EXCLUSIVO–Brasil reduz fiscalização ambiental em meio ao surto de coronavírus
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Por Jake Spring
BRAS?LIA (Reuters) - O Brasil diminuir? os esfor?os de combate aos crimes ambientais durante o surto de coronav?rus, disse uma autoridade do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renov?veis (Ibama) ? Reuters, apesar do receio de que uma prote??o reduzida possa levar a um aumento do desmatamento.
O diretor de Prote??o Ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, disse que o surto lhe deixou pouca op??o al?m de enviar menos fiscais para o campo por causa do v?rus altamente contagioso.
Ele estimou que um ter?o dos fiscais de campo da entidade t?m quase 60 anos ou problemas m?dicos que os sujeitam a um risco maior de ter sintomas graves do v?rus.
O Ibama n?o contrata agentes novos h? anos por causa dos cortes or?ament?rios do governo, e suas fileiras est?o envelhecendo rapidamente.
'Voc? n?o tem como colocar as pessoas que est?o no grupo do risco, expor essas pessoas ao v?rus', disse Azevedo. 'N?o h? uma escolha entre uma coisa e outra, ? um obriga??o de fazer.'
Duas fontes do Ibama que n?o tinham autoriza??o para falar com a imprensa disseram que os agentes de campo est?o preocupados com a pr?pria sa?de e com o risco de disseminarem o coronav?rus nas regi?es rurais em que operam.
Especialistas em desmatamento disseram que, embora as preocupa??es de sa?de devam ser uma prioridade, a pr?tica pode ter consequ?ncias ambientais graves.
'Enfraquecer a vigil?ncia certamente significa um risco maior de desmatamento, por raz?es ?bvias', disse o economista ambiental Sergio Margulis, autor do estudo 'Causas do Desmatamento da Amaz?nia Brasileira'.
O perigo adicional vem na esteira de uma disparada do desmatamento e de um aumento de inc?ndios na floresta tropical amaz?nica brasileira desde que o presidente Jair Bolsonaro tomou posse em janeiro de 2019. Provocou revolta global a percep??o de que ele est? incentivando madeireiros ilegais, fazendeiros e grileiros.
O Brasil abriga aproximadamente 60% da Amaz?nia, a maior floresta tropical do mundo, que absorve quantidades imensas dos gases de efeito estufa que causam a mudan?a clim?tica.
Bolsonaro defende planos de desenvolvimento da regi?o amaz?nica argumentando que s?o a melhor maneira de tirar mais brasileiros da pobreza ? mas o salto no desmatamento amea?a descarrilar um acordo de livre com?rcio sul-americano com a Europa e prejudicar as exporta??es.
ESSENCIAL E DESFALCADO
Em um decreto assinado na semana passada, Bolsonaro definiu a fiscaliza??o ambiental como um servi?o essencial durante a pandemia de coronav?rus, autorizando o Ibama a continuar enviando agentes ao campo.
Mas Azevedo disse que mesmo os servi?os essenciais, como o sistema de sa?de e o policiamento, precisam ser reduzidos para proteger trabalhadores amea?ados.
As opera??es mais importante ser?o priorizadas, e algumas ?reas precisar?o sofrer restri??es, disse Azevedo, acrescentando que proteger a Amaz?nia ? uma prioridade. Ele negou que haver? redu??o de agentes na Amaz?nia e previu que algumas partes da floresta podem at? registrar uma diminui??o do desmatamento.
Fontes do Ibama disseram que a pandemia cria mais desafios log?sticos porque muitos hot?is e restaurantes est?o fechados e voos foram cancelados em massa.
Azevedo disse que, embora os agentes ainda possam escolher voar, o Ibama est? alocando ve?culos e priorizando o transporte terrestre para reduzir o risco de cont?gio.
Alguns agentes dirigem durante dias para chegar aos seus postos na Amaz?nia, segundo uma das fontes.
Pesquisadores concordam que a fiscaliza??o reduzida abre espa?o para mais desmatamento, mas uma recess?o profunda desencadeada pela pandemia poderia provocar um desemprego crescente ? o que pode incentivar as atividades criminosas, mas tamb?m abaixar os pre?os de madeira e terra adquiridas ilegalmente.
Paulo Barreto, pesquisador s?nior do instituto sem fins lucrativos Imazon, disse que ? imposs?vel prever a rea??o dos criminosos, que s?o dif?ceis de estudar. Os pre?os das commodities continuam altos, e o enfraquecimento do real aumenta os lucros das exporta??es dos agricultores brasileiros. Com isso, a procura pelo desmatamento de terras novas para a agricultura continua alta, explicou.
Desmatar e vender terras ilegalmente ? inerentemente especulativo, por isso Barreto disse que os criminosos podem desmatar contando com a impunidade e depois ocupar as terras at? poderem vend?-las.
Em janeiro e fevereiro, o desmatamento j? havia subido 71% em rela??o a um ano antes, de acordo com dados governamentais preliminares, e pesquisadores acompanhar?o os dados de mar?o e abril atentamente.
'Meu palpite, eu acho que o desmatamento n?o vai cair', disse Carlos Nobre, cientista da Universidade de S?o Paulo.
Procurado, o Pal?cio do Planalto afirmou que coment?rios caberiam ao Minist?rio do Meio Ambiente, ao qual o Ibama est? subordinado. A pasta, por sua vez, n?o respondeu imediatamente a pedidos de coment?rios.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO