Fábricas da China reabrem, mas demitem devido a impactos globais do coronavírus

Por Stella Qiu e Ryan Woo

PEQUIM (Reuters) - O empres?rio chin?s Shi Xiaomin, que costumava exportar ternos e blazers aos milhares para Coreia do Sul, Holanda e Estados Unidos, teve mais sorte do que muitos outros propriet?rios de f?bricas da China.

Quando sua f?brica na cidade de Wenzhou, no leste do pa?s, reabriu no m?s passado depois de uma interdi??o prolongada causada pelo surto de coronav?rus, o governo local enviou um ?nibus a uma prov?ncia pr?xima para buscar mais de 20 de seus empregados retidos. Funcion?rios com carro se ofereceram para pegar os colegas.

Mas o otimismo de Shi teve vida curta.

Na semana passada, ele foi inundado de pedidos de cancelamento ou adiamento de encomendas de seus clientes europeus e norte-americanos.

No in?cio do surto, a China imp?s restri??es de viagem r?gidas e suspens?es de trabalho ?s f?bricas para conter a dissemina??o do v?rus, reduzindo os suprimentos e fazendo os exportadores correrem para atender os pedidos.

Agora est? ocorrendo o oposto: encomendas do exterior est?o sendo canceladas ? medida que a pandemia devasta as economias dos parceiros comerciais da China.

'A interdi??o in?dita da atividade econ?mica normal na Europa, nos EUA e em um n?mero crescente de mercados emergentes certamente causar? uma contra??o dram?tica nas exporta??es chinesas, provavelmente na faixa de uma queda de 20-45% na compara??o ano a ano no segundo trimestre', disse Thomas Gatley, analista s?nior da empresa de pesquisa Gavekal Dragonomics.

Shi disse que um fornecedor da It?lia, pa?s duramente atingido pelo v?rus, suspendeu as opera??es no domingo, o que significa nada de mat?rias primas a partir de maio. Seu estoque de tecido s? dura at? o final de abril.

Ele disse que reduzir? a produ??o e pode suspend?-la totalmente se os neg?cios n?o melhorarem, e orientou os cerca de 50 trabalhadores que ainda n?o retornaram da prov?ncia de Hubei, o epicentro do surto na China, a procurarem outros empregos.

'Sabemos que este ano est? ruim e que o ano que vem seria melhor, mas a quest?o ?: quantas f?bricas aguentam at? o ano que vem?', indagou.

Inicialmente, economistas previram uma recupera??o em V para a economia do pa?s, semelhante ?quela vista ap?s a epidemia de S?ndrome Respirat?ria Aguda Grave (Sars) em 2003. Desde ent?o, analistas reduziram suas previs?es a n?veis que n?o s?o vistos desde o final da Revolu??o Cultural em 1976.

As exporta??es da China representaram 11% do crescimento econ?mico no ano passado.