EXCLUSIVO-Habilitação de frigoríficos do Brasil para exportação à China é paralisada por coronavírus

Por Jake Spring e Ana Mano

BRAS?LIA (Reuters) - A China n?o aprovou nenhum novo frigor?fico brasileiro para exporta??o neste ano devido ? epidemia de coronav?rus e todas as habilita??es est?o suspensas at? um al?vio na crise de sa?de p?blica, disse ? Reuters uma autoridade do Minist?rio da Agricultura.

A paralisa??o ocorre mesmo ap?s os governos do Brasil e da China terem chegado a um acordo em janeiro sobre um novo sistema que visa acelerar as aprova??es, afirmou o secret?rio de Assuntos Internacionais da pasta agr?cola, Orlando Leite Ribeiro.

Segundo Ribeiro, o minist?rio tentou entrar em contato com representantes chineses mais cedo neste ano sobre o in?cio da implanta??o do sistema, mas naquela ?poca, com o coronav?rus surgindo, a Administra??o Geral das Alf?ndegas da China (GACC) n?o estava funcionando normalmente.

E, agora que o Brasil foi atingido pela epidemia, muitos funcion?rios p?blicos est?o trabalhando em regime de 'home office' para evitar a dissemina??o do v?rus, o que os impede de realizar as reuni?es necess?rias para obter novas aprova??es de plantas, disse ele.

Mas ainda assim h? boa vontade de ambos os lados, acrescentou.

'O que est? acontecendo ? um descasamento tempor?rio. A China foi afetada primeiro pelo Covid-19 e agora, quando a China come?ou a voltar ao normal, o Brasil foi afetado pelo coronav?rus', disse Ribeiro em entrevista por telefone na segunda-feira ? noite.

Ribeiro ainda alertou que novas habilita??es s?o pouco prov?veis ??at? que o surto no Brasil diminua, o que pode levar meses.

A China ? o maior comprador de carne bovina, su?na e de frango do Brasil.

Havia expectativa de que as vendas de carne continuassem em constante ascens?o devido ? peste su?na africana na ?sia, que dizimou a cria??o de porcos da China e a impulsionou a demanda por prote?na su?na e outras carnes no exterior, como substitutos.

Dezenas de frigor?ficos aprovados no ano passado j? obtiveram permiss?es para exporta??o e n?o t?m sido afetados, disse Ribeiro. A China aprovou 25 novas plantas em setembro e mais 13 em novembro. [nL2N27S0EA] [nL2N2600HI]

O novo sistema acordado com o Brasil em dezembro permite ? China realizar 'inspe??es virtuais' nas plantas do pa?s, via link de v?deo remoto, substituindo a necessidade anterior de visita presencial de uma delega??o chinesa ?s unidades industriais. Houve um primeiro teste em setembro.

'(O sistema de) inspe??es por videoconfer?ncia foi um sucesso total. Os brasileiros gostaram; os chineses gostaram', afirmou Ribeiro.

Mas o sistema ainda exige que muitas pessoas do lado brasileiro se re?nam no minist?rio, incluindo representantes de v?rios departamentos e tradutores. Equipe semelhante ? necess?ria no lado chin?s,?al?m de uma equipe no local da planta alvo de inspe??o.

'N?o podemos mobilizar uma equipe para fazer uma videoconfer?ncia ... s?o muitas pessoas juntas em v?rios lugares, o que estamos evitando no momento', disse Ribeiro.

As empresas do setor adotaram medidas restritivas para entrada e sa?da de profissionais n?o essenciais ao sistema produtivo, assim como visitantes internacionais e outros n?o ligados ?s companhias, informou ? Reuters a Associa??o Brasileira de Prote?na Animal (ABPA).

'Desta forma, al?m da determina??o do Minist?rio da Agricultura, todas as miss?es para novas habilita??es est?o suspensas, tamb?m, por um pedido das agroind?strias, para proteger seus colaboradores e reduzir riscos de propaga??o da Covid-19.'

A ABPA refor?a que as empresas j? habilitadas seguem autorizadas a exportar, sem interrup??es.

Al?m disso, outros mercados importadores implantaram medidas para preservar os embarques, como o Chile que prorrogou as habilita??es que estavam em vencimento, disse a associa??o.

O secret?rio do minist?rio acrescentou que ? imposs?vel saber qual ser? o impacto do coronav?rus sobre o mercado global para a carne brasileira e se a China continuar? comprando mais.

'H? uma mudan?a em todos os padr?es de consumo. Ent?o, na verdade, n?o posso dizer como ser? a demanda chinesa ou global por carne', disse Ribeiro.