Inflação tem menor nível para março desde 1994, mas alimentação em casa acelera alta em meio a pandemia

Por Camila Moreira e Rodrigo Viga Gaier

S?O PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A infla??o oficial do Brasil registrou em mar?o o menor n?vel para o m?s desde 1994, mas ainda assim mostrou as consequ?ncias das medidas de isolamento devido ? pandemia do coronav?rus com aumento dos pre?os da alimenta??o em domic?lio.

Em mar?o, o ?ndice Nacional de Pre?os ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a alta a 0,07%, ante 0,25% no m?s anterior, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat?stica (IBGE) nesta quinta-feira.

O dado ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de avan?o de 0,15% e ? o mais fraco para um m?s de mar?o desde o in?cio do Plano Real em 1994.

A infla??o acumulada em 12 meses chegou a 3,30%, de 4,01% em fevereiro e contra expectativa de avan?o de 3,38%. O centro da meta de infla??o para este ano ? 4%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Os efeitos do coronav?rus no IPCA apareceram em dire??es diferentes. A pesquisa foi realizada entre os dias 3 a 30 de mar?o e ? primeira feita com pre?os coletados de forma remota.

?Esse resultado de mar?o tem os primeiros sinais de queda de demanda provocada pelo Covid-19 e isso tem mais for?a em pacotes tur?sticos e hospedagem pelo lado da queda', explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.

'Na alimenta??o em domic?lio se viu uma alta, com bares e restaurantes fechados as pessoas est?o comprando por estarem mais em casa. Os pre?os em casa subiram ou por maior demanda ou por restri??o de produtos', completou.

Se por um lado os pre?os das passagens a?rea e dos combust?veis ca?ram, comer em casa ficou mais caro em meio ?s medidas de prote??o no Brasil com isolamentos e fechamentos de empresas.

A maior alta foi do grupo Alimenta??o e bebidas de 1,13%, contra 0,11% em fevereiro.

Esse resultado foi ifluenciado principalmente pela alimenta??o no domic?lio, que passou de 0,06% em fevereiro para 1,40% em mar?o. Os destaques foram o ovo de galinha (4,67%), a batata-inglesa (8,16%), o tomate (15,74%), a cebola (20,31%) e a cenoura (20,39%).

?O coronav?rus teve efeito generalizado nos alimentos captados pelo IPCA. E n?o podemos descartar aumento da restri??o da oferta tamb?m, como cenoura e tomate', disse Kislanov.

Mas dos nove grupos de produtos e servi?os pesquisados, tr?s tiveram defla??o em mar?o e a maior contribui??o negativa foi dada por Transportes, com queda de 0,90% nos pre?os.

As passagens a?reas ca?ram 16,75%, enquantos combust?veis tivearam defla??o de 1,88% -- todos ca?ram em mar?o: etanol (-2,82%), ?leo diesel (-2,55%), gasolina (-1,75%) e g?s veicular (-0,78%).

'O coronav?rus teve mais press?o altista do que de queda. A queda dos combust?veis ? por conta do recuo do barril de petr?leo', disse o gerente da pesquisa.

Ainda do lado das quedas, os pre?os de Artigos de resid?ncia recuaram 1,08, enquanto Despesas pessoais, grupo que abrange pacotes tur?sticas e hospedagem, recuaram 0,23%.

Diante das incertezas relacionadas ao coronav?rus, o Banco Central reduziu a taxa b?sica de juros a 3,75%, nova m?nima hist?rica, e tanto a autarquia quanto o governo v?m adotando medidas econ?micas para tentar mitigar os potenciais devastadores impactos do v?rus.

O Minist?rio da Economia e o BC preveem atualmente estagna??o da atividade este ano, mas esses n?meros ainda devem ser revisados para baixo.

A pesquisa Focus realizada pelo BC com economistas mostra que a expectativa ? de a infla??o termine este ano a 2,72% e a economia encolha 1,18%, mas algumas casas j? preveem contra??o de mais de 3%.