Governo não tem plano B para Eletrobras apesar de resistência no Senado, dizem fontes

Por Rodrigo Viga Gaier e Luciano Costa

RIO DE JANEIRO/S?O PAULO (Reuters) - O governo ainda n?o trabalha com a hip?tese de elaborar um novo modelo de privatiza??o para a Eletrobras , mesmo ap?s o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), ter afirmado que a atual proposta para a el?trica n?o ter? aprova??o dos senadores, disseram ? Reuters duas fontes pr?ximas do assunto.

Um projeto de lei com a proposta de desestatiza??o foi enviado pelo Poder Executivo ao Congresso no in?cio de novembro, mas ainda n?o come?ou a tramitar na C?mara, onde aguarda despacho do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Na sexta-feira, Alcolumbre afirmou que as bancadas das Regi?es Norte e Nordeste t?m mostrado forte oposi??o ? iniciativa em seus moldes atuais. 'Se o governo n?o construir uma modelagem nova, n?o vai passar no Senado', disse ele em caf? da manh? com jornalistas.

A proposta do governo Jair Bolsonaro prev? capitalizar a companhia por meio da emiss?o de novas a??es, em opera??o que diluiria a participa??o do governo na empresa a uma posi??o minorit?ria.

A Eletrobras ent?o usaria os recursos levantados com a transa??o, estimados em cerca de 16 bilh?es de reais, para pagar ao Tesouro um b?nus em troca da assinatura de novos contratos de concess?o para suas hidrel?tricas, com maior prazo e condi??es mais favor?veis.

'N?o tem 'plano B'', afirmou uma das fontes, que acompanha de perto o processo de privatiza??o e falou sob a condi??o de anonimato.

'O plano ? falar com ele (Alcolumbre) e mostrar o que talvez n?o tenha ficado claro', acrescentou a fonte.

Os planos de privatizar a Eletrobras, maior el?trica do Brasil, come?aram a ser gestados ainda no governo Michel Temer, mas foram atrasados por diversas liminares obtidas por sindicatos de trabalhadores e ainda encontraram dificuldades para avan?ar no Congresso.

'N?o tem alternativa', disse uma segunda fonte que acompanha o processo.

Essa fonte ressaltou que a modelagem para a privatiza??o vem sendo discutida h? tempos e ? natural haver alguma resist?ncia no Congresso, onde ser? preciso dialogar com os parlamentares para avan?ar.

'Isso faz parte', afirmou a fonte, que tamb?m falou sob anonimato devido ? sensibilidade do tema.

O presidente Bolsonaro chegou a afirmar na sexta-feira, ap?s as declara??es do presidente do Senado, que haveria riscos para o sistema el?trico caso a privatiza??o da el?trica n?o seja aprovada pelos parlamentares.

A Eletrobras controla cerca de um ter?o da capacidade de gera??o de energia do Brasil e aproximadamente metade do parque de linhas de transmiss?o.

'Vamos l? para a verdade? Se n?s n?o aprovarmos esse texto, vai entrar em colapso o sistema el?trico brasileiro', disse o presidente ao chegar ao Pal?cio da Alvorada na noite de sexta-feira.

O projeto de lei do governo com a proposta de privatiza??o afirma que a medida visa 'obter novos recursos para que a Eletrobras possa continuar contribuindo para a expans?o sustent?vel do setor el?trico', sem citar riscos ? opera??o de usinas e linhas de transmiss?o.

A Eletrobras somou lucro l?quido de 7,6 bilh?es de reais nos primeiros nove meses de 2019. Em 2018, a empresa teve lucro hist?rico de 13,3 bilh?es de reais, o maior em 20 anos, ap?s ter conclu?do ao longo do ano a venda de seis empresas deficit?rias de distribui??o de energia que atuavam no Norte e Nordeste.

O ministro de Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, tem afirmado que a expectativa do governo ? que o Congresso vote o projeto de privatiza??o da el?trica at? junho de 2020. A capitaliza??o da companhia, que efetivaria a desestatiza??o, poderia ocorrer no segundo semestre do ano que vem.

Procurado, o Minist?rio de Minas e Energia, que lidera as discuss?es sobre a estatal, n?o respondeu de imediato a um pedido de coment?rio.

As a??es PN da Eletrobras operam em alta de cerca de 2% nesta segunda-feira, acumulando ganhos de cerca de 51% nos ?ltimos 12 meses, embaladas pelas perspectivas de privatiza??o.

Os pap?is chegaram a tocar m?ximas hist?ricas acima de 47 reais no in?cio de setembro, antes de parlamentares come?arem a falar sobre poss?veis dificuldades para aprova??o da desestatiza??o no Congresso.