EXCLUSIVO–Coronavírus expõe deficiências dos sistemas de saúde da África

Por Katharine Houreld e David Lewis e Ryan McNeill

NAIR?BI (Reuters) - Na??es da ?frica est?o enfrentando uma disparada de casos de Covid-19 com menos de um leito de tratamento intensivo e um ventilador para cada 100 mil pessoas, mostrou um levantamento da Reuters.

Mesmo na melhor das hip?teses, o continente pode precisar de ao menos 10 vezes o n?mero que tem agora quando o surto chegar ao pico, como apontou uma an?lise das proje??es de pesquisadores.

As car?ncias nos sistemas de sa?de nacionais de toda a ?frica s?o alguns dos elementos mais chocantes a emergirem da pesquisa, que estudou 54 pa?ses e recebeu respostas das autoridades de sa?de ou de especialistas independentes de 48 deles.

Os resultados fornecem o quadro p?blico mais detalhado at? o momento sobre os principais recursos, exames e m?o de obra do continente para o combate ? doen?a causada pelo novo coronav?rus, que j? matou mais de 262 mil pessoas em todo o mundo, de acordo com uma contagem da Reuters.

A Organiza??o Mundial da Sa?de (OMS) alertou que a ?frica, lar de 1,3 bilh?o de pessoas, pode se tornar o pr?ximo epicentro da pandemia.

O continente registrou mais de 51 mil casos de Covid-19, uma fra??o dos 3,76 milh?es vistos globalmente, segundo a contagem da Reuters, mas a escala pequena dos exames torna imposs?vel conhecer a verdadeira dimens?o da infec??o. A Comiss?o Econ?mica das Na??es Unidas para a ?frica (Uneca) disse que neste ano o continente pode ter quase 123 milh?es de casos, que provocariam 300 mil mortes.

Supondo um isolamento completo por tempo indeterminado, ao menos 121 mil leitos de tratamento intensivo ser?o necess?rios no continente como um todo quando a pandemia chegar ao auge, de acordo com uma an?lise da Reuters sobre as proje??es de cientistas do Centro de An?lise de Doen?as Infecciosas MRC do Imperial College de Londres, nas quais as previs?es da Uneca se baseiam.

A pesquisa, realizada entre abril e maio, s? encontrou 9.800 leitos de tratamento intensivo dispon?veis, e ainda revelou uma escassez grave de exames, m?o de obra e suprimentos de oxig?nio.

Muitas na??es africanas reagiram rapidamente para conter o v?rus, lan?ando campanhas de sa?de p?blica de grande visibilidade, restringindo a circula??o e adaptando f?bricas para produzirem equipamentos de prote??o.

'Estamos nos preparando', disse a doutora Juliet Nyaga, executiva-chefe do Hospital Karen, uma institui??o particular do Qu?nia, ao mostrar ? Reuters uma unidade de confinamento montada em uma escola de enfermagem.