Capa do Álbum: Antena 1
A Rádio Online mais ouvida do Brasil
Antena 1
Ícone seta para a esquerda Veja todas as Notícias.

ESPECIAL-Explosão de caixas eletrônicos vira rotina no Brasil e desafia bancos

Placeholder - loading - Imagem da noticia "ESPECIAL-Explosão de caixas eletrônicos vira rotina no Brasil e desafia bancos"

Publicada em  

Atualizada em  

Por Carolina Mandl

S?O PAULO (Reuters) - Mais de duas d?zias de homens altamente armados invadiram o centro da cidade paulista de Guararema numa madrugada do in?cio deste m?s, despertando os moradores com o som de explos?es e tiros.

Com fuzis de alta pot?ncia, coletes a prova de balas e v?rios quilos de dinamite, a quadrilha parou em frente ? principal delegacia da cidade. Em seguida, instalou-se em uma ag?ncia banc?ria vizinha do Banco do Brasil, quebrando janelas e portas com barras de ferro.

Em um ataque coordenado ?s 3 horas da manh?, outros membros de gangues atacaram uma filial do Santander Brasil, a duas quadras de dist?ncia. Eles explodiram os dois bancos com dinamites em uma tentativa de pegar o dinheiro de caixas eletr?nicos e cofres.

Tais ataques se tornaram comuns no Brasil: no ano passado, uma m?dia de dois bancos ou caixas eletr?nicos foram explodidos por dia, principalmente em pequenas cidades sem grande presen?a policial.

Cada caixa eletr?nico costuma ter quatro caixas que armazenam at? 2.700 notas cada uma, o que significa que um caixa eletr?nico recheado com notas de 100 reais pode render at? 1 milh?o de reais. Ladr?es de banco munidos de dinamite - trabalhando rapidamente - muitas vezes explodem v?rios caixas eletr?nicos em cada banco ou v?o diretamente para seus cofres centrais.

Para combater os ataques, os bancos brasileiros t?m investido em tecnologia anti-roubo, indo de caixas eletr?nicos super equipados a c?meras de reconhecimento facial. Quando tudo isso falha ou os custos se tornam proibitivos, os bancos fecham as ag?ncias. O resultado ? que algumas cidades n?o t?m mais f?cil acesso a servi?os financeiros em um pa?s que j? possui uma propor??o maior de cidad?os n?o-bancarizados do que a China ou a ?ndia.

'O crime busca oportunidades', disse Rafael Alcadipani da Silveira, especialista em seguran?a p?blica da Funda??o Getulio Vargas. 'No Brasil, o crime organizado ? muito forte, a seguran?a nas pequenas cidades ? fraca e os ataques aos bancos viram um crime f?cil de se cometer.'

No ataque aos banco em Guararema, a pol?cia perseguiu a quadrilha at? uma estrada pr?xima, onde os dois lados trocaram tiros. A pol?cia informou que 11 membros de gangues foram mortos na a??o que impediu os bandidos de roubarem o dinheiro.

SEM SERVI?OS BANC?RIOS

Os bancos brasileiros, que gastam 2,3 bilh?es de d?lares em seguran?a a cada ano, ou cerca de 12 por cento das despesas dos cinco maiores bancos de varejo do pa?s sem contar sal?rios, avan?aram contra as quadrilhas.

Os ataques a bancos com dinamite ca?ram 20 por cento no ano passado em rela??o a 2017, para 758, de acordo com reportagens e registros policiais compilados por uma associa??o de trabalhadores de seguran?a privada, conhecida como Contrasp. A contagem, que tem diminu?do constantemente desde 2014, n?o captura a escala de ataques como o de Guararema.

Enquanto os criminosos antes explodiam caixas autom?ticos instalados individualmente nas ruas, os bancos agora transferiam suas m?quinas para ag?ncias banc?rias. Agora, os assaltantes explodem de uma s? vez diversos caixas eletr?nicos dentro de uma ag?ncia, o que aparece nas estat?sticas como apenas um ?nico ataque. (Gr?fico: https://tmsnrt.rs/2VLM9z9) https://tmsnrt.rs/2GoSfQF)

A mudan?a de t?tica ilustra como as quadrilhas est?o se ajustando ao contra-ataque de seguran?a dos bancos, alertou Leandro Vilaim, diretor de neg?cios e opera??es da federa??o nacional de bancos, Febraban.

'N?o h? bala de prata', disse ele. 'Essas medidas s?o de curta dura??o porque os ataques est?o sempre mudando na natureza. Quando os bancos apertam os bandidos de um lado, eles encontram uma nova sa?da de outro.'

Caixas eletr?nicos vendidos no Brasil, ao pre?o de at? 150 mil reais cada, custam aproximadamente o dobro dos Estados Unidos.

Isso reflete o pre?o de tecnologias mais resistentes a ataques, incluindo cofres resistentes a explos?es, tinta que mancha c?dulas quando m?quinas de dinheiro s?o dinamitadas e uma m?dia de dez sensores que respondem a diversos tipos de ataques.

