EXCLUSIVO-Prisão de assessor de venezuelano Guaidó foi feita com provas frágeis
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Por Angus Berwick
CARACAS (Reuters) - Aproximadamente ?s 2h da manh? de 21 de mar?o, oito agentes de intelig?ncia da Venezuela foram ? casa do principal assessor do l?der de oposi??o Juan Guaid? e arrombaram a porta.
Eles revistaram o quarto do suspeito --o chefe de gabinete de Guaid?, Roberto Marrero-- e encontraram dois fuzis de estilo militar e uma granada, disseram os agentes em registros judiciais sigilosos vistos pela Reuters e revelados pela primeira vez.
A ag?ncia de intelig?ncia Sebin, controlada pelo presidente socialista Nicol?s Maduro, detalhou as provas contra Marrero em dois relat?rios que agentes disseram ter compilado seis dias antes, em 15 de mar?o, segundo os autos. Os relat?rios acusaram Marrero de contrabandear armas e explosivos da Col?mbia e de publicar mensagens em redes sociais que mais tarde procuradores classificariam como trai??o.
Mas o relat?rios se contradizem de maneiras que levam a crer que as provas das redes sociais foram reunidas ?s pressas somente ap?s a opera??o de busca e apreens?o, e n?o seis dias antes, como os agentes e os procuradores atestaram nos autos. E uma ju?za concedeu o mandado de busca de armas com base na palavra de um ?nico agente da Sebin que nunca detalhou nenhuma prova de contrabando no pedido de mandado visto pela Reuters.
Um relat?rio da Sebin inclui uma captura de tela de uma pesquisa dos termos 'Roberto Marrero Instagram' no Google que agentes disseram ter sido feita ?s 8h37 de 15 de mar?o -- mas que na verdade foi realizada ao menos seis dias depois, como evidenciado pelas tr?s reportagens inclu?das nos resultados de pesquisa que noticiaram a busca de 21 de mar?o na casa de Marrero.
Agentes e procuradores atestaram nos autos que apresentaram a pesquisa --incluindo as reportagens sobre a busca-- em um pedido de mandado arquivado quase uma semana antes de a busca acontecer.
O pedido de mandado, datado de 15 de mar?o, foi aprovado pela ju?za Carol Padilla em 20 de mar?o. Em abril, Carol foi punida pelo Escrit?rio de Controle de Ativos Estrangeiros do Tesouro dos Estados Unidos 'por fazer justi?a em nome deste regime ileg?timo' --uma refer?ncia ao governo Maduro-- quando presidia um tribunal de Caracas que trata de casos de terrorismo e crime organizado.
A Suprema Corte Venezuela n?o respondeu a telefonemas pedindo coment?rios sobre a ju?za.
As provas vagas e contradit?rias contra Marrero criam d?vidas sobre o caso contra uma figura destacada da oposi??o, cuja pris?o desencadeou uma repress?o mais abrangente do governo Maduro contra os aliados mais pr?ximos de Guaid?. Os EUA pediram a liberta??o de Marrero, descrevendo-o como um dos 800 prisioneiros pol?ticos da Venezuela.
O advogado de Marrero, Joel Garcia, disse que seu cliente negou todas as acusa??es. Garcia alegou, sem oferecer provas, que os agentes plantaram as armas na resid?ncia de Marrero.
Garcia disse que a corte n?o lhe permitiu ver o arquivo do caso, que inclui os relat?rios da Sebin -- uma viola??o da lei venezuelana. Quando a Reuters lhe mostrou os arquivos, Garcia disse: '? evidente que o arquivo do caso foi montado depois de sua pris?o, e n?o antes'.
Outra pesquisa de internet que os agentes da Sebin citaram no relat?rio de 15 de mar?o inclui um v?deo que Marrero n?o publicou no Instagram at? o dia 18 de mar?o, de acordo com a data indicada na rede social.
O v?deo mostra Carlos Vecchio, representante de Guaid? em Washington, retirando um retrato de Maduro do escrit?rio do adido militar da Venezuela na capital norte-americana.
A alega??o de contrabando de armas veio de Noel Farreras, agente da Sebin que disse no relat?rio, sem citar provas, que Marrero transportou 'fuzis e material explosivo' da Col?mbia ilegalmente. O relat?rio n?o detalhou quando ou onde a suposta travessia ocorreu.
A Reuters n?o conseguiu falar com um porta-voz do Sebin ou contatar Farreras. O Escrit?rio da Vice-Presid?ncia, que supervisiona a Sebin, e a Procuradoria-Geral n?o responderam a perguntas por escrito da Reuters sobre a investiga??o. Um porta-voz do Minist?rio da Defesa colombiano n?o quis comentar a alega??o de contrabando de armas.
Marrero, de 49 anos, continua detido na sede da Sebin, em Caracas, e aguardando uma audi?ncia preliminar, disse seu advogado. Procuradores o acusaram de trai??o, conspira??o e oculta??o de armas e explosivos. Uma condena??o pode significar mais de 30 anos de pris?o.
Garcia disse que seu cliente esteve na Col?mbia em fevereiro para ajudar a coordenar esfor?os para enviar ajuda estrangeira atrav?s da fronteira, n?o para contrabandear armas.
Agentes da Sebin analisaram seis postagens de Marrero feitas em fevereiro e mar?o em seu relat?rio aos procuradores, que mais tarde escreveram ? corte que seus clamores por 'ajuda humanit?ria', apoiados por EUA e Col?mbia, equivalem a trai??o porque ele n?o tinha autoriza??o.
Segundo o que disseram no relat?rio, dois quil?metros antes de chegarem ? casa de Marrero os agentes pararam junto a um carrinho de cachorro quente no bairro bo?mio de Las Mercedes e selecionaram duas pessoas para observar a opera??o de busca ? uma tentativa de cumprir uma exig?ncia legal de que tais buscas sejam testemunhadas por dois 'vizinhos' do suspeito.
Escrito por Redação
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