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Mesmo com cortes, Vale poderá ter vendas de minério em 2019 quase iguais a 2018

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Por Marta Nogueira e Roberto Samora

RIO DE JANEIRO/S?O PAULO (Reuters) - A mineradora Vale poderia vender at? cerca de 20 por cento menos min?rio de ferro que o anteriormente programado para 2019, devido aos impactos relacionados ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, que deixou mais de 300 mortos e provocou a paralisa??o de diversas minas da empresa.

Isso porque, no cen?rio 'mais conservador', a companhia calcula um impacto de 75 milh?es de toneladas nas vendas anuais, que anteriormente estavam estimadas em 382 milh?es de toneladas em 2019, de acordo com dados apresentados nesta quinta-feira pelo diretor-executivo de Finan?as e Rela??es com Investidores da mineradora, Luciano Siani, em teleconfer?ncia com analistas.

Se esse cen?rio se confirmar, as vendas ficariam praticamente est?veis ante 2018, quando atingiram cerca de 309 milh?es de toneladas.

A Vale tem atualmente cerca de 93 milh?es de toneladas/ano de capacidade de produ??o congelada, por iniciativa pr?pria ou determina??o de autoridades, enquanto h? um aumento das exig?ncias de seguran?a em estruturas para armazenar rejeitos de min?rio ap?s a trag?dia.

'Sobre retomada de produ??o, essa n?o ? a prioridade da companhia, a prioridade ? a seguran?a das opera??es, das pessoas e das comunidades, mas eu tenho o dever de passar para voc?s estimativas', afirmou Siani, durante teleconfer?ncia ap?s a publica??o dos resultados do quatro trimestre.

Para analistas do Credit Suisse, a posi??o sinalizada pela Vale de colocar a produ??o em segundo plano ? perfeitamente compreens?vel e sensata, mas tamb?m significa que os impactos na opera??o e nas vendas podem superar as expectativas do mercado.

'Por enquanto, continuamos a ver os pre?os do min?rio de ferro mais do que compensando as perdas de lucros decorrentes das perdas nos embarques', afirmaram os analistas Caio Ribeiro e Rafael Cunha, em nota a clientes.

?s 14:28, os pap?is da mineradora cediam 1,63 por cento, enquanto o Ibovespa subia 2,4 por cento. No come?o do preg?o, as a??es chegaram a avan?ar 2 por cento.

Em um cen?rio mais otimista para a companhia, Siani estimou que as vendas deste ano ficariam 50 milh?es de toneladas abaixo do programado, o que permitiria negocia??es de 332 milh?es de toneladas este ano, um crescimento de mais de 20 milh?es ante 2018.

Apesar de considerar a possibilidade de um cen?rio 'otimista', o executivo ponderou que 'conservadoramente' a empresa est? trabalhando com a possibilidade de impacto de 65 milh?es a 75 milh?es de toneladas na comercializa??o.

Os cortes de produ??o da empresa, maior produtora global de min?rio de ferro, t?m contribu?do com uma alta dos pre?os da commodity na China, que por sua vez acabam por reduzir impactos financeiros para a companhia.

Por raz?es estrat?gicas, o executivo afirmou que n?o poderia detalhar os planos para a utiliza??o de estoques e para o ritmo de produ??o.

Ele detalhou, entretanto, que a oferta de 'Brazilian Blend Fines', principal produto da companhia fruto de uma mistura de diferentes min?rios da empresa que eleva a sua qualidade, ser? priorizada e mantida est?vel, enquanto os volumes contratuais de Caraj?s (Par?) ser?o garantidos.

Por outro lado, volumes excedentes do min?rio de ferro de alta qualidade de Caraj?s, que seriam ofertados no mercado ? vista, precisar?o ser consumidos em misturas, devido aos cortes de produ??o realizados, informou.

'A produ??o a seco dos demais complexos deve ser blendada com Caraj?s excedente que n?s t?nhamos neste ano, que n?s ?amos praticamente vender no 'spot', buscar outros mercados. Esse Caraj?s excedente vai absorver a produ??o de pior qualidade para montar o 'blend'', afirmou.

'Na pr?tica, o que vamos ter ? menos Caraj?s livre e uma oferta constante de Brazilian Blend; e menos produtos de nicho e tamb?m obviamente decr?scimo do volume de pelotas.'

RETORNO DE OPERA??ES

Das minas que est?o paralisadas, Siani afirmou que Brucutu (sua maior produtora de Minas Gerais) poderia ter seu retorno ? produ??o em um prazo mais curto, embora n?o tenha dado certeza.

'Temos muita seguran?a que ela vai passar em 31 de mar?o pelos testes de seguran?a e que, portanto, vamos fazer um di?logo com autoridades para que possamos operar a mina de Brucutu', afirmou.

Caso n?o haja sucesso com as autoridades, o executivo pontuou que ir? trabalhar em uma outra solu??o para a disposi??o de rejeitos da atividade, que poderia levar ainda um pouco mais de tempo.

(Por Marta Nogueira, no Rio de Janeiro, e Roberto Samora, em S?o Paulo; reportagem adicional de Paula Laier, em S?o Paulo)

Escrito por Redação

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