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Militares venezuelanos relatam aumento de deserções para o Brasil

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Por Anthony Boadle

PACARAIMA (Reuters) - Militares da Venezuela est?o desertando para o Brasil e a Col?mbia em n?mero cada vez maior, ao se recusarem a acatar ordens para reprimir protestos contra o governo do presidente Nicol?s Maduro, disseram seis deles ? Reuters.

Uma tenente e cinco sargentos da Guarda Nacional, a principal for?a usada pelo governo Maduro para reprimir as manifesta??es, disseram que a maioria est? indo para a Col?mbia, a fronteira mais acess?vel, mas outros partiram tamb?m para o Brasil, como eles mesmos.

As autoridades de imigra??o colombianas disseram que cerca de 1.400 militares da Venezuela desertaram para a Col?mbia neste ano, e o Ex?rcito brasileiro disse que mais de 60 membros das For?as Armadas venezuelanas emigraram para o Brasil desde que Maduro fechou a fronteira em 23 de fevereiro para frustrar um esfor?o da oposi??o para levar ajuda humanit?ria ao pa?s.

'A maioria dos militares que est?o partindo ? da Guarda Nacional. Eles continuar?o vindo. Mais deles querem partir', disse uma tenente da Guarda Nacional no in?cio deste m?s. Ela tinha acabado de cruzar para o Brasil a p?, chegando ? cidade fronteiri?a de Pacaraima depois de caminhar durante horas por trilhas de ind?genas.

Autoridades dos dois pa?ses disseram que o ritmo das deser??es aumentou nos ?ltimos meses, quando os tumultos pol?ticos e econ?micos na Venezuela se agravaram.

Os desertores, que pediram para omitir os nomes por causa do temor de repres?lias contra suas fam?lias, se queixaram de que comandantes venezuelanos de alto escal?o vivem bem gra?as aos sal?rios altos e ?s comiss?es recebidas do contrabando e de outros esquemas do mercado negro, enquanto os oficiais de baixa patente enfrentam conflitos nas ruas da na??o recebendo pouco.

'Eles j? levaram as fam?lias para morarem fora. Eles vivem bem, comem bem, t?m bons sal?rios e lucram com a corrup??o', disse a tenente.

O Minist?rio da Informa??o do governo da Venezuela, que est? encarregado de atender a m?dia, n?o respondeu a pedidos de coment?rio para esta reportagem.

Em fevereiro, o embaixador de Maduro na Organiza??o das Na??es Unidas (ONU), Samuel Moncada, disse em uma reuni?o do Conselho de Seguran?a que a quantidade de deser??es de militares tem sido exagerada. ? ?poca, o porta-voz do Minist?rio das Rela??es Exteriores, William Castillo, disse que s? 109 dos 280 mil membros das For?as Armadas desertaram durante o governo Maduro.

Um sargento venezuelano, que vestiu o uniforme da Guarda Nacional com orgulho para dar uma entrevista em um quarto de hotel de Pacaraima, disse que n?o conseguia sustentar os dois filhos pequenos com um sal?rio equivalente a cerca de 10 d?lares por m?s.

'Arrisc?vamos nossas vidas demais pelo pouco que receb?amos', afirmou. 'Parti por causa disso e das ordens ruins que os oficiais de comando estavam nos dando'.

O chefe do Congresso de maioria opositora da Venezuela, Juan Guaid?, apoiado pela maioria das na??es ocidentais, est? tentando depor Maduro com a justificativa de que a reelei??o do presidente socialista em 2018 foi ileg?tima.

Mas comandantes de alta patente das For?as Armadas continuam leais a Maduro porque ganham bem em d?lar e t?m muito a perder abandonando-o, de acordo com desertores da Guarda Nacional.

Maduro colocou chefes militares em postos de alto n?vel em estatais para que n?o se voltem contra ele, segundo um tenente.

'Maduro sabe que, se retir?-los destes postos, os militares lhe dar?o as costas e podem tir?-lo com um golpe', disse.

Maduro qualificou Guaid? como um fantoche dos Estados Unidos, e atribui os problemas econ?micos do pa?s ?s san??es norte-americanas.

PRESOS DE UNIFORME

A rebeli?o nos escal?es intermedi?rios da Guarda Nacional foi contida por meio da intimida??o e de amea?as de retalia??o contra familiares dos oficiais, contaram os desertores ? Reuters. Eles disseram que os telefones de efetivos militares suspeitos de nutrir sentimentos anti-Maduro foram grampeados para que seu comportamento seja observado.

Como as deser??es est?o em alta e o apoio a Maduro em baixa, o governo vem usando grupos de civis armados, conhecidos como 'coletivos', para aterrorizar os oponentes de Maduro, relataram os entrevistados. Grupos de direitos humanos da Venezuela alertaram para os epis?dios crescentes de viol?ncia perpetrados pelos grupos de militantes.

O governo tamb?m soltou presidi?rios e os vestiu com uniformes da Guarda Nacional, para desgosto de soldados com anos de servi?o militar, disseram os seis desertores. N?o est? claro se os ex-presos ou militantes s?o pagos pelo governo.

Uma escassez de alimento, ?gua e rem?dios, somada a blecautes prolongados, aumentou a sensa??o de anarquia no pa?s, opinaram os desertores.

O sargento uniformizado disse temer um derramamento de sangue causado pelos 'coletivos' que tentam manter Maduro no poder se as For?as Armadas resistirem ?s ordens governamentais para reprimir protestos.

'N?o haver? soldados com cora??o de pedra suficientes para disparar nas pessoas', disse. 'N?s, militares, sabemos que entre as multid?es nas ruas h? parentes nossos protestando por liberdade e um futuro melhor para a Venezuela.'

(Reportagem adicional de Leonardo Benassatto e Pilar Olivares, em Pacaraima; Helen Murphy, em Bogot?; e Vivian Sequera, em Caracas)

Escrito por Redação

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