Liquidez no mercado de energia cai mais de 30% com comercializadoras em dificuldades
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Por Luciano Costa
S?O PAULO (Reuters) - A liquidez das opera??es no mercado de eletricidade do Brasil caiu mais de 30 por cento neste m?s, em meio a uma tens?o geral disparada por problemas financeiros de algumas comercializadoras de energia, disse ? Reuters um executivo da plataforma eletr?nica de negocia??o de contratos BBCE.
O primeiro relato de dificuldades, no in?cio de janeiro, foi da Vega Energy, uma empresa de 'trading' fundada no ano passado que realizou cerca de 180 milh?es de reais em vendas de energia a descoberto para entrega em 2019, mas depois admitiu n?o ter como cumprir os compromissos, alegando ter sido pega no contrap? por uma alta nos pre?os spot da energia neste ano.
O caso gerou temor de que mais empresas pudessem ser afetadas, uma vez que a frustra??o de entregas pela Vega deixa outros agentes do mercado expostos ? necessidade de comprar energia aos pre?os spot, que est?o elevados, ap?s chuvas fracas na ?rea das hidrel?tricas, principal fonte de gera??o do Brasil.
A crise de confian?a atingiu um segmento que vem registrando forte expans?o nos ?ltimos anos, impulsionada por expressivos lucros das comercializadoras, em sua maioria pequenas e m?dias empresas, em um setor que conta tamb?m com gigantes como a unidade de comercializa??o da Engie, do banco BTG Pactual e de empresas como a el?trica EDP e Votorantim.
As preocupa??es aumentaram ap?s not?cias de que as comercializadoras Linkx e FDR Energia iniciaram renegocia??es de contratos com alguns clientes, alegando que foram impactadas pela crise de confian?a no mercado.
'Afetou a liquidez, realmente. Estamos a? com alguma coisa em torno de 30 por cento, 35 por cento de redu??o, que a gente j? percebeu', disse ? Reuters o presidente da BBCE, Victor Kodja.
A queda na liquidez est? associada a um forte aumento na cautela dos agentes de mercado, que passam a olhar com lupa as contrapartes com quem praticam neg?cios, muitas vezes vetando opera??es com empresas menores ou vistas como sob risco.
'Com certeza, de imediato, a gente ver? uma postura mais r?gida dos grandes agentes que operavam com pequenas comercializadoras. Ent?o vai haver uma restri??o maior de cr?dito por parte das empresas', disse nesta quarta-feira o presidente da Engie Brasil Energia, Eduardo Sattamini.
Segundo Kodja, da BBCE, a tens?o ainda deve seguir sobre o mercado nos pr?ximos meses, uma vez que os contratos para entrega em fevereiro e mar?o t?m risco ainda maior de serem descumpridos por empresas que venderam energia sem lastro ou por agentes afetados por elas.
Isso porque os pre?os spot dispararam principalmente em fevereiro, quando chegaram a tocar o teto regulat?rio, e devem permanecer altos em mar?o, a n?o ser que haja uma forte virada no cen?rio de chuvas.
A liquida??o financeira dessas opera??es dever? ser realizada pela C?mara de Comercializa??o de Energia El?trica (CCEE) em abril e maio.
'Para entender melhor os pr?ximos passos e desdobramentos, tem que ver a liquida??o de fevereiro, que ? o problema, e talvez mar?o. S?o os dois meses mais cr?ticos', apontou Kodja.
PEQUENOS NO ALVO
Durante evento em S?o Paulo, o presidente da Engie Brasil Energia disse que a atual situa??o de tens?o no mercado deveria servir de aprendizado e levar ao aperfei?oamento de algumas regras, principalmente para evitar que comercializadoras pequenas fiquem alavancadas demais e depois n?o tenham como honrar compromissos.
Ele admitiu que a pr?pria Engie chegou a ser atingida e precisou recomprar energia para cobrir impactos decorrentes dos problemas das comercializadoras, embora o efeito seja marginal para a empresa, que ? l?der no mercado de comercializa??o e maior agente privado de gera??o do Brasil.
'Em um mercado normal, ningu?m consegue uma opera??o alavancada dessa forma, precisa de um cr?dito de algu?m para isso. Ent?o a gente talvez tenha que partir para uma regulamenta??o mais r?gida desses pequenos', disse Sattamini.
Ele sugeriu como poss?veis medidas um aumento das exig?ncias de capital m?nimo para a abertura de comercializadoras, hoje em 1 milh?o de reais, a exig?ncia de dep?sitos de garantias e chamadas de margem, como ocorre no mercado financeiro.
O setor de comercializa??o de energia teve um crescimento recorde em 2018, quando 51 novas comercializadoras foram abertas, a maior parte delas focadas nas opera??es de compra e venda, ou 'trading'.
O movimento, impulsionado por fortes lucros no setor em anos anteriores, representou expans?o de 23 por cento, e levou o n?mero de comercializadoras no mercado a somar 270 empresas.
(Por Luciano Costa)
Escrito por Redação
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