Leilão de energia contrata R$1,9 bi em usinas e tem recorde de preço para solares

Por Luciano Costa

S?O PAULO (Reuters) - Um leil?o de energia do governo brasileiro nesta sexta-feira surpreendeu ao contratar um volume de projetos ainda inferior ?s j? pessimistas expectativas de analistas, com a economia em passo lento e a migra??o de consumidores para o mercado livre impactando a demanda no certame.

O resultado, no entanto, ainda foi visto como amplamente positivo pelo governo, por viabilizar empreendimentos que dever?o demandar cerca de 1,9 bilh?o de reais em investimentos e pela marca de um recorde hist?rico para as usinas solares, que registraram o menor pre?o j? praticado pela fonte em licita??es no Brasil.

'O leil?o de hoje contratou exclusivamente usinas de fontes renov?veis, e o resultado representou um n?vel importante de investimentos, o que deve gerar cerca de 4,5 mil empregos no Brasil para as obras de constru??o das usinas', disse o secret?rio de Energia El?trica do Minist?rio de Minas e Energia, Ricardo Cyrino, em coletiva ap?s o preg?o, na sede da C?mara de Comercializa??o de Energia El?trica (CCEE).

O certame, conhecido como A-4 foi para empreendimentos que precisar?o entrar em opera??o at? 2023. No ano passado, o certame A-4 contratou 1 gigawatt, um volume que analistas colocavam como a expectativa para a licita??o desta semana, que acabou com menos da metade disso, quase 402 megawatts.

Segundo Cyrino, a demanda foi impactada pela migra??o de consumidores para o chamado mercado livre de energia, onde grandes clientes como ind?strias podem negociar energia diretamente com geradores e comercializadores.

'A expectativa recente do mercado j? era de uma demanda mais limitada, e a migra??o para o mercado livre tamb?m deve ter tido sua colabora??o... no leil?o de hoje, a maioria dos empreendedores vendeu apenas 30% de sua energia, a maioria deixou uma boa parcela para comercializar no ambiente livre, o que mostra que o mercado livre tamb?m tem viabilizado a expans?o da capacidade de gera??o de energia no Brasil', afirmou o secret?rio.

DISPUTA ACIRRADA

Com forte competi??o, influenciada pelos baixos volumes contratados, o certame registrou des?gio m?dio de 45% frente aos pre?os teto estabelecidos, com destaque principalmente para as solares, que bateram novo recorde, e as usinas e?licas, que viram os pre?os chegarem perto de m?nimas hist?ricas tocadas em 2018.

Entre as vencedoras estavam a For?a E?lica do Brasil, associa??o entre a espanhola Iberdrola e sua controlada Neoenergia , com duas usinas, a francesa Voltalia , com um projeto e?lico, al?m da Canadian Solar , com uma central fotovoltaica. As estatais Celesc e Cemig ainda viabilizaram uma pequena hidrel?trica cada.

Os empreendimentos solares contratados somaram uma capacidade instalada de 203,7 megawatts, em seis projetos, que dever?o exigir aportes de 856,2 milh?es de reais. A fonte chegou a negociar energia a 64,99 reais, bem abaixo dos cerca do m?nimo de 117 reais na licita??o de 2018.

J? as e?licas somaram 95 megawatts, em tr?s usinas, com pre?os de at? 79,92 reais por megawatt-hora --patamar pr?ximo, mas ainda superior aos 67 reais atingidos no leil?o A-4 do ano passado.

Foram viabilizadas no leil?o, ainda, cinco pequenas hidrel?tricas, com total de 81,3 megawatts em pot?ncia, e uma central de gera??o ? biomassa, com 21,4 MW.

O pre?o final m?dio do certame foi de 151,15 reais por MWh.

EMPRESAS

As e?licas contratadas dever?o receber investimentos de cerca de 532 milh?es de reais, sendo 86 milh?es do projeto da Voltalia e o restante, 446 milh?es, das usinas da For?a E?lica.

Na fonte solar, a Canadian Solar fechou parceria com a CEI Energ?tica para uma usina de 40 megawatts, que dever? exigir aportes de 177,8 milh?es de reais. As demais usinas solares vitoriosas s?o da Enerlife Energias, que dever? colocar 678 milh?es de reais nos projetos.

A pequena hidrel?trica da Cemig, com 20,8 megawatts, representa uma expans?o de projeto existente e est? or?ada em 143 milh?es de reais, enquanto a usina h?drica viabilizada pela Celesc ter? 8,3 megawatts e dever? exigir 37 milh?es de reais.

Como compradoras, participaram do certame apenas duas distribuidoras de eletricidade-- a Light , da Cemig, que ficou com 91,5% do volume negociado, e a CPFL Santa Cruz, da CPFL , controlada pela chinesa State Grid [STGRD.UL], com 8,5% do total.

(Por Luciano Costa)