Câmbio está indo para lugar real e novo PAC seria cavar buraco mais fundo, diz Guedes
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou nesta quarta-feira que o c?mbio est? indo para seu 'lugar real', o que ajuda a proteger a ind?stria brasileira, e refor?ou ter o apoio do presidente Jair Bolsonaro para seguir em frente com a mesma agenda de pol?tica econ?mica que sempre defendeu.
Em conversa virtual promovida pela Mercado & Consumo, entidade ligada ao varejo, Guedes avaliou que ir adiante com um novo programa nos moldes do Programa de Acelera??o do Crescimento (PAC), gestado em governos petistas, seria cavar um buraco mais fundo.
Guedes tamb?m ponderou que a taxa b?sica de juros pode cair ainda mais caso o governo sinalize que prosseguir? no caminho das reformas estruturantes, o que abrir? o caminho para que o pa?s gaste menos com juros da d?vida p?blica.
Cada corte de 1 ponto na Selic implica economia de 80 bilh?es de reais, disse o ministro.
'Agora o juro ? baixo e o c?mbio est? l? em cima, pra proteger a ind?stria brasileira, pra proteger a substitui??o de importa??es, mas em mercado. N?o estamos dando subs?dio, nada disso', afirmou ele.
'N?s estamos deixando o c?mbio ir para o lugar real, para o lugar de equil?brio dele. Antigamente o Brasil pisava no freio monet?rio e soltava o fiscal. Ent?o o juro de equil?brio ? l? em cima e o c?mbio de equil?brio ? l? embaixo. N?s mudamos esse modelo. Agora o aperto ? fiscal e deixa mais solto o monet?rio.'
O ministro pontuou que os juros est?o 'baix?ssimos', mas podem cair mais 'se o modelo estiver refor?ado'.
'O Brasil nunca viu isso na vida, juros caindo abaixo de 3%', afirmou.
Atualmente, a Selic est? em 3,75% e o Banco Central se re?ne na pr?xima quarta-feira para sua nova decis?o de pol?tica monet?ria.
A expectativa de mercado ? de novo corte na taxa, mas parte dos agentes calibrou suas apostas em dire??o a uma redu??o mais modesta ap?s o governo ter anunciado na semana passada um plano para a retomada da economia --o Pr?-Brasil-- baseado em grandes obras de infraestrutura, incluindo investimentos p?blicos, o que vai diametralmente contra a vis?o de Guedes.
'Os senhores viram a confus?o que foi a semana passada se voc? desvia do caminho de reformas estruturais que v?o trazer o crescimento', disse o ministro nesta manh?.
Segundo Guedes, ? natural que o general Braga Netto, que comanda a Casa Civil, esteja recebendo todos os programas setoriais, mas ele frisou que cabe ao Minist?rio da Economia dizer o que ? vi?vel executar, em termos de recursos.
Guedes exemplificou que o pedido do ministro da Infraestrutura, Tarc?sio Freitas, de mais 4 bilh?es de reais por ano no or?amento da sua pasta --que ? de 8 bilh?es anuais-- ? 'relativamente f?cil de atender'. Mas ele sublinhou que n?o s?o esses recursos que 'v?o botar o Brasil para voar'.
'N?s j? sabemos que a retomada do crescimento vir? pelo investimento privado porque o caminho do investimento p?blico, o PAC, j? foi seguido e j? deu errado', disse.
'Se voc? cavou o buraco, foi para o fundo do po?o atrav?s exatamente dessas obras p?blicas indiscriminadas, a solu??o para sair do buraco n?o pode ser cavar mais fundo, n?o pode ser repetir a mesma estrat?gia, fazer um novo PAC.'
O ministro defendeu que a retomada deve passar pela aprova??o da lei de saneamento, regulamenta??o do setor de petr?leo e g?s e pela simplifica??o e redu??o dos impostos. Em rela??o a este ?ltimo t?pico, inclusive, ele voltou a dizer que os impostos sobre a folha de pagamento destr?em a cria??o de empregos.
Citando seu secret?rio especial de Desestatiza??o, Salim Mattar, Guedes afirmou que mesmo com o pre?o dos ativos afetados pela crise ligada ao coronav?rus, o Brasil tem ativos imobili?rios de 1 trilh?o de reais e empresas estatais de 900 bilh?es de reais.
'Imaginem 1 trilh?o de reais quase de empresas e mais um trilh?o de reais em im?veis e uma d?vida de 4 (trilh?es). Dois trilh?es de reais ele (Brasil) tem, se ele acelerar as privatiza??es, acelerar as desestatiza??es, se acelerar a venda de im?veis, ele pode reduzir bastante isso', afirmou.
Guedes tamb?m disse que o pa?s possui reservas internacionais de quase 2 trilh?es de reais, considerando o patamar atual do d?lar.
At? o ?ltimo dia 17, as reservas somavam 341 bilh?es de d?lares. O d?lar, por sua vez, operava na casa de 5,38 reais nesta sess?o.
'S?o ativos contra resto do mundo, n?o d? pra fazer estrada no Brasil com reserva internacional', pontuou ele.
'Mas n?s podemos tamb?m reduzir um pouco as reservas que temos', completou o ministro, destacando que o expediente foi utilizado no ano passado e ajudou a reduzir a d?vida bruta.
MESMO LUGAR
Em meio a ru?dos que teria perdido for?a no cargo, Guedes disse nesta quarta-feira que est? 'absolutamente igual' e que segue com a mesma energia e determina??o, com apoio do presidente Jair Bolsonaro.
O ministro fez men??o a uma estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 6% este ano, sem especific?-la, mas ponderou que o c?lculo pressupunha que uma contra??o de 2% viria somente pelo choque externo por conta da crise, sendo que esse efeito ainda n?o apareceu.
Segundo Guedes, as quedas nas exporta??es para Estados Unidos, Argentina e, em menor grau, para a Europa est?o sendo compensadas pelo aumento das exporta??es do agroneg?cio para ?sia, particularmente China.
'? ineg?vel que o isolamento social come?a a desarticula??o da economia, a velocidade de sa?da da crise vai depender de mantermos os sinais vitais', disse ele, frisando a import?ncia da safra, do escoamento da produ??o e da manuten??o da cadeia de pagamentos na economia.
AJUDA A ESTADOS
O ministro tamb?m afirmou que a ajuda da Uni?o a Estados e munic?pios ser? de 120 bilh?es a 130 bilh?es de reais e que sair? em breve, com o texto sendo formatado pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP).
Alcolumbre, que ? relator do projeto, apoiou a inten??o do governo de promover o congelamento dos sal?rios do funcionalismo por 18 meses como contrapartida ? inje??o de recursos aos entes subnacionais, disse Guedes.
'Se vamos mandar 120, 130 bilh?es em alta velocidade para Estados e munic?pios, esse dinheiro n?o pode virar aumento de sal?rio', defendeu.
O ministro n?o especificou o que o valor contemplava ou se todo o montante seria em inje??o direta de recursos pelo Tesouro.
Quando a equipe econ?mica prop?s a transfer?ncia de 40 bilh?es aos entes pela perda de arrecada??o futura, sinalizou tamb?m a suspens?o de pagamentos de d?vidas junto ? Uni?o, Caixa Econ?mica Federal e Banco Nacional de Desenvolvimento Econ?mico e Social (BNDES), elevando o pacote de ajuda a 77,4 bilh?es de reais.
Considerando outras medidas j? anunciadas no in?cio da pandemia, o time econ?mico calculou ? ?poca que todo o socorro somava 127,3 bilh?es de reais.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO