MPF denuncia jornalista Glenn Greenwald e outras 6 pessoas por invasão de celulares de autoridades
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Por Ricardo Brito
BRAS?LIA (Reuters) - O Minist?rio P?blico Federal em Bras?lia apresentou den?ncia nesta ter?a-feira contra o jornalista Glenn Greenwald e outras seis pessoas por envolvimento no cometimento de crimes relacionados ? invas?o de celulares de autoridades brasileiras, informou o ?rg?o em comunicado e na ?ntegra da acusa??o.
Para o MPF, ficou comprovado que Greenwald, embora n?o fosse alvo das investiga??es e nem tenha sido indiciado pela Pol?cia Federal que apurou o caso, 'auxiliou, incentivou e orientou o grupo durante o per?odo das invas?es'.
Em email ? Reuters, o jornalista afirmou que a den?ncia ? uma 'tentativa ?bvia de atacar a imprensa livre em retalia??o ?s revela??es que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro'.
O MP acusou os denunciados --que em sua maioria foram presos durante as investiga??es da Opera??o Spoofing, deflagrada pela Pol?cia Federal-- e pede a condena??o por intercepta??es telef?nicas e de outros aparelhos obtidos de forma ilegal. Com exce??o do jornalista, os demais tamb?m v?o responder pelo crime de lavagem de dinheiro. Greenwald tamb?m foi denunciado pelo crime de associa??o criminosa.
O conte?do das mensagens foi objeto de uma s?rie de reportagens desde junho do ano passado pelo site The Intercept Brasil, editado por Greenwald, em colabora??o com outros ve?culos e levantou a suspeita de que procuradores da Rep?blica e o hoje ministro da Justi?a, Sergio Moro, quando atuava como juiz da opera??o Lava Jato, teriam atuado de forma irregular. Eles negam.
Segundo a acusa??o, na an?lise de um computador apreendido com autoriza??o judicial foi encontrado um di?logo entre o jornalista e outro denunciado. A conversa, disse a pe?a acusat?ria, ocorreu logo ap?s a invas?o do celular de Sergio?Moro.
No ?udio, segundo o MPF, esse denunciado deixa claro que as invas?es estavam sendo realizadas e pede orienta??es ao jornalista a respeito da possibilidade de 'baixar' o conte?do das mensagem do Telegram de outras pessoas antes da publica??o pelo The Intercept Brasil.
'Greenwald, ent?o, indica que o grupo criminoso deve apagar as mensagens que j? foram repassadas para o jornalista de forma a n?o lig?-los ao material il?cito, 'caracterizando clara conduta de participa??o auxiliar no delito, buscando subverter a ideia de prote??o a fonte jornal?stica em uma imunidade para orienta??o de criminosos'', diz o MPF na acusa??o, ao sustentar que o jornalista, diferentemente da tese por ele apresentada, recebeu o material de origem il?cita, enquanto a organiza??o criminosa ainda praticava os crimes.
O procurador da Rep?blica no Distrito Federal Wellington Divino de Oliveira, respons?vel pela den?ncia, vai encaminhar c?pia da den?ncia ??Procuradoria-Geral da Rep?blica a fim de subsidiar eventual pedido de revoga??o de liminar concedida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que impede investiga??es contra o jornalista.
No email ? Reuters, Greenwald afirma ainda que a den?ncia ? tamb?m um ataque ao STF, que determinou em liminar que ele n?o poderia ser investigado, assim como ?s conclus?es da Pol?cia Federal, que n?o apontaram ind?cio de que ele tenha cometido crime.
'H? menos de dois meses, a Pol?cia Federal --examinando as mesmas evid?ncias citadas pelo Minist?rio P?blico-- estabeleceu explicitamente que, n?o apenas nunca cometi qualquer crime, mas tamb?m que eu exerci extrema cautela como jornalista e nunca me aproximei de qualquer participa??o. At? mesmo a Pol?cia Federal, sob comando do ministro Moro, disse o que ? claro para qualquer pessoa racional: n?o fiz nada mais do que o meu trabalho como jornalista --eticamente e dentro da lei', escreveu o jornalista em sua resposta, enviada em ingl?s.
'N?o seremos intimidados por essas tentativas tir?nicas de silenciar jornalistas. Estou neste momento trabalhando em novas reportagens e continuarei a faz?-lo', acrescentou.
(Reportagem adicional de Anthony Boadle)
Escrito por Reuters
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