Governo central tem déficit primário de R$19,733 bi em agosto, pior que o esperado

Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O governo central, formado por Tesouro Nacional, Banco Central e Previd?ncia Social, teve d?ficit prim?rio de 19,733 bilh?es de reais em agosto, segundo pior para o m?s na s?rie hist?rica iniciada em 1997, afetado pela eleva??o de despesas e queda das receitas.

O dado veio pior que o rombo de 11,306 bilh?es de reais projetado para o m?s por analistas, segundo pesquisa Reuters. E veio a despeito do recebimento em agosto de 7,2 bilh?es de reais em concess?es, devido ? antecipa??o de pagamentos associados ? 15? rodada de concess?o de petr?leo e g?s.

De um lado, as despesas tiveram alta de 5,9 por cento, em termos reais, a 112,193 bilh?es de reais. Segundo o Tesouro, o avan?o foi puxado principalmente pela execu??o de 1,7 bilh?o de reais das despesas de financiamento da campanha eleitoral deste ano, fato que n?o ocorreu em agosto de 2017.

Mas os gastos com pessoal e encargos pessoais tamb?m pesaram, com expans?o de 4,4 por cento, j? descontada a infla??o, num acr?scimo de 990,1 milh?es de reais sobre agosto do ano passado.

Ao mesmo tempo, a receita l?quida teve uma queda real de 3,1 por cento, a 92,459 bilh?es de reais, afetada por maior transfer?ncia de recursos a Estados e munic?pios, linha que cresceu 18,9 por cento no per?odo.

'A eleva??o nas transfer?ncias por reparti??o de receita em compara??o a agosto de 2017 ? explicada, em grande medida, pela melhora na arrecada??o do Imposto de Renda Pessoa Jur?dica, cuja transfer?ncia em agosto refere-se ? arrecada??o, em julho, da 1? cota ou cota ?nica relativa ? apura??o trimestral, e da participa??o especial pela explora??o de petr?leo e g?s natural, cujo repasse sazonal aos Estados e munic?pios ocorre em agosto', disse o Tesouro, em apresenta??o.

No m?s, o rombo da Previd?ncia foi de 18,017 bilh?es de reais, ao passo que Tesouro e BC apresentaram um resultado negativo de 1,716 bilh?o de reais.

Nos oito primeiros meses do ano, o d?ficit do governo central somou 58,557 bilh?es de reais, queda de 35,2 por cento sobre igual etapa do ano passado.

Em 12 meses, o saldo negativo foi a 97,6 bilh?es de reais, ante meta de d?ficit prim?rio de 159 bilh?es de reais para este ano.

Este ser? o quinto resultado seguido no vermelho do Brasil, numa mostra do desequil?brio entre receitas e despesas, quadro agravado pelo crescimento dos gastos obrigat?rios, como os previdenci?rios e os ligados ? folha de pagamento do funcionalismo.

Mesmo assim, o governo tem batido na tecla que cumprir? o objetivo com folga. Na semana passada, o secret?rio do Tesouro, Mansueto Almeida, destacou que o governo agora v? um aumento de 4 bilh?es de reais nas receitas esperadas no ano, montante que ir? 'praticamente para excesso de prim?rio, melhora em rela??o ? meta'.

O secret?rio tamb?m lembrou que o governo central deve se beneficiar ainda de uma economia de 15 bilh?es de reais com recursos empo?ados at? o final do ano. Esse dinheiro j? foi liberado para pagamento, mas n?o foi executado pelas pastas por uma s?rie de amarras e vincula??es, mensagem que foi repetida no relat?rio do Tesouro desta quarta-feira.

'Deve-se ressaltar que o poss?vel excesso de resultado prim?rio em rela??o ? meta n?o diminui o desafio fiscal brasileiro cuja supera??o passa, necessariamente, por reformas que estabilizem a din?mica das despesas obrigat?rias e pela gera??o de um resultado prim?rio positivo que coloque a d?vida p?blica bruta do governo geral em trajet?ria cadente', trouxe o texto.