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Ghosn se declara inocente em primeira aparição pública desde prisão em novembro

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Por Tim Kelly e Kiyoshi Takenaka

T?QUIO (Reuters) - O ex-presidente do conselho de administra??o da Nissan Carlos Ghosn se declarou inocente nesta ter?a-feira, em sua primeira apari??o p?blica desde que foi preso em novembro, dizendo a um tribunal de T?quio que foi acusado injustamente de fraude financeira.

Ghosn, a quem ? dado o cr?dito por ter resgatado a Nissan <7201.T> da beira da fal?ncia duas d?cadas atr?s, foi levado ao tribunal algemado e com uma corda presa na cintura. O executivo vestia um terno azul marinho e uma blusa branca, sem gravata, e aparentava estar mais magro do que antes da pris?o, exibindo fios brancos na raiz de seus cabelos pretos.

?Eu fui equivocadamente acusado e injustamente detido com base em acusa??es infundadas e sem m?rito?, disse o executivo de 64 anos ? Corte Distrital de T?quio, lendo com voz clara um comunicado pronto.

?Eu acredito firmemente que, em todos os meus esfor?os em nome da companhia, eu agi honrosamente, legalmente e com o conhecimento e aprova??o dos executivos apropriados dentro da companhia?, disse.

Desde o in?cio da manh? uma multid?o de jornalistas se reuniu do lado de fora do tribunal, e 1.122 pessoas fizeram fila para conseguir os 14 assentos da corte, concedidos por sorteio, demonstrando o grande interesse no caso. Not?cias sobre a audi?ncia judicial tiveram destaque na emissora p?blica japonesa NHK durante todo o dia.

A audi?ncia, solicitada pelos advogados de Ghosn, foi realizada para explicar os motivos para a prolongada deten??o do executivo desde 19 de novembro, e n?o para discutir os m?ritos do caso. O juiz Yuichi Tada disse que a deten??o ? justificada pela exist?ncia de risco de fuga e pela possibilidade de oculta??o de evid?ncias.

Mas Ghosn usou a oportunidade para negar as acusa??es feitas contra ele, dando in?cio ao que deve ser um longo contra-ataque da defesa.

O ex-procurador Nobuo Gohara disse que a apari??o no tribunal foi uma vit?ria em termos de rela??es p?blicas para Ghosn, porque representou uma oportunidade para o executivo combater as semanas de not?cias negativas sobre ele.

?Nesse caso de destaque, as not?cias t?m sido dominadas por informa??es dos procuradores e da Nissan, ent?o o p?blico tendia a v?-lo dessa forma?, disse. ?Mas, hoje foi tudo Ghosn. Isso foi muito significativo?.

Ap?s semanas de sil?ncio, os advogados de Ghosn insistiram durante coletiva de imprensa que os tribunais n?o t?m nenhuma raz?o para manter o executivo preso durante a investiga??o. No dia 31 de dezembro, a Corte Distrital de T?quio aceitou o pedido dos procuradores para prorrogar a pris?o de Ghosn em 10 dias, at? 11 de janeiro.

Apesar do pedido, o ex-procurador Motonari Otsuru, que lidera a defesa de Ghosn, disse que ? prov?vel que o executivo seja mantido sob cust?dia at? o in?cio do julgamento, que pode ser em seis meses, dado o costume no Jap?o de manter r?us presos at? o julgamento.

Ghosn foi formalmente acusado de ocultar parte de seus rendimentos. Ele tamb?m foi preso, mas ainda n?o indiciado, por alega??es de agravada quebra de confian?a ao transferir perdas pessoais com investimentos para a montadora.

?Eu nunca recebi nenhuma compensa??o da Nissan que n?o foi declarada, nem jamais entrei em qualquer contrato vinculativo com a Nissan para receber uma quantidade fixa que n?o foi declarada?, disse Ghosn ao tribunal.

Sobre as alega??es de que teria transferido perdas para a Nissan, Ghosn disse ter pedido que a companhia assumisse temporariamente seus contratos de c?mbio, depois que a crise de 2008-2009 fez com que seu banco pedisse maiores garantias. Ele disse ter tomado essa decis?o para n?o precisar renunciar e usar sua aposentadoria como garantia.

?Meu comprometimento moral com a Nissan n?o me permitiria renunciar durante aquele momento crucial?, disse Ghosn. ?Um capit?o n?o abandona o barco no meio de uma tempestade?.

Otsuru disse que a Nissan concordou com o acordo, com a condi??o de que qualquer perda ou ganho fosse de Ghosn. O executivo disse que os contratos foram transferidos de volta para ele e que a Nissan n?o sofreu nenhuma perda.

Ghosn tamb?m ? acusado de pagar 14,7 milh?es de d?lares ao empres?rio saudita Khaled Al-Juffali usando recursos da Nissan em troca de uma carta de cr?dito para ajud?-lo com suas perdas de investimentos.

Ghosn disse que a empresa de Juffali foi compensada por ?servi?os fundamentais que beneficiaram a Nissan substancialmente?, incluindo a solicita??o de financiamento e a resolu??o de uma disputa empresarial.

A companhia Khaled Juffali emitiu um comunicado afirmando ter recebido os pagamentos por motivos comerciais leg?timos.

A Nissan, que removeu Ghosn do cargo de presidente do conselho de administra??o, reiterou que sua investiga??o interna desencadeada por um informante revelou ?substanciais e convincentes evid?ncias de comportamento inapropriado? e que a investiga??o est? em andamento e ampliando seu alcance.

O caso abalou a alian?a da Nissan com a montadora francesa Renault , onde Ghosn permanece sendo presidente executivo e presidente do conselho. Ele estava pressionando por uma parceria mais profunda, incluindo uma potencial fus?o completa das empresas a pedido do governo franc?s, apesar de fortes ressalvas da Nissan.

Ghosn est? sendo mantido preso no Centro de Deten??o de T?quio, onde pequenas celas contam com um banheiro no canto e nenhum aquecedor. Seu filho, Anthony Ghosn, disse que o pai perdeu 10 kg durante a pris?o, de acordo com a publica??o francesa Journal du Dimanche.

(Reportagem de Kiyoshi Takenaka e Tim Kelly; Reportagem adicional de Elaine Lies, Maki Shiraki e Naomi Tajitsu, em T?quio, e Richard Lough, em Paris)

Escrito por Redação

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