'Os ATMs brasileiros s?o t?o fortes que, se o pa?s fosse bombardeado em uma guerra, s? sobrariam baratas e caixas eletr?nicos', disse Vilaim.

Outras medidas incluem sirenes ensurdecedoras, luzes estrobosc?picas e at? mesmo nebulizadores tradicionalmente usados em boates, instalados para atrapalhar o ataque dos ladr?es. O Ita? Unibanco, por exemplo, est? investindo em c?meras que podem identificar ladr?es que chegam ?s ag?ncias usando m?scaras.

Se tudo isso falhar, h? uma medida mais dr?stica: o fechamento das ag?ncias banc?rias - uma solu??o que est? deixando um n?mero crescente de pequenas cidades brasileiras sem um ?nico banco ou caixa eletr?nico.

Cerca de 200 cidades que tinham pelo menos uma ag?ncia banc?ria em 2016 agora n?o t?m nenhuma, de acordo com o Banco Central. Isso ?s vezes ? o resultado do corte normal de custos das institui??es financeiras, mas, em muitos casos, um resultado direto de v?rios roubos na mesma ag?ncia, segundo executivos do setor. V?rios promotores t?m aberto processos contra os bancos, buscando reabrir as ag?ncias.

'A principal queixa nessas cidades vem dos comerciantes. As pessoas n?o t?m dinheiro para comprar coisas, ent?o isso afeta a economia local', disse Glauber Tatagiba, promotor estadual de Minas Gerais, que entrou com alguns processos.

A cidade de Minduri (MG), por exemplo, perdeu sua ?nica ag?ncia banc?ria, do Banco do Brasil, em julho, for?ando seus 4 mil moradores a terem que viajar 22 quil?metros para o munic?pio vizinho de S?o Vicente de Minas quando precisam fazer uma transa??o banc?ria.

Meses depois de Minduri ficar sem banco, ladr?es explodiram a ag?ncia banc?ria de S?o Vicente de Minas, de modo que os clientes tiveram que percorrer 33 quil?metros na dire??o oposta, para o banco mais pr?ximo em Cruz?lia, cuja ag?ncia havia reaberto recentemente ap?s uma explos?o.

'? uma situa??o dif?cil, especialmente para os aposentados, que precisam viajar para retirar dinheiro, j? que poucos comerciantes aceitam cart?es aqui', disse Lucas Magalh?es, funcion?rio municipal de Minduri.

CARROS BLINDADOS E FUZIS

O que diferencia o Brasil de outras regi?es onde caixas eletr?nicos s?o atacados, como em partes da Europa e da ?frica, ? a frequ?ncia dos ataques, de acordo com especialistas em seguran?a, juntamente com o explosivo de escolha dos criminosos brasileiros.

Em outras partes do mundo, g?s explosivo ? geralmente usado para explodir caixas eletr?nicos. Mas as quadrilhas no Brasil mostraram uma prefer?ncia por dinamite, geralmente roubada de empresas de minera??o e canteiros de obras.

Uma banana de dinamite estrategicamente colocada em um caixa eletr?nico pode fazer milhares de c?dulas voarem em segundos, prontas para serem ensacadas pelos bandidos. A prepara??o para o crime, no entanto, leva muito mais tempo, j? que os ladr?es cuidadosamente montam grupos de pelo menos 10 pessoas, cada uma com sua especialidade.

As quadrilhas t?m equipamento militar de alta pot?ncia, muitas vezes incluindo coletes ? prova de balas, carros blindados e rifles de calibre .50, disse o delegado Pedro Ivo dos Santos, que lidera a for?a-tarefa contra assaltos a banco no Departamento Estadual de Investiga??es Criminais (Deic) do Estado de S?o Paulo.

O pre?o de tal arsenal ? de cerca de 400 mil reais, mas muitas vezes os equipamentos s?o roubados ou de segunda m?o. Muitos departamentos de pol?cia n?o t?m recursos para competir.

Cada integrante de uma quadrilha que ataca um caixa eletr?nico tem tarefas espec?ficas para executar durante o crime, que normalmente leva cerca de quatro minutos. Alguns espalham metais pontiagudos pelas ruas pr?ximas para furar os pneus de carros de pol?cia, os chamados 'miguelitos', por exemplo, enquanto outros se especializam em abrir os caixas eletr?nicos e inserir dinamite.

'O bombardeio de caixa eletr?nico ? apenas a ponta do iceberg. Os ladr?es geralmente come?am roubando bancos e depois usam os recursos para financiar o tr?fico de drogas, em um movimento que eles v?em como uma promo??o de carreira', disse o delegado Santos.

Escrito por Redação

Últimas Notícias

  1. Home
  2. noticias
  3. especial explosao de caixas …

Este site usa cookies para garantir que você tenha a melhor experiência.