Homicídios no Brasil batem novo recorde em 2017 e chegam a 65.602
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Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Os homic?dios bateram recorde mais uma vez em 2017 no Brasil ao atingirem mais 65.602 casos ante 62.517 em 2016, uma alta de 4,9%, segundo o Atlas da Viol?ncia produzido pelo Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada (Ipea) e pelo F?rum Brasileiro de Seguran?a P?blica.
A taxa de homic?dios atingiu pela primeira vez 31,6 casos a cada 100 mil habitantes, ante 30,3 em 2016 e 25,5 em 2007. Entre 2016 e 2017, os homic?dios por cem mil habitantes aumentaram em 4,2% no pa?s e, na compara??o com 2007 essa alta foi de 24%.
?Estamos diante de algo estonteante e fora do padr?o mundial. Isso implica em sofrimento, dor e num custo enorme para o pa?s seja na economia, social, atra??o de turistas, seja na realiza??o de neg?cios?, disse o coordenador do Ipea, Daniel Cerqueira.
?Estamos diante de uma trag?dia humana e de uma trag?dia econ?mica, que consome 6% do nosso PIB?, acrescentou.
O Atlas do Ipea e do F?rum leva em conta basicamente os registros do SUS enquanto o Anu?rio da Viol?ncia, tamb?m feito pelo F?rum, leva em conta os registros policiais dos Estados.
Os dados da pesquisa apontam que o avan?o de fac??es criminosas no Norte e Nordeste do pa?s est? por tr?s do aumentos dos homic?dios em 2017. Em alguns Estados, o aumento na taxa de homic?dios por 100 mil habitantes foi bem forte, como Cear?, onde cresceu 48,2% e no Acre, com alta de 39,9%.
?As fac??es tem uma estrat?gia de expandir seus neg?cios e se aproximarem de pa?ses produtores de drogas na Am?rica do Sul visando a venda para mercados consumidores de fora, como a Europa?, disse a diretora executiva do F?rum, Samira Bueno.
Em 2017, o perfil das v?timas de homic?dio era: homem, jovem , solteiro, negro com at? 7 anos de estudo. Segundo o Atlas, 35.783 mil homic?dios foram de jovens com 15 a 29 anos, uma taxa recorde de 69,9 homic?dios para cada 100 mil jovens, mais que o dobro da m?dia geral do pa?s
?Temos que manter os meninos vivos com acesso a boa educa??o e oportunidade do trabalho. Isso impactaria na taxa de homic?dios e na produtividade do Brasil', disse Cerqueira.
A pesquisa aponta ainda um incremento dos homic?dios de mulheres (feminic?dios) e da popula??o LGBTI. Em 2017, foram mortas 4.936 mulheres mortas, n?vel recorde da pesquisa desde 2007.
Segundo o pesquisador do Ipea, h? indicativos de outras pesquisas externas que apontam para a possibilidade de redu??o das mortes em 2018 e 2019, o que poderia estar ligado a pol?ticas de combate a viol?ncia especialmente na regi?o Sudeste, transi??o demogr?fica e o estatuto do desarmamento.
?O estatuto do desarmamento e pol?ticas de controle de armas de fogo t?m ajudado na redu??o da viol?ncia', avaliou Cerqueira, 'Se n?o fosse o estatuto a taxa de homic?dios seria 12 por cento maior', acrescentou. O governo Bolsonaro, no entanto, baixou um decreto que flexibiliza o acesso a armas no Brasil.
?Se o estatuto do desarmamento ajudou a reduzir o ritmo dos homic?dios, espero que o STF casse o decreto da arma de fogo porque olhando a literatura internacional digo que h? um potencial perigoso para o Brasil. Uma arma de fogo fica na sociedade por 30 ou 40 anos?, argumentou o coordenador do Ipea.
De acordo com o F?rum, nos 14 anos anteriores ao estatuto do desarmamento de 2003, os homic?dios cresciam a um ritmo de 5,44%ao ano, ao passo que nos 14 anos p?s-estatuto a velocidade de crescimento foi de 0,85% ao ano, disse Samira.
(Reportagem de Rodrigo Viga Gaier)
Escrito por Redação
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