EXCLUSIVO-Brasil muda tradição diplomática e deve votar contra condenação de embargo a Cuba na ONU

Por Lisandra Paraguassu e Anthony Boadle

BRAS?LIA (Reuters) - O Brasil deve votar contra a resolu??o da Organiza??o das Na??es Unidas que condena e pede o fim do embargo norte-americano a Cuba, alterando uma posi??o diplom?tica adotada desde 1992, quando a ONU votou pela primeira vez pela condena??o ao embargo, disseram ? Reuters fontes que acompanham o tema de perto.

A resolu??o ser? votada na quinta-feira na plen?ria da Assembleia-Geral da ONU. De acordo com duas das fontes ouvidas pela Reuters, ?s v?speras de ter que apresentar seu voto, o embaixador Mauro Vieira, chefe da miss?o permanente do Brasil na ONU, ainda tenta convencer Bras?lia a pelo menos optar pela absten??o.

'Essa mudan?a ? muito prov?vel, embora n?o tenha sido anunciada ainda', disse uma das fontes ouvidas pela Reuters sobre o assunto.

A mudan?a se deve mais ? tentativa do governo de Jair Bolsonaro em refor?ar o alinhamento ideol?gico com o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, do que uma revis?o fundamentada da posi??o diplom?tica brasileira.

Uma alta fonte diplom?tica ouvida pela Reuters explica que a posi??o brasileira sempre se baseou no que considera uma defesa dos interesses brasileiros na quest?o, e n?o em tomar partido entre um e outro lado.

'Se o governo dos Estados Unidos quer fazer um embargo unilateral, o problema ? deles. O problema ? quando eles usam a legisla??o interna contra agentes econ?micos de terceiros pa?ses que comerciam com Cuba. Isso violaria nossa soberania ao punir nossas empresas pela legisla??o interna americana', explicou a fonte.

A fabricante brasileira de cigarros Souza Cruz, pertencente ? British American Tobacco PLC, tem uma joint-venture em Havana que produz a maioria dos cigarros em Cuba.

A resolu??o condenando o embargo ? apresenta pela Assembleia-Geral desde 1992. Em 2018, foi aprovada por 189 pa?ses, com votos contr?rios apenas dos Estados Unidos e de Israel, e sem os votos de Mold?via e Ucr?nia.

Bolsonaro, que costuma elogiar a ditadura militar brasileira, tem criticado a pol?tica anterior em rela??o a Cuba e disse que iria investigar empr?stimos do Brasil ? ilha.

Em seu discurso na Assembleia-Geral da ONU em setembro, Bolsonaro afirmou que um plano de Castro, Hugo Ch?vez e Lula para estabelecer o socialismo na Am?rica Latina ainda est? vivo e precisa ser combatido.

Um porta-voz do Minist?rio das Rela??es Exteriores disse que o Brasil n?o comentaria a respeito da resolu??o sobre o embargo a Cuba antes de sua vota??o.