Haddad diz que não discute nomes, mas avalia para Fazenda perfil acadêmico e que dialogue com mercado

Por Lisandra Paraguassu

BRAS?LIA (Reuters) - A escolha pode n?o agradar seu partido, mas o candidato do PT ? Presid?ncia, Fernando Haddad, j? tem em mente o perfil de seu futuro ministro da Fazenda, no caso de vencer as elei??es deste ano: algu?m muito pr?ximo da academia e que tenha boas rela??es com o mercado, disse ? Reuters uma fonte pr?xima ao candidato.

O desempenho recente de Haddad nas pesquisas de inten??o de voto --na ?ltima do Datafolha o petista passou de 9 para 13 por cento das inten??es de voto em menos de uma semana-- elevou o grau de especula??es sobre como seria uma equipe econ?mica em seu governo.

Rec?m-ungido pelo ex-presidente Luiz In?cio Lula da Silva como seu substituto, com a mudan?a tendo sido oficializada h? uma semana, Haddad n?o declara ainda nomes poss?veis e tem dito ao ser questionado que ? muito cedo para pensar em equipe. O perfil, no entanto, est? claro, segundo quem acompanha o candidato.

'Uma outra coisa est? certa: ele n?o colocaria um pol?tico no cargo', disse a fonte ouvida pela Reuters, que pediu anonimato.

Seria um caminho diferente do usado por seu padrinho pol?tico. Lula indicou o ex-deputado Antonio Palocci como seu primeiro ministro da Fazenda. Se pudesse ser eleito --Lula teve sua candidatura barrada por ter sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa-- o ex-presidente pretendia seguir caminho parecido. Haddad, que tem mestrado em economia, afirmou ? Reuters que Lula o havia convidado inicialmente para ser o seu ministro da Fazenda.

A ideia de algu?m que inspire confian?a no mercado seria uma estrat?gia para mostrar que um governo Haddad tem compromisso com o rigor fiscal e se manter? longe do desenvolvimentismo assumido pelo governo Dilma Rousseff e de algumas ideias defendidas pelo economista Marcio Pochmann, diretor da Funda??o Perseu Abramo, ligada ao PT, e um dos autores da parte econ?mica do plano de governo petista.

O nome de Pochmann causa arrepios no mercado, de acordo com fontes ouvidas pela Reuters que, h? duas semanas analisaram as ideias do candidato. Em sabatina do UOL, SBT e jornal Folha de S. Paulo, na segunda-feira, Haddad deu sinais claros de que o economista n?o estaria entre seus preferidos para compor um governo.

'Marcio ? um professor, candidato a deputado federal e uma pessoa independente do ponto de vista intelectual?, disse o candidato petista, ressaltando ainda que Pochmann participou do programa de governo petista, coordenado por Haddad, como 'outras 300 pessoas participaram'.

Em conversas com bancos e grupos de investimentos, Haddad buscou passar seguran?a que um governo petista sob seu comando se n?o seria 'amigo do mercado', tamb?m n?o seria inimigo e seria poss?vel de dialogar. Falta, no entanto, o nome de um poss?vel ministro da Fazenda.

'Ele (Haddad) cita pelo primeiro nome economistas que s?o caros ao mercado como Samuel Pess?a e Marcos Lisboa, o que ? um alento. Mas esse seria o perfil do seu ministro?', questionou uma das fontes ouvidas no m?s passado pela Reuters.

Ambos t?m exatamente o perfil que Haddad tra?a para seu ministro da Fazenda, mas at? agora n?o houve conversas, sondagens e muito menos convites.

Lisboa, presidente do Insper, foi quem convidou Haddad a dar aula no Insper, institui??o de ensino voltada para as ci?ncias econ?micas e exatas em S?o Paulo. No primeiro governo Lula, foi secret?rio de Pol?tica Econ?mica do Minist?rio da Fazenda por pouco mais de dois anos. Depois disso teceu cr?ticas duras a medidas econ?micas adotadas posteriormente nos governos petistas.

J? Pess?a, ligado ao PSDB e professor da Funda??o Getulio Vargas, foi colega de mestrado de Haddad na Universidade de S?o Paulo e mant?m uma ?tima rela??o com o ex-prefeito. Em 2014 foi um dos colaboradores do programa econ?mico do presidenci?vel tucano A?cio Neves.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu; Edi??o de Maria Pia Palermo e Alexandre Caverni)