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Ghosn ataca Nissan e Japão em primeira entrevista após fuga

Placeholder - loading - Ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn dá entrevista coletiva em Beirute 08/01/2020 REUTERS/Mohamed Azakir
Ex-presidente da Nissan Carlos Ghosn dá entrevista coletiva em Beirute 08/01/2020 REUTERS/Mohamed Azakir

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BEIRUTE (Reuters) - Carlos Ghosn, que falou em p?blico pela primeira vez desde sua fuga dram?tica da Justi?a do Jap?o, disse nesta quarta-feira a rep?rteres em Beirute que foi tratado 'brutalmente' por procuradores de T?quio, que acusou de ajudarem a Nissan a expuls?-lo da presid?ncia da empresa.

Adotando um tom desafiador, o ex-chefe da Nissan disse nesta quarta em uma coletiva de imprensa lotada que n?o acredita que teria um julgamento justo se permanecesse no Jap?o.

O antigo tit? da ind?stria automotiva fugiu no m?s passado do Jap?o, onde aguardava para ser julgado por acusa??es de declara??o de sal?rios menores, viola??o de confian?a e sonega??o de fundos da empresa, todas as quais ele nega. Ghosn disse ter fugido para o L?bano para limpar o nome.

'Voc? morrer? no Jap?o ou ter? que sair', disse Ghosn ao descrever seus sentimentos. 'Eu me sentia como um ref?m de um pa?s que servi durante 17 anos', disse ele aos rep?rteres que lotaram o sindicato de imprensa ? beira-mar de Beirute.

Com cidadania brasileira, francesa e libanesa, Ghosn tamb?m respondeu em portugu?s a um pergunta de um jornalista brasileiro presente ? entrevista, e lamentou n?o ter recebido um apoio maior por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro, apesar de ter agradecido ? aten??o recebida do c?nsul do Brasil no Jap?o.

'Eu estava esperando um pouco mais de ajuda da parte do governo brasileiro, que n?o aconteceu, infelizmente', disse, acrescentando, no entanto, que respeitava a posi??o de Bolsonaro de n?o falar sobre o caso dele com o governo japon?s para n?o atrapalhar as autoridades do Jap?o.

Muitos rep?rteres ficaram do lado de fora da entrevista lotada, sob uma chuva intensa, inclusive membros da m?dia japonesa que foram exclu?dos.

'As acusa??es contra mim s?o infundadas', acrescentou Ghosn, repetindo sua alega??o de que a Nissan e autoridades japonesas se mancomunaram para derrub?-lo ap?s um rev?s na Nissan e como vingan?a pela interfer?ncia do governo da Fran?a na alian?a da montadora com a Renault.

'Por que eles prorrogaram o cronograma da investiga??o, por que me prenderam? Por que estavam t?o determinados a me impedir de falar e estabelecer os fatos?', questionou Ghosn ao mencionar as autoridades japonesas.

'Por que passaram 14 meses tentando esgotar as minhas for?as, proibindo-me de ter qualquer contato com a minha esposa?'

Na ter?a-feira, procuradores de T?quio emitiram um mandado de pris?o para a esposa de Carlos Ghosn, Carole, por suposto perj?rio.

Ap?s as declara??es de Ghosn, os procuradores de T?quio disseram que as acusa??es dele sobre conspira??o da procuradoria com a Nissan s?o falsas, e que ele n?o conseguiu comprovar suas alega??es.

'Carlos Ghosn fugiu do Jap?o agindo de uma maneira que poderia constituir um crime em si pr?pria. As declara??es dele durante coletiva de imprensa hoje falharam em justificar seus atos', disse o Minist?rio P?blico do Distrito de T?quio em comunicado.

O ?rg?o afirmou que a alega??o de Ghosn sobre suposta conspira??o ? 'categoricamente falsa', acrescentando que os promotores buscam formas de lev?-lo ? Justi?a no Jap?o.

O Minist?rio da Justi?a japon?s disse que tentar? encontrar uma maneira de levar Ghosn de volta, embora o L?bano n?o tenha acordo de extradi??o com o Jap?o.

Autoridades turcas e japonesas est?o investigando como Ghosn foi levado clandestinamente a Beirute. A Interpol emitiu um 'boletim vermelho' pedindo sua pris?o.

A coletiva de imprensa de Ghosn foi a reviravolta mais recente de uma saga de 14 meses que abalou a ind?stria automotiva global, amea?ou a alian?a Renault-Nissan arquitetada pelo pr?prio Ghosn e aumentou a vigil?ncia sobre o sistema judicial do Jap?o.

A Nissan disse que uma investiga??o interna revelou que Ghosn usou dinheiro da empresa para fins pessoais e subavaliou sua renda, uma viola??o da lei japonesa.

(Por Samia Nakhoul e Eric Knecht em Beirute, e Tim Kelly em T?quio)

Escrito por Reuters

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