Lava Jato investiga contratos de afretamento da Petrobras com Maersk
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Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Pol?cia Federal e o Minist?rio P?blico Federal deflagraram nesta quarta-feira nova fase da opera??o Lava Jato para ampliar as investiga??es sobre contratos de afretamento de navios fechados pela Petrobras em valores que ultrapassam 6 bilh?es de reais, por suspeitas de corrup??o e propina para favorecimento das empresas Maersk, Tide Maritime e Ferchem, disseram as autoridades.
De acordo com o MPF, a for?a-tarefa da Lava Jato investiga suspeita de pagamento de subornos de ao menos 3,4 milh?es de d?lares em raz?o de 11 contratos da Maersk com a Petrobras com valores totais de 592 milh?es de reais.
Tamb?m s?o objeto de investiga??o contratos de afretamento celebrados pela Petrobras com intermedia??o de Tide Maritime e Ferchem, que figuram em contratos com vig?ncia para al?m de 2020 em valores globais superiores a 100 milh?es de d?lares.
'A situa??o que ensejou as buscas no caso da Maersk ? que, para al?m do direcionamento de contratos, a gente conseguiu verificar que a Maersk optou pela contrata??o de um broker totalmente inexperiente, sem qualquer v?nculo pr?vio com atua??o no setor. Por que uma empresa t?o grande faria algo in?bil?', disse o procurador Marcelo Ribeiro em entrevista coletiva, em Curitiba, sobre a opera??o.
Segundo ele, o broker em quest?o era ligado ao ent?o diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que denunciou o esquema em seu acordo de colabora??o premiada.
'Um dos anexos do Paulo Roberto Costa em sua dela??o mostra uma parceria com esse corretor da Maersk, e que ele recebia a comiss?o, em tese leg?tima, e a dividia com Paulo Roberto Costa, que fornecia informa??es privilegiadas, favorecia a empresa a posicionar melhor os seus navios e fazer os melhores contratos com a Petrobras', acrescentou.
No total, entre 2002 e 2012, a Maersk e suas subsidi?rias celebraram 69 contratos de afretamento com a Petrobras, no valor aproximado de 968 milh?es de reais, de acordo com a Lava Jato.
A Maersk, maior empresa de transporte mar?timo do mundo, confirmou que seus escrit?rios no Rio de Janeiro e em S?o Paulo foram alvos de buscas efetuadas pela PF nesta quarta-feira, e acrescentou que vai cooperar com as autoridades.
Entre as outras empresas investigadas na nova fase da Lava Jato, a Tide Maritime figurou em 87 contratos de afretamento mar?timo celebrados com a Petrobras, entre 2005 e 2018, totalizando cerca de 2,8 bilh?es de reais, e a Ferchem intermediou ao menos 114 contratos de afretamento mar?timo na estatal, num valor total superior a 2,7 bilh?es de reais, entre 2005 e 2015.
'H? suspeitas de que algumas empresas teriam sido beneficiadas com informa??es privilegiadas acerca da programa??o de contrata??o de navios utilizados para transporte mar?timo de petr?leo e derivados da empresa, de forma que tiveram valiosa vantagem competitiva na capta??o dos neg?cios. Em contrapartida, h? evid?ncias de pagamentos de propina a empregados da empresa p?blica', disse a PF em nota.
De acordo com a Pol?cia Federal, s?o investigados empregados da Petrobras e pessoas e empresas que aparecem nos neg?cios firmados pela petroleira como brokers, que teriam corrompido funcion?rios da estatal para garantir neg?cios de fornecimento de transporte de produtos.
A Pol?cia Federal informou que foram expedidos pela Justi?a 12 mandados de busca e apreens?o, sendo 1 em S?o Paulo, 10 no Rio de Janeiro e 1 em Niter?i (RJ), com o objetivo de colher evid?ncias do envolvimento de empregados vinculados ? Diretoria de Abastecimento e Log?stica e Ger?ncia de Afretamentos da Petrobras com atos de corrup??o e lavagem de dinheiro, al?m das outras empresas suspeitas de envolvimento.
A Petrobras afirmou, em nota oficial, que trabalha em colabora??o com as autoridades que conduzem a Lava Jato, e ? reconhecida pelo pr?prio Minist?rio P?blico Federal e pelo Supremo Tribunal Federal como v?tima dos crimes desvendados.
'A companhia vem colaborando com as investiga??es desde 2014, e atua como coautora do Minist?rio P?blico Federal e da Uni?o em?18 a??es?de improbidade administrativa em andamento, al?m de ser assistente de acusa??o em 60 a??es penais', disse a empresa, acrescentando que j? recebeu mais de 4 bilh?es de reais a t?tulo de ressarcimento.
A Tide Maritime informou ? Reuters, por meio de representante, que n?o estava a par da opera??o e que a companhia est? funcionando normalmente, sem dar mais detalhes. A Ferchem n?o p?de ser contactada de imediato.
Esta n?o ? a primeira investiga??o da Lava Jato relacionada a esquemas de corrup??o em afretamentos de navios pela Petrobras. Em julho deste ano, o MPF ofereceu den?ncia por crimes de corrup??o e lavagem de ativos relacionados a contratos de afretamentos celebrados pela Petrobras com os armadores gregos Athenian Sea Carriers, Tsakos Energy Navigation, Dorian (Hellas) e Aegean Shipping Management, com pagamentos j? identificados de 17,6 milh?es de d?lares em propinas e comiss?es il?citas.
(Reportagem adicional de Jake Spring e Ricardo Brito, em Bras?lia; Stephen Eisenhammer, em S?o Paulo; e Stine Jacobsen e Jacob Gronholt-Pedersen, em Copenhague)
Escrito por Reuters
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