Jornalistas da Reuters presos recorrem à Suprema Corte de Mianmar

Por Thu Thu Aung e Antoni Slodkowski

YANGON (Reuters) - Os advogados de dois rep?rteres da Reuters presos em Mianmar por viola??o de uma lei de segredos oficiais da era colonial recorreram ? Suprema Corte, nesta sexta-feira, contra a condena??o, e um grupo de direitos humanos disse que o governo aplica leis repressivas contra cr?ticos pac?ficos.

O recurso, que cita ind?cios de uma incrimina??o da pol?cia e a falta de provas de um crime, veio no momento em que a entidade Human Rights Watch, sediada em Nova York, disse que o governo da ganhadora do Nobel da Paz Aung San Suu Kyi acabou com as esperan?as de a primeira l?der democr?tica de Mianmar em d?cadas proteger a liberdade de express?o.

'Nossa peti??o pede ? Suprema Corte que finalmente fa?a justi?a a Wa Lone e Kyaw Soe Oo, reverta os erros dos tribunais inferiores e ordene a liberta??o dos nossos jornalistas', disse a Reuters em um comunicado.

Wa Lone, de 32 anos, e Kyaw Soe Oo, de 28, foram condenados a 7 anos de pris?o, em setembro, em um caso emblem?tico que provocou d?vidas sobre o progresso de Mianmar rumo ? democracia e causou revolta em muitos, de diplomatas a defensores dos direitos humanos.

Tamb?m nesta sexta-feira, Mianmar soltou da pris?o um policial que contou ao tribunal no ano passado como colegas seus plantaram documentos secretos nos dois rep?rteres para 'incrimin?-los'.

O policial, Moe Yan Naing, criticou a lei que levou ? sua puni??o.

'Esta lei disciplinar da pol?cia ? uma das leis que precisamos reformar enquanto estamos marchando no caminho rumo ? democracia', disse ele ao ser solto depois de cumprir cerca de nove meses de uma pena de um ano por violar a disciplina policial.

'Esta lei pode causar muito sofrimento ? pol?cia porque est? ultrapassada', disse ele aos rep?rteres do lado de fora da pris?o de Insein, nos arredores da capital comercial do pa?s, Yangon.

Indagado sobre como se sente em rela??o ?s pessoas que ordenaram sua pris?o, ele respondeu que se consolar? atrav?s da religi?o.

'Sou budista, consigo fazer as pazes com isso pelo caminho budista', disse, acrescentando que 'lamenta' pelos dois rep?rteres ainda presos.

A Human Rights Watch disse em um relat?rio que a liberdade de express?o vem se deteriorando desde que o governo de Suu Kyi tomou posse em 2016, e que persegui??es criam um 'clima de medo' entre os jornalistas.

'Aung San Suu Kyi e a Liga Nacional para a Democracia prometeram uma nova Mianmar, mas o governo ainda processa discursos e protestos pac?ficos e n?o revisou as velhas leis opressivas', disse a autora do relat?rio, Linda Lakhdhir, em um comunicado.