Fome ameaça Moçambique depois de ciclone destruir plantações

Por Stephen Eisenhammer

NHAMPUEPUA, Mo?ambique (Reuters) - Fulai Joaquim tem alimento suficiente para alimentar seus 10 filhos por mais uma semana, talvez duas. Depois, disse, est? nas m?os de Deus.

Um ciclone devastou sua planta??o de mandioca e deixou as ra?zes apodrecendo no campo, e as enchentes que se seguiram varreram seu milho.

'Muitas l?grimas', disse Joaquim, de 45 anos, caminhando pelos pequenos lotes de terra que abrigam as casas de barro e estacas de Nhampuepua, tamb?m destru?das pela tempestade. 'Todos est?o famintos'.

Centenas de comunidades rurais mergulharam em uma crise alimentar depois que o ciclone Idai arrasou o centro de Mo?ambique em 14 de mar?o, disseram agentes humanit?rios. O governo estima que mais de 700 mil hectares de terras de cultivo foram inundadas, deixando agricultores sem nada para colher.

Mais de 750 pessoas foram mortas pela tempestade e por chuvas intensas que atingiram o sul africano pouco antes do ciclone.

Duas semanas depois, ? medida que as opera??es de busca e resgate diminuem, o foco se transfere para o sustento dos sobreviventes.

As importa??es de milho de Mo?ambique podem ser o dobro das 100 mil toneladas de costume neste ano, disse Wandile Sihlobo, economista da associa??o sul-africana de agroneg?cio Agbiz. Ainda n?o se sabe como isso pode impactar os pre?os.

'No quesito seguran?a alimentar, foi devastador', disse Lola Castro, diretora do Programa Mundial de Alimentos (PMA) para o sul da ?frica, ? Reuters no aeroporto da cidade portu?ria de Beira, atingida pelo ciclone.

'Temos que acelerar o atendimento r?pido'.

O PMA j? levou comida a cerca de 200 mil mo?ambicanos e pretende socorrer um milh?o na pr?xima quinzena, disse Lola.

Mas isso n?o basta. Os agricultores tamb?m precisam de sementes para replantar o mais r?pido poss?vel.

'Isso ? para ontem', acrescentou Lola.

A tempestade n?o poderia ter vindo em um momento pior: pouco antes da principal colheita de milho, a mais importante da regi?o.

Em incont?veis vilarejos, a Reuters viu fam?lias tentando desesperadamente secar espigas de milho ainda verdes retiradas das ?guas das enchentes, mas os moradores disseram que com?-las os est? adoecendo.

(Reportagem adicional de Tanisha Heiberg em Johanesburgo)