Guedes diz que troca de ministros é normal, defende liberdade para usar cloroquina e renova apelo por veto
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Por Marcela Ayres
BRAS?LIA (Reuters) - O ministro da Economia, Paulo Guedes, avaliou que a troca de ministros ? normal numa democracia, defendeu a liberdade para a escolha de usar ou n?o cloroquina no tratamento do coronav?rus e fez um forte apelo pelo veto ? possibilidade de reajuste salarial a categorias do funcionalismo p?blico.
Ao falar nesta sexta-feira em evento que marcou os 500 dias do governo Jair Bolsonaro, o ministro afirmou ainda que o presidente n?o ? populista, mas popular, e que o fato de ele ter chamado aten??o para as consequ?ncias econ?micas das medidas de isolamento social n?o significa que ele esteja minimizando a import?ncia da sa?de e da vida.
'Boa parte das diferen?as de opini?o do presidente com ministros que eu tenho visto ? por causa de princ?pios', disse Guedes, exemplificando que Bolsonaro ? a favor do direito do cidad?o que n?o est? com Covid-19 sair andando pela rua.
'? um direito dele ser infectado porque ele n?o est? infectando ningu?m. ? um direito dele. Isso contrasta ?s vezes com algu?m que diz 'n?o, tem que ficar em isolamento e n?o pode sair'. Isso d? uma diferen?a de opini?o s?ria entre um ministro e um presidente', completou.
Guedes avaliou ent?o que o uso ou n?o da cloroquina segue o mesmo racioc?nio.
'Alguns dizem que tem que tomar, alguns dizem que n?o. Vamos fazer o seguinte? Quem quiser tomar toma, quem n?o quiser n?o toma. Se a gente respeitar pelo menos a opini?o do outro quem sabe a gente n?o melhora.'
Mais cedo o ministro da Sa?de, Nelson Teich, pediu demiss?o do cargo, menos de um m?s ap?s assumir, em decorr?ncia de desaven?as com o presidente, na segunda troca de comando do minist?rio em meio ao avan?o da pandemia do novo coronav?rus pelo pa?s.
Teich vinha sendo cobrado pelo presidente a modificar o protocolo oficial para ampliar a recomenda??o do uso da cloroquina, apesar de o ministro ter afirmado que n?o considera o rem?dio uma solu??o e de ter alertado para seus efeitos colaterais.
Questionado sobre os impactos no mercado da frequente troca de cadeiras em meio ? pandemia, Guedes disse que as substitui??es s?o normais na democracia e que as condi??es para criar um bom ambiente para atra??o de investimentos ser?o dadas pelo compromisso com as reformas, independentemente de quem ocupar cargos na Esplanada.
O ministro pontuou ainda que anormal seria um presidente sair porque um ministro quer fazer o que ele n?o quer.
'Agentes econ?micos reagem pela configura??o da pol?tica econ?mica', afirmou o ministro.
'Se o presidente mantiver rumo, pode trocar ministro da Economia quantas vezes quiser, mas se tirar do rumo certo, pode colocar ministro que quiser que vai dar errado', acrescentou.
VETO
Em sua fala, Guedes fez forte defesa da necessidade de veto, no projeto de aux?lio a Estados e munic?pios, de trecho que permite que algumas categorias do funcionalismo p?blico possam ter reajuste at? o fim do ano que vem. O ministro sempre insistiu que o congelamento dos sal?rios era uma contrapartida razo?vel para a inje??o de recursos da Uni?o a governadores e prefeitos.
J? sobre a aproxima??o do governo com parlamentares do centr?o, o ministro da Economia disse que a rela??o n?o se baseia num toma l? d? c?.
'Temos um centro democr?tico program?tico, n?o fisiol?gico', afirmou.
Guedes tamb?m ponderou que n?o adianta o presidente vetar o trecho do projeto, conforme compromisso assumido publicamente, se o Congresso agir para derrubar essa decis?o. Ele frisou que, nesse cen?rio, voltaria o caos dos juros altos, desorganiza??o da economia e transforma??o do quadro numa farra eleitoral.
Ainda nessa toada, o ministro pediu que o dinheiro para sa?de fique na sa?de e classificou como inaceit?vel o uso da crise com o coronav?rus para vitrine pol?tica ou para tirar recursos do governo.
'Passamos um ano e meio tentando reconstruir. Quando estamos come?ando a decolar, somos atingidos por uma pandemia. E vamos nos aproveitar de um momento como esse, da maior gravidade, de uma crise de sa?de, e vamos subir em cad?veres para fazer palanque?', afirmou ele.
'Vamos subir em cad?veres para arrancar recursos do governo? Isso ? inaceit?vel, a popula??o n?o vai aceitar. A popula??o vai punir quem usar cad?veres como palanque', completou.
O ministro tamb?m avaliou que os profissionais que seguem trabalhando na linha de frente do combate ao coronav?rus n?o devem ser premiados de antem?o pelo exerc?cio de suas fun??es.
Da forma como aprovado pelo Congresso, o projeto de ajuda a Estados e munic?pios deixou de fora da regra de congelamento salarial, por 18 meses, profissionais de sa?de, de seguran?a p?blica e das For?as Armadas, al?m dos trabalhadores da educa??o p?blica, servidores de carreiras periciais, Pol?cia Federal, Pol?cia Rodovi?ria Federal, guardas municipais, agentes socioeducativos, profissionais de limpeza urbana, de servi?os funer?rios e de assist?ncia social.
'N?s queremos saber o que podemos fazer, de sacrif?cio, para o Brasil nessa hora. E n?o o que o Brasil pode fazer por n?s', afirmou o ministro.
'E as medalhas s?o dadas ap?s a guerra, n?o antes da guerra. Nossos her?is n?o s?o mercen?rios. Que hist?ria ? essa de pedir aumento de sal?rio porque um policial vai ? rua exercer sua fun??o? Ou porque um m?dico vai ? rua exercer sua fun??o? Se ele trabalhar mais, por causa do coronav?rus, ?timo, ele recebe hora-extra', completou Guedes.
P?S-PANDEMIA
Em rela??o ? retomada da economia, o ministro voltou a dizer que o pa?s pode engatar uma recupera??o em V, apesar de sua equipe econ?mica ter apontado nesta semana expectativa de uma trajet?ria em U, mais lenta. Isso porque a proje??o ? de um tombo hist?rico do PIB de 4,7% este ano com recomposi??o para valores pr?-crise somente em 2022.
Guedes voltou a fazer um apelo pela aprova??o de pautas como o novo marco do saneamento, que est? no Congresso desde o ano passado, al?m de privatiza??o da Eletrobras, marco do setor el?trico e reforma tribut?ria.
Ele disse ainda que a crise da sa?de deixar? mais ?bvio que o imposto sobre a folha de pagamento das empresas ? uma forma de tributa??o perversa pois encarece sobremaneira o custo do trabalho formal.
'Temos que eliminar isso, n?s temos que criar a carteira verde e amarela, n?o tem os encargos trabalhistas l?, vamos criar milh?es de empregos', disse.
Escrito por Reuters
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