Na esteira do #EleNão, eleitorado feminino impõe 'trava' em crescimento de Bolsonaro
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Por Ricardo Brito e Maria Carolina Marcello
BRAS?LIA (Reuters) - O eleitorado feminino, que representa a maioria dos 147,3 milh?es de brasileiros aptos a votar, tem imposto uma esp?cie de trava no crescimento das inten??es de voto do pol?mico candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ao mesmo tempo em que manifesta??es encampadas por mulheres contra o presidenci?vel come?aram a tomar corpo na reta final do primeiro turno.
Bolsonaro se envolveu em discuss?es p?blicas com mulheres e declara??es do l?der das pesquisas t?m dividido opini?es e alimentado movimento contr?rios e em apoio ao candidato por parte do eleitorado feminino.
Numa onda semelhante ao '#MeToo', em que mulheres cobram puni??es a autores de ass?dio e direitos iguais aos dos homens, grupos em redes sociais com milh?es de seguidores come?aram a pregar o '#EleN?o', voto contra Bolsonaro nas elei??es. Artistas, como a cantora Daniela Mercury e a atriz Claudia Raia, tamb?m aderiram ao movimento.
Neste fim de semana, est?o previstos passeatas e atos em protesto ao presidenci?vel do PSL em v?rias cidades brasileiros e tamb?m fora do pa?s. Advers?rios de Bolsonaro tamb?m t?m explorado essas pol?micas do candidato a fim de pregar o voto das mulheres contra ele.
Os dados das pesquisas de inten??o de voto ao Pal?cio do Planalto t?m mostrado uma significativa discrep?ncia entre o voto do eleitorado masculino e o feminino no candidato do PSL.
N?meros da pesquisa Ibope divulgada na ter?a-feira apontam essa diferen?a. Naquela sondagem, na simula??o de primeiro turno pegando o eleitorado total, Bolsonaro registrou 28 por cento das inten??es de voto contra 22 por cento do segundo colocado, o petista Fernando Haddad. Se for levado em considera??o apenas o voto masculino, o candidato do PSL teria 35 por cento de votos e Haddad, permaneceria com os 22 por cento. Mas entre as mulheres, os dois ficam empatados tecnicamente em 21 pontos percentuais cada.
A pesquisa indica tamb?m que o candidato do PSL ? derrotado com folga, quando se leva em considera??o apenas o voto feminino, em todas as quatro simula??es para o segundo turno --al?m de Haddad, Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB).
O presidenci?vel --tamb?m l?der na rejei??o do eleitorado, com 46 por cento-- registra 54 por cento entre o eleitorado feminino que diz n?o votar nele de jeito nenhum. A t?tulo de compara??o, entre os homens, esse ?ndice cai para 37 por cento.
N?meros de diversas pesquisas indicam que, n?o fosse o voto feminino, Bolsonaro estaria mais pr?ximo de se eleger no primeiro turno.
RESPOSTA
Segundo a professora da escola de Direito da Funda??o Get?lio Vargas (FGV) Direito Rio, L?gia Fabris, o n?vel de rejei??o do eleitorado feminino a Bolsonaro ? uma resposta direta ?s posi??es do candidato.
Para ela, suas coloca??es e atitudes ofenderam essa parcela do eleitorado a tal ponto que provocou um movimento de rea??o 'singular'.
'? algo in?dito algu?m que tenha uma rejei??o t?o expressiva entre as mulheres', disse a professora ? Reuters, autora de estudos relacionados ?s mulheres.
Bolsonaro responde a dois processos no Supremo Tribunal Federal pelo epis?dio em que, em 2014, disse que n?o estupraria a deputada Maria do Ros?rio (PT-RS) porque ela ?n?o mereceria?. Na defesa dos casos, ele alega o direito do deputado a se manifestar livremente e que n?o houve aumento do crime de estupro em raz?o da sua fala.
O presidenci?vel tamb?m j? disse que mulher deve ganhar menos do que os homens porque ela engravida --na campanha, numa tentativa de remediar a declara??o, ele j? disse que vai se empenhar para mudar essa realidade.
O vice da chapa de Bolsonaro, general Hamilton Mour?o, tamb?m recentemente causou desconforto ao afirmar que, em ?reas carentes, fam?lias que tenham apenas m?e e av? podem levar a uma f?brica de desajustados que tendem a ingressar em quadrilhas ligadas ao tr?fico de?drogas. Por essa e outras declara??es, foi ordenado ao vice falar menos at? a reta final da campanha.
'Tem um comportamento muito expressivo de quase metade do eleitorado feminino que diz que n?o votaria de jeito nenhum neste candidato', afirmou a professora da FGV, lembrando que as mulheres representam mais da metade dos eleitores do pa?s --s?o 52,5 por cento de quem est? apto a votar em outubro.
Tamb?m s?o as mulheres, ali?s, que integram boa parcela dos que ainda se declaram indecisos na disputa presidencial daqui a poucos dias. Isso confere ao segmento, explica a professora, a possibilidade de influenciar no resultado das urnas.
Da mesma forma, avalia a professora da FGV, o posicionamento de artistas e formadores de opini?o, assim como as manifesta??es previstas para o s?bado, podem ajudar a sensibilizar e criar empatia em outras pessoas, mesmo que n?o se encaixem nos grupos preferencialmente abordados pelos coment?rios do presidenci?vel.
'Essa conjun??o de elementos, de posicionamentos, pode ser ainda mais expressiva em rela??o a essas elei??es', disse a professora L?gia Fabris.
Escrito por Redação
SALA DE BATE PAPO