Mercado de US$5 bi, Europa alerta para riscos de fim da Moratória da Soja na Amazônia
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Por Roberto Samora
S?O PAULO (Reuters) - Um movimento da Associa??o Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja) para acabar com a chamada Morat?ria da Soja na Amaz?nia coloca em risco um mercado de mais de 5 bilh?es de d?lares por ano do Brasil na Europa, afirmou ? Reuters uma dirigente da Fediol, a associa??o das ind?strias de ?leos vegetais e farelos da Uni?o Europeia.
Se europeus considerarem que o Brasil encerrou um programa tido como importante meio para evitar desmatamentos por press?o da soja, os brasileiros poderiam perder mercados na Europa para os Estados Unidos e Argentina, segundo avalia??o da ind?stria.
Para a Fediol, a Morat?ria da Soja, que pro?be a compra de gr?os cultivados em ?reas desmatadas no bioma amaz?nico ap?s 2008, ? a '?nica ferramenta que oferece garantias de que o desflorestamento legal, mas tamb?m o ilegal, n?o est? acontecendo' por press?o da safra, disse Nathalie Lecocq, diretora-geral da associa??o, que representa processadores de gr?os, refinadores e engarrafadores de ?leos vegetais.
Do Brasil, os pa?ses da Uni?o Europeia importaram cerca de 5 milh?es de toneladas de soja em 2018, ou 6% de toda a exporta??o brasileira, que atingiu um recorde no ano passado.
Mas ? o farelo de soja o principal produto nacional exportado aos europeus, que ficaram com cerca de metade dos embarques totais do pa?s, de quase 17 milh?es de toneladas na temporada anterior.
'O (eventual) fim da Morat?ria da Soja pode sim impactar severamente os usu?rios de soja e farelo do Brasil na Europa, considerando que existem operadores que incluem nos contratos a refer?ncia ? morat?ria...', disse Lecocq.
As empresas ligadas ? Fediol incluem multinacionais do agroneg?cio, como ADM, Bunge e Cargill.
Segundo a dirigente, implica??es espec?ficas no mercado pelo poss?vel fim da morat?ria teriam que ser analisadas caso a caso, mas '? ineg?vel que exig?ncias ambientais se tornam crescentemente importantes para companhias e v?o continuar como um importante fator no futuro'.
Para Lecocq, h? um senso de 'urg?ncia' na Europa, mas tamb?m em outras regi?es do planeta, de que se deve evitar mais degrada??o de ?reas com grande biodiversidade, particularmente de florestas.
'Se as coisas sa?rem do controle, como os recentes dados de desmatamento demonstraram, ? prov?vel que aumente a press?o para a UE tomar medidas restritivas ? soja brasileira', disse ela.
O desmatamento na floresta amaz?nica brasileira atingiu neste ano o maior n?vel em mais de uma d?cada, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), apontando que a ?rea desmatada cresceu 29,5% nos 12 meses encerrados em julho, totalizando 9.762 quil?metros quadrados.
'N?o responder a essa preocupa??o poder? exacerbar a rejei??o da soja do Brasil e outros produtos dessa origem, como temos visto fortemente em rela??o a outros produtos tropicais, como o ?leo de palma em certos mercados da Europa', acrescentou.
A Morat?ria, encabe?ada pela Associa??o Brasileira das Ind?strias de ?leos Vegetais (Abiove), tem sido citada por ambientalistas e integrantes do setor como um movimento que evita desmatamento por press?o da soja.
A cr?tica ? morat?ria, um pacto de mais de uma d?cada das principais tradings que negociam commodities agr?colas, ganhou for?a com a chegada de Jair Bolsonaro ao poder, conforme reportou a Reuters no in?cio do m?s.
A associa??o de sojicultores Aprosoja, por sua vez, defende ideias do presidente da Rep?blica, de que atividades como a agricultura, dentro da lei, s?o importantes para o desenvolvimento econ?mico da regi?o.
Para a associa??o de produtores, cujas ideias v?m ganhando apoio de integrantes do governo Bolsonaro, o Brasil tem uma das legisla??es ambientais mais severas, e o produtor pela lei s? pode utilizar para agricultura 20% de sua propriedade na Amaz?nia. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, chegou a afirmar recentemente que a morat?ria ? um 'absurdo'.
VAI COMPRAR ONDE?
Para a Fediol, entretanto, os consumidores europeus est?o mais conscientes de quest?es que impactam as mudan?as clim?ticas, como o desmatamento, e 'hoje est?o esperando que a UE garanta ofertas de produtos sem desflorestamento'.
'A Morat?ria da Soja da Amaz?nia permite que n?s, e aos consumidores do farelo de soja do Brasil, continuemos a originar dessa regi?o, e garante com precis?o que a soja n?o ? mais um 'driver' de desflorestamento do bioma amaz?nico', disse ela, em linha com discurso da Abiove.
Procurado na sexta-feira, o presidente da Aprosoja Brasil, Bartolomeu Braz Pereira, disse que a vis?o do setor produtivo ? de que apenas as associadas da Abiove e da Fediol ganham com tal morat?ria, e que est? sendo elaborado um estudo para questionar a morat?ria no ?rg?o antitruste nacional, o Cade.
'Estamos buscando documentos junto aos produtores, onde teve produ??o embargada pela morat?ria, e a gente viu que fere legisla??o nacional, para entramos no Cade, e tem uma chance grande de acabar com essa morat?ria', afirmou Pereira.
Ele ressaltou que os compradoras de soja deveriam 'pagar pelas reservas legais que est?o sob zelo dos produtores a custo alto'.
Questionado, ele minimizou riscos apontados pela Fediol de um eventual embargo ? soja do Brasil, o maior exportador global da oleaginosa.
'Vai comprar onde a soja, se n?o comprar do Brasil? Em Marte, na lua? N?o existe soja mais sustent?vel que a brasileira, essa morat?ria fez com que eles ganhassem dinheiro. Vai comprar ?leo de palma? ?leo de palma tamb?m ? sustent?vel??, comentou, citando a palma, que muitos dizem ser vetor do desmatamento em florestas tropicais mundo afora.
Entretanto, o presidente da Abiove, Andr? Nassar, afirma que h? sim o risco de o Brasil perder mercado para seus concorrentes. Segundo ele, a guerra comercial mostrou isso, quando os europeus elevaram em 68,5% as compras de soja norte-americana em 2018, para 8,5 milh?es de toneladas, uma vez que chineses estavam comprando tudo o que podiam no Brasil.
No mesmo ano, as aquisi??es de farelo dos EUA pela Europa cresceram 280%, para 816 mil toneladas.
Ele disse ainda que a Argentina, maior exportador global de farelo de soja, poderia ocupar o grande mercado que o Brasil tem na Europa.
Para Nassar, a soja s? ? considerada um produto agr?cola de baixo risco para desmatamento pela Europa por conta da morat?ria, e por isso a associa??o buscar? manter tal programa.
(Por Roberto Samora)
Escrito por Reuters
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