EUA esperam abocanhar 80% da cota livre de tarifa para trigo do Brasil

Por Marcelo Teixeira

SAO PAULO (Reuters) - A US Wheat Associates, grupo que representa a ind?stria de trigo dos Estados Unidos, busca ficar com 80 por cento da cota de importa??o de trigo livre de tarifa de 750 mil toneladas do Brasil, disse Vince Peterson, presidente do grupo.

Peterson lidera uma delega??o de produtores e comerciantes de trigo dos EUA que visitam moinhos brasileiros de trigo e processadores de alimentos esta semana, para avaliar o potencial de vendas para os pr?ximos meses, quando a cota livre de tarifas para compras de fora do Mercosul for implementada.

O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou a cota livre de tarifas durante sua visita a Washington no m?s passado. Ela tamb?m se aplica a outros fornecedores, como a R?ssia.

Atualmente, qualquer venda de trigo dos EUA para o Brasil, um dos maiores importadores mundiais do cereal, est? sujeita a uma tarifa de importa??o de 10 por cento, enquanto as vendas argentinas entram sem impostos, uma vez que o pa?s integra o Mercosul.

'Isso faz a diferen?a. Dez por cento em uma commodity de 250 d?lares por tonelada ? um diferencial bastante significativo para os compradores', disse Peterson ? Reuters, na quarta-feira.

Os Estados Unidos s?o fornecedores de trigo ao Brasil de longa data. Costumavam vender quantidades muito grandes nos anos 60 e 70.

Naquela ?poca, lembrou Peterson, o pa?s sul-americano comprava tanto trigo duro (HRW, vermelho duro de inverno) que o produto era conhecido no mercado como 'Brazil spec'.

Com a crescente produ??o da Argentina, associada ? vantagem do Mercosul, o pa?s vizinho ficou com o maior mercado.

Atualmente, os EUA fornecem cerca de 300 mil a 400 mil toneladas em um ano normal. Isso pode aumentar muito se a safra brasileira ou argentina tiver problemas.

O Brasil importa cerca de 6 milh?es de toneladas de trigo por ano, aproximadamente metade do seu consumo. Apesar de ser uma pot?ncia agr?cola, o pa?s carece de ?reas suficientes com o clima temperado ideal para o cultivo de trigo.

Peterson espera competi??o por essa cota livre de tarifas, particularmente da R?ssia, que expandiu sua presen?a no mercado global de trigo nos ?ltimos anos com o aumento da produ??o e os pre?os relativamente baixos.

Ele acha que o produto dos EUA, no entanto, tem vantagens tanto em log?stica quanto em qualidade.

'Os moinhos brasileiros est?o acostumados com o nosso produto, sabem muito bem como trabalhar com suas especifica??es', afirmou.

O Minist?rio da Economia do Brasil est? finalizando a regulamenta??o sobre a cota. A Abitrigo, uma associa??o local de moinhos de trigo, espera que ela possa ser implementada em breve, para que os processadores brasileiros possam ter mais op??es no mercado.