Fiador da estabilidade e defensor das reformas, Maia é reeleito para comandar a Câmara

Por Maria Carolina Marcello

BRAS?LIA (Reuters) - O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) demonstrou habilidade pol?tica para se eleger com facilidade pela terceira vez presidente da C?mara dos Deputados, sob a promessa de atuar pela estabilidade pol?tica e pelas reformas priorit?rias caras ao governo de Jair Bolsonaro.

Maia, que concorria com outros seis candidatos, conseguiu vencer a corrida pelo comando da C?mara, nesta sexta-feira, j? no primeiro turno, e sai da disputa com consider?vel for?a pol?tica.

O parlamentar conquistou 334 votos, uma enorme vantagem sobre o segundo colocado, F?bio Ramalho (MDB-MG), que teve 66 votos, e mesmo sobre os 257 votos necess?rios para carimbar a reelei??o no primeiro turno.

Como esperado, houve algumas infidelidades entre os partidos que compunham os dois blocos de apoio com mais de 400 deputados. Ainda assim, o resultado garantiu uma expressiva margem de votos que podem ajud?-lo na condu??o dos trabalhos da C?mara. Maia foi o ?nico candidato a concorrer por indica??o de seu bloco, os outros seis nomes entraram na elei??o de maneira avulsa.

No Twitter, Bolsonaro parabenizou Maia pela vit?ria, e lembrou a import?ncia que o cargo tem.

'Parabenizo o deputado Rodrigo Maia pelo resultado obtido na elei??o da presid?ncia da C?mara, fato que caracteriza o respeito ? democracia e a independ?ncia dos Poderes. Este cargo ? de extrema responsabilidade para conduzir a vota??o dos projetos que o brasileiro tanto almeja', disse Bolsonaro nas redes sociais.

A deputada federal mais votada em outubro, Joice Hasselmann (SP), do PSL do presidente, ressaltou a converg?ncia entre Maia e os aliados de Bolsonaro.

'Ningu?m est? aqui trocando juras de amor e nem de ideologia. A gente est? pautado em uma agenda econ?mica e o Maia est? conosco nessa agenda para aprovar a reforma da Previd?ncia', disse.

Mais cedo, antes da elei??o, o vice-presidente da Rep?blica, Hamilton Mour?o j? havia dito que a reelei??o de Maia seria boa para o governo --a candidatura, ali?s, contou com o apoio do PSL de Bolsonaro-- e lembrou do compromisso do deputado com as reformas.

DI?LOGO E MODERNIZA??O

De perfil liberal, Maia tem sido ao longo dos anos um defensor das reformas e n?o deixou de tocar no assunto no discurso a deputados pouco antes da vota??o.

O parlamentar afirmou que as reformas n?o s?o ?simples?, mas ?necess?rias? e relatou ter visitado ?quase todos? os Estados do pa?s e ter ouvido queixas de governantes, de todas as vertentes partid?rias, sobre a fragilidade das contas p?blicas.

Op??o mais moderada do que os aliados do governo Bolsonaro, para parte da esquerda, e fiador de uma desejada estabilidade, o democrata tamb?m aproveitou para bater novamente na tecla da abertura ao di?logo, apesar das cr?ticas de Ramalho, que o acusou de manter ?portas fechadas? aos deputados.

'A presid?ncia da C?mara precisa de um presidente que tenha experi?ncia, que tenha equil?brio, mas principalmente que garanta o di?logo?, disse o deputado.

Foi com essa tese que Maia angariou em torno de si for?as potencialmente rivais: do PSL de Jair Bolsonaro ao PCdoB.

Depois de eleito, visivelmente emocionado --chegou a chorar quando mencionou o pai, o ex-prefeito do Rio de Janeiro C?sar Maia-- o deputado agradeceu os demais candidatos, elogiou o que considerou ?uma alian?a partid?ria muito bonita?, e prometeu aten??o a todas as correntes pol?ticas.

?Teremos muitos desafios... A C?mara que ? a Casa do povo, vou repetir essa palavra mais uma vez, ela precisa de moderniza??o, moderniza??o, moderniza??o?, discursou o presidente reeleito da Casa.

?Precisamos comandar as reformas de forma pactuada junto com todos os governadores e prefeitos de todos os partidos pol?ticos.?

SANTINHOS

A volta dos trabalhos na C?mara nesta sexta-feira come?ou animada, com grande circula??o de pessoas e clima de campanha na Casa, o que incluiu a distribui??o dos chamados ?santinhos?, banners e cartazes, al?m de ?corredores poloneses? de militantes de pelo menos dois candidatos.

A sess?o para a vota??o da presid?ncia come?ou pouco depois das 18h com um minuto de sil?ncio em homenagem ?s v?timas do rompimento da barragem em Brumadinho (MG), que j? deixa um saldo de 115 mortos e 248 pessoas ainda desaparecidas.

Os sete candidatos discursaram, e pouco depois das 20h come?ou a vota??o, secreta.

Os dois blocos que apoiaram a elei??o de Maia somaram mais de 20 partidos. Um governista formado pelo PSL, PP, PSD, MDB, PR, PRB, DEM, PSDB, PTB, PSC e PMN, com 301 deputados; e outro que conta com PDT, Podemos, SD, PCdoB, Patriota, PPS, Pros, Avante, PV e DC, com 105 integrantes.

O segundo colocado, Ramalho, teve 66 votos, Marcelo Freixo (PSOL-RJ), de oposi??o ao governo Bolsonaro, foi o terceiro mais votado, com 50 votos, enquanto JHC (PSB-AL) teve 30 votos e Marcelo Van Hattem (Novo) recebeu 23. Ricardo Barros (PP-PR) e General Peternelli (PSL-SP) somaram apenas 4 e 2 votos respectivamente.

Na vota??o, os deputados escolheram n?o s? o pr?ximo presidente, mas tamb?m dois vice-presidentes, quatro secret?rios e quatro suplentes.