EXCLUSIVO-Sem privatização, Banco do Brasil parte para plano B
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Por Carolina Mandl e Marcela Ayres
S?O PAULO (Reuters) - O Banco do Brasil planeja uma s?rie de iniciativas para competir melhor com rivais privados, depois que o presidente Jair Bolsonaro descartou planos de privatizar a institui??o, de acordo com quatro pessoas familiarizadas com o assunto.
O plano inclui alterar as regras de emprego para facilitar a contrata??o e demiss?o de funcion?rios do banco e remover algumas restri??es salariais, manter dividendos em patamares elevados a partir da venda de ativos e fechar parcerias com fintechs e outras startups, disseram essas pessoas, que se recusaram a ser identificadas porque o plano ainda n?o ? p?blico.
As iniciativas foram aprovadas pelo conselho de administra??o do banco, disseram duas das fontes. O jornal Valor Econ?mico divulgou na quinta-feira o plano do banco de formar joint ventures com fintechs, mas os outros detalhes n?o foram divulgados anteriormente.
Alguns pontos do plano ainda dependem de aprova??es do governo para avan?ar e podem ser de dif?cil aprova??o pol?tica, al?m de enfrentar resist?ncia dos quase 94 mil empregados do Banco do Brasil, como ? o caso das mudan?as salariais e nas regras de demiss?o.
As fontes disseram que as conversas com o Minist?rio da Economia sobre regras de emprego come?aram no ano passado e que qualquer mudan?a provavelmente se aplicaria a outras empresas controladas pelo Estado. No entanto, o resultado dessas discuss?es permanece incerto.
O Banco do Brasil se recusou a comentar o assunto. O Minist?rio da Economia negou que mudan?as na forma como as empresas estatais contratam e demitem estejam em discuss?es. Mas duas fontes do minist?rio disseram ? reportagem que as conversas est?o acontecendo na secretaria especial de Desestatiza??o, comandada por Salim Mattar. Uma dessas fontes acrescentou que as discuss?es s?o preliminares.
O plano do Banco do Brasil para ganhar competitividade ilustra como a realidade da pol?tica brasileira torna mais lenta a agenda do presidente Bolsonaro. Ele assumiu como presidente em janeiro de 2019 com a promessa de reduzir o papel do governo na maior economia da Am?rica Latina, mas tem falhado em algumas promessas.
Logo ap?s assumir o cargo, seu governo instalou uma nova administra??o no Banco do Brasil, o segundo maior banco do pa?s em ativos, com um valor de mercado de 146 bilh?es de reais, al?m de iniciar uma s?rie de desinvestimentos.
H?lio Magalh?es, que anteriormente chefiava o Citigroup e a American Express no Brasil, foi nomeado presidente do conselho. Rubem Novaes, economista formado na Universidade de Chicago e acad?mico a maior parte de sua vida, assumiu a presid?ncia-executiva.
A administra??o do banco defendeu publica e privadamente, e tamb?m por meio do Minist?rio da Economia, que o governo precisava deixar sua posi??o de controlador no banco para permitir que ele competisse melhor com rivais como o Ita? Unibanco, Bradesco e Banco Santander Brasil. A avalia??o da alta c?pula do Banco do Brasil ? que a institui??o poderia rapidamente ficar atr?s de tais rivais se n?o fosse ?gil em oferecer aos clientes novos produtos, trazer mais tecnologia e reter e contratar talentos.
Bolsonaro, no entanto, rejeitou a ideia, em parte por acreditar que enfrentaria oposi??o de membros do Congresso cujos integrantes representam ?reas que dependem fortemente da institui??o, disse uma das fontes. O Banco do Brasil ? o maior banco do pa?s em cr?dito rural e muitas vezes ? dono da ?nica ag?ncia de cidades pequenas.
Bolsonaro n?o se pronunciou imediatamente sobre o assunto. Em dezembro, o presidente disse a jornalistas que as discuss?es sobre a privatiza??o do banco eram um assunto encerrado.
PLANO B
As novas propostas funcionam como uma esp?cie de plano B da institui??o.
Um dos pilares principais do plano ? mudar a maneira como o banco contrata e demite funcion?rios e tamb?m ganhar mais flexibilidade no quanto ? capaz de pagar aos funcion?rios, disseram as quatro fontes. Dependendo da posi??o estrat?gica, o banco deseja pagar sal?rios mais altos para atrair e reter talentos sem precisar pedir permiss?o ao Minist?rio da Economia, disseram as fontes.
As diferen?as salariais podem ser substanciais na alta c?pula dos bancos, mostram dados salariais dispon?veis na Comiss?o de Valores Mobili?rios. Por exemplo, um diretor estatut?rio do Santander Brasil recebe mais de quatro vezes o que o Banco do Brasil paga por uma fun??o semelhante, em m?dia.
Enquanto defendia a privatiza??o, Novaes disse recentemente que o banco perdeu 50 executivos importantes para os concorrentes em 2019 em parte porque eles n?o podiam pagar essas pessoas tanto quanto o setor privado pagava.
Se o governo aprovar a mudan?a, tamb?m permitir? que o Banco do Brasil reduza o n?mero de funcion?rios mais rapidamente por meio de iniciativas como programas de indeniza??o volunt?ria.
As reformas da for?a de trabalho, no entanto, provavelmente enfrentar?o resist?ncia dos funcion?rios p?blicos, que dependendo do cargo, t?m benef?cios mais generosos do que na concorr?ncia privada e estabilidade do emprego.
Em uma p?gina privada do Facebook para funcion?rios chamada 'BB Funcis Realistas', vista pela Reuters, alguns funcion?rios se queixaram dos esfor?os de privatiza??o de Novaes e pediram sua ren?ncia por se preocupar com suas implica??es disso.
DIVIDENDOS E FINTECHS
O banco tamb?m planeja manter o percentual de pagamento de dividendos sobre o lucro no teto, em 40%, j? que as vendas de ativos nos pr?ximos meses provavelmente ajudar?o a aumentar os lucros, disseram duas fontes.
Um terceiro elemento do plano ? negociar joint ventures e adquirir participa??es minorit?rias em startups, disseram as quatro fontes. O Banco do Brasil quer oferecer ?s startups acesso ? sua ampla rede no Brasil - 37,3 milh?es de clientes e mais de 4.000 ag?ncias - em troca de participa??es nessas empresas, disseram essas fontes. O banco n?o tem inten??o de desembolsar recursos para se tornar s?cio das startups.
O Banco do Brasil tamb?m continuar? a fechar acordos com grandes institui??es financeiras, como fez no ano passado quando anunciou uma joint venture com o UBS para a ?rea de banco de investimento. Neste momento, o Banco do Brasil procura um parceiro para sua unidade de gest?o de recursos.
Escrito por Reuters
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