelo controle do partido, os tucanos est?o evitando declara??es em favor do petista, disse ? Reuters uma fonte que acompanhou os di?logos.

Haddad telefonou na segunda-feira para o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para uma conversa 'institucional'. Segundo o pr?prio candidato, falaram sobre os 'riscos para a democracia' causados pela candidatura de Jair Bolsonaro (PSL). No mesmo dia, FHC havia criticado duramente em sua conta no Twitter o discurso de Bolsonaro em que o candidato havia dito que seus opositores iriam para a cadeia ou para o ex?lio.

O petista revelou tamb?m que conversou com o senador Tasso Jereissati (CE), ex-presidente do partido. De acordo com a fonte, Haddad falou ainda com o ex-governador Geraldo Alckmin, atual presidente do partido e candidato tucano ? Presid?ncia derrotado no primeiro turno.

As conversas, disse a fonte, foram boas, mas sem promessas de apoio expl?cito a Haddad. N?o por problemas com o petista, mas por quest?es internas tucanas.

Um apoio aberto ao PT enfraqueceria a posi??o desses tucanos de alto escal?o na disputa pelo controle do partido e abriria espa?o para um crescimento do candidato do PSDB ao governo de S?o Paulo, Jo?o Doria, que declarou apoio a Bolsonaro no segundo turno da disputa paulista, e para o escanteamento do grupo mais moderado da legenda.

O temor no partido ? que, se Doria vencer a elei??o em S?o Paulo, o neotucano se fortale?a o suficiente para escantear Alckmin da presid?ncia do PSDB e levar a sigla ainda mais para a direita. Um erro de c?lculo agora, com Alckmin e seu grupo dando apoio a Haddad, pode enfraquecer ainda mais sua posi??o.

Nesta quarta, o ex-presidente do PSDB Alberto Goldman --inimigo declarado de Doria, e que foi alvo de uma tentativa do ex-prefeito de expuls?-lo do partido-- declarou publicamente voto em Haddad.

O tucano disse que pretendia n?o votar em ningu?m, mas o discurso de Bolsonaro feito domingo, por videoconfer?ncia para uma manifesta??o a seu favor, levou Goldman a reconsiderar.

'Do outro lado est? a direita raivosa. O discurso de domingo o candidato veio de forma t?o raivosa, t?o inaceit?vel, dizendo que as pessoas suas advers?rias poderiam ser banidas, seriam presos e apodreceriam na pris?o, uma linguagem absurda', disse Goldman em um v?deo distribu?do nas redes sociais.

'A? cheguei ? conclus?o que n?o estou disposto a pagar para ver. E contra minha vontade, contra meus princ?pios e contra esses anos todos de luta contra o PT, vou acabar votando em Haddad.'