Ministra vê chance de país voltar a vender carne aos EUA e 'bom' Plano Safra

Por Jos? Roberto Gomes

S?O PAULO (Reuters) - O Brasil tem boas expectativas quanto ? reabertura do mercado norte-americano ? carne bovina in natura do pa?s, disse nesta ter?a-feira a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, ?s v?speras de sua viagem aos Estados Unidos em comitiva com o presidente Jair Bolsonaro.

'Acho que ? boa (a expectativa). Estamos levando, preparando a? toda uma documenta??o e vamos ver se se retoma aquela abertura j? existente (no passado), para que todo o nosso parque de frigor?ficos possa exportar para os EUA', afirmou ela a jornalistas durante o congresso Anufood Brazil, evento do setor de alimentos e bebidas, em S?o Paulo.

Indagada sobre eventuais contrapartidas que o Brasil ter? de assumir neste assunto, Tereza disse que n?o poderia comentar.

Os EUA suspenderam os embarques de carne bovina in natura do Brasil em meados de 2017, ap?s alguns lotes com inconformidades, como abcessos (caro?os), terem sido reportados por Washington.

O governo vem desde ent?o tentando reabrir o mercado norte-americano, o que daria um status de seguran?a ao produto brasileiro vendido no exterior.

Al?m disso, havia expectativa do setor de que os EUA poderiam ser grandes compradores do produto do Brasil, que tem ampla oferta da carne de dianteiro do gado, usada para fazer hamb?rguer, produto altamente consumido nos EUA.

Segundo Tereza, o Brasil apenas espera a 'boa vontade' dos EUA ap?s ter cumprido com tudo o que foi pedido pelos norte-americanos.

O Brasil ? o maior exportador mundial de carne bovina, tendo exportado um recorde superior a 1,6 milh?o de toneladas em 2018, conforme dados da associa??o das ind?strias exportadoras Abiec.

Al?m da carne bovina, outros temas que o Brasil colocar? sobre a mesa nas conversas com os EUA ser?o a abertura daquele mercado ao a??car nacional e as taxas sobre o etanol norte-americano.

Na v?spera, entrevista da Reuters com o novo presidente da Uni?o da Ind?stria de Cana-de-a??car (Unica) mostrou que o setor demanda a an?lise sobre a??car para se rediscutir a taxa??o do biocombust?vel dos EUA por aqui.

Tereza ponderou que n?o h?, por ora, nenhuma sinaliza??o de que Washington vai aceitar discutir esse tema.

PLANO SAFRA

A ministra da Agricultura afirmou ainda que n?o haver? mais aloca??es de recursos para o atual Plano Safra 2018/19, ap?s recentes 6 bilh?es de reais para pr?-custeio e custeio, e que o objetivo ? apresentar a programa??o de 2019/20 o 'mais breve poss?vel, para trazer tranquilidade, previsibilidade ao setor, que anda preocupado'.

Segundo ela, os minist?rios da Agricultura e da Economia ainda est?o negociando o Plano Safra 2019/20. Tereza n?o deu prazo para o an?ncio.

'N?o tenho d?vida de que n?s teremos um Plano Safra, se n?o for aquele que a gente quer, mas n?s vamos ter um Plano Safra bom... O governo do presidente Jair Bolsonaro sabe que o motor da nossa economia ainda est? no agroneg?cio brasileiro', afirmou.

Na v?spera, em evento do setor no Rio Grande do Sul, a ministra disse que j? est?o garantidos os mesmos valores do atual Plano Safra para a pr?xima temporada. Mas ela ressaltou ter esperan?a de 'ganhar um pouco mais'.

Inicialmente, o governo ofereceu 194,37 bilh?es de reais para o Plano Safra 2018/19, o que n?o inclui 6 bilh?es de reais anunciados recentemente.

Em Bras?lia, a ministra afirmou ao final do m?s passado que a agricultura empresarial teria dispon?veis no m?nimo 200 bilh?es de reais para financiamentos no novo Plano Safra.

Tereza reafirmou que trabalha por uma subven??o ao seguro rural de 1 bilh?o de reais, ap?s 600 milh?es no ciclo vigente, e destacou que, 'de repente, o Paulo Guedes (ministro da Economia), d? uma boa surpresa para a gente'.

Em sua avalia??o, ao se ampliar o seguro rural, diminui-se a incerteza nas opera??es, o que pode contribuir para a queda das taxas de juros e maior participa??o de institui??es privadas.

MAIS VALOR

A ministra da Agricultura disse que quer ver o Brasil agregar mais valor aos seus produtos exportados.

'Temos uma enormidade de produtos e de ind?strias hoje, e a gente quer cada vez mais agregar valor aos nossos produtos. ? claro que ? muito bom sermos um grande exportador de soja, de milho, de algod?o, mas se a gente puder agregar valor e industrializar aqui, come?ar de maneira mais intensa isso, acho que ? muito melhor para o Brasil, pois daremos empregos aos brasileiros?, disse.

Entre outros assuntos, Tereza disse achar que a discuss?o sobre a mudan?a da embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusal?m, o que poderia desagradar pa?ses isl?micos, importantes compradores de carne halal, 'ser? postergada'.

Ela comentou ainda que far? viagem ? China 'em breve para mostrar que o Brasil ? parceiro e que quer continuar sendo'.

Os coment?rios sobre a embaixada e o outro sobre a China ocorrem ap?s inicialmente Bolsonaro ter indicado mudan?as ou apontado a possibilidade de restri??es ? atua??o de chineses no Brasil, especialmente na ?rea de energia, o que assustou empres?rios do grande parceiro comercial brasileiro.