Heleno usa redes sociais para reafirmar crítica a Congresso

BRAS?LIA (Reuters) - Depois de ser pego em um ?udio acusando o Congresso de chantagem, o ministro do Gabinete de Seguran?a Institucional (GSI), general Augusto Heleno, usou as redes sociais para repetir as reclama??es contra o Legislativo e afirmou que deputados e senadores prejudicam 'a atua??o do Executivo' e isso 'contraria os preceitos de um regime presidencialista.'

'Se quiserem parlamentarismo que mudem a Constitui??o', escreveu o general.

Na manh? de ter?a-feira, enquanto esperava o presidente Jair Bolsonaro para a cerim?nia de hasteamento da bandeira, em frente ao Pal?cio da Alvorada, Heleno, em conversa com os ministros Paulo Guedes (Economia) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), foi pego dizendo aos colegas: 'N?s n?o podemos aceitar esses caras chantageando a gente o tempo todo. F...'

Apesar de ter chamado, no Twitter a fala de uma 'invas?o de privacidade', na verdade Heleno foi pego na live que os assessores do presidente fizeram da entrevista dada por Bolsonaro e da cerim?nia. Enquanto o assessor filmava o desfile dos soldados, o ministro fala ao lado da c?mera e a live pega claramente o ?udio.

'Externei minha vis?o sobre as insaci?veis reivindica??es de alguns parlamentares por fatias do Or?amento impositivo, o que reduz, substancialmente, o Or?amento do Poder Executivo e de seus respectivos minist?rios', disse o ministro no Twitter, ressaltando que essa opini?o ? sua e n?o foi discutida com o presidente.

A revolta do general era relacionada ao acordo anunciado na semana passada para que os parlamentares derrubassem apenas parcialmente o veto presidencial ao Or?amento impositivo, que obriga o Executivo a gastar o que est? previsto no texto, incluindo o empenho de 687 milh?es de reais em emendas de comiss?es tem?ticas da C?mara e do Senado.

Pelo acordo costurado com os presidentes da C?mara e do Senado, o governo enviaria um projeto de lei para retirar das emendas de relator e devolver aos minist?rios 11 bilh?es de reais de verbas discricion?rias, mas deixaria 20 bilh?es de reais para as emendas.

Com isso, os parlamentares derrubariam apenas uma parte do veto, o que tiraria a obrigatoriedade de pagamento das emendas em 90 dias e crime de responsabilidade no caso de n?o pagamento. O governo terminou por n?o cumprir sua parte e os parlamentares amea?am derrubar integralmente o veto.

O presidente da C?mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu duramente ? fala do ministro, que classificou de infeliz.

'Uma pena que o ministro com tantos t?tulos tenha se transformado em um radical ideol?gico, contra a democracia, contra o Parlamento. Eu n?o vi por parte dele nenhum tipo de ataque ao Parlamento quando a gente estava votando o sal?rio dele, como militar da reserva' criticou Maia.

De acordo com o presidente da C?mara, essa n?o ? a primeira vez que Heleno faz esse tipo de cr?tica ? Casa, apenas a primeira que se torna p?blico.

'Talvez ele estivesse melhor em um gabinete de rede social tuitando, agredindo, como ele tem feito ao Parlamento nos ?ltimo meses. N?o ? a primeira vez que ele ataca, s? que dessa vez veio a p?blico', disse. 'Se esse Parlamento quisesse apenas deixar as coisas correrem soltas esse governo n?o ganhava nada aqui dentro.'

Em rea??o ao caso, os grupos bolsonaristas nas redes sociais sa?ram em defesa do general, chegando a colocar a hashtag 'somosTodosGenHeleno' nos principais t?picos do Twitter.

(Reportagem de Lisandra Paraguassu)