Estoque de crédito no Brasil avança 2,9% em março puxado por apetite de empresas
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O estoque total de cr?dito no Brasil subiu 2,9% em mar?o sobre fevereiro, a 3,587 trilh?es de reais, puxado pelo apetite das empresas num m?s marcado pelos primeiros impactos do isolamento social adotado para refrear a pandemia do coronav?rus.
Segundo dados do Banco Central divulgados nesta ter?a-feira, o saldo de financiamentos no pa?s passou com isso a 48,9% do Produto Interno Bruto (PIB), ante 47,7% no m?s anterior.
Entre as pessoas jur?dicas, o aumento do cr?dito foi de 6,4% em mar?o sobre fevereiro, enquanto entre as pessoas f?sicas o aumento foi de apenas 0,3%.
Olhando apenas o cr?dito com recursos livres, em que as taxas s?o livremente pactuadas entre bancos e tomadores, houve crescimento de 9,9% para empresas e de 0,1% para pessoas f?sicas.
Isso ocorreu a despeito dos relatos de empresas, em especial das de menor porte, da dificuldade de acesso a cr?dito e encarecimento de linhas em meio ? cautela dos bancos por causa do quadro de incertezas trazido pelo surto de Covid-19.
Em coletiva virtual de imprensa, o chefe do Departamento de Estat?sticas do BC, Fernando Rocha, afirmou que os dados divulgados nesta ter?a-feira abarcam apenas as opera??es efetivamente realizadas. Por isso, n?o ? poss?vel saber se houve uma demanda maior no per?odo, com pedidos de empr?stimos sendo negados pelas institui??es financeiras.
Pelas estat?sticas, tampouco ? poss?vel precisar se os financiamentos fechados pelos bancos foram os requisitados pelas grandes empresas, j? que n?o h? esse detalhamento na nota de cr?dito do BC, completou ele.
Por outro lado, Rocha chamou aten??o para a alta na concess?o de cr?dito em modalidades ligadas a aumento do fluxo de caixa devido ? necessidade das empresas de ter mais recursos para superar per?odos dif?ceis ? frente, num reflexo da crise.
No capital de giro para prazo inferior a 365 dias, por exemplo, as concess?es subiram 148,9% em mar?o sobre fevereiro.
O m?s tamb?m foi marcado pelo crescimento das concess?es a empresas em modalidades de cr?dito ligadas ao com?rcio exterior, como adiantamentos sobre contratos de c?mbio (ACC) e financiamentos a exporta??es, que subiram 297,8% e 265,9%, respectivamente.
Nesse caso, Rocha ponderou que, com o d?lar subindo 15,6% em mar?o sobre fevereiro, a mesma quantidade de d?lares que os exportadores tinham passou a servir de garantia para opera??o de cr?dito em valor maior.
'Isso estimula os exportadores a, no caso do ACC, fechar os contratos de c?mbio e aqui (financiamento a exporta??es) a fazerem as opera??es de cr?dito', afirmou.
Com a valoriza??o do d?lar frente ao real no m?s, subiram tamb?m as concess?es ?s empresas que s?o impactadas pela varia??o cambial, com destaque para os repasses externos, com alta de 17,1% no per?odo, destacou o BC.
No primeiro trimestre, a alta geral do cr?dito no pa?s foi de 3,1% e, em 12 meses, de 9,6%.
Para este ano, o BC previu no fim de mar?o um crescimento do cr?dito no pa?s de 4,8%, sobre c?lculo de 8,1% feito em dezembro, tendo como pano de fundo um PIB est?vel este ano. Mas o presidente do BC, Roberto Campos Neto, j? admitiu que a atividade econ?mica deve sofrer uma contra??o em 2020 em decorr?ncia da crise com o Covid-19.
Em rela??o ao custo dos financiamentos no pa?s, os juros m?dios ca?ram a 33,2% em mar?o, contra 34,1% no m?s anterior, dado que considera apenas o segmento de recursos livres.
O spread, que mede a diferen?a entre a taxa de capta??o dos bancos e a cobrada a seus clientes, foi de 27,5 pontos no mesmo per?odo, queda de 1,4 ponto sobre fevereiro.
Por sua vez, a inadimpl?ncia em recursos livres ficou est?vel em 3,8%.
PROVIS?ES EM LIGEIRA QUEDA
Apesar do acirramento das preocupa??es com o impacto do coronav?rus na economia, os bancos diminu?ram na margem seu n?vel de provis?es em mar?o em rela??o a fevereiro.
Entre as institui??es p?blicas, o percentual de provis?es caiu 0,1 ponto percentual, a 5,6%. Entre as privadas nacionais e estrangeiras, o recuo foi de 0,2 ponto, a 7,9% e 4,7%, respectivamente.
Questionado se isso n?o denotava que os bancos ainda n?o tinham sido afetados pela crise, Rocha avaliou que os n?meros n?o apontam nada que seja 'significativo economicamente'.
'O crescimento da carteira (dos bancos) deve ter sido, pela magnitude que a gente viu, mais acelerado que a necessidade de provis?es que ele gerou', opinou ele, acrescentando que algumas linhas que tiveram um boom de concess?es em mar?o, como ACC e financiamento a exporta??es, possuem garantia boa e, por isso, tendem a demandar menor n?vel de provis?o.
Escrito por Reuters
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