Não durmo tranquilo, não é normal país como Brasil crescer 1%, diz Mansueto

Por Marcela Ayres

BRAS?LIA (Reuters) - O secret?rio do Tesouro, Mansueto Almeida, afirmou nesta quinta-feira que n?o considera normal pa?s em desenvolvimento como o Brasil crescer 1% ao ano e que, neste cen?rio, ele mesmo n?o dorme tranquilo.

'Eu n?o durmo tranquilo, estou muito preocupado, estamos ainda em pa?s com crescimento muito baixo', disse Mansueto no F?rum Conjunto Consad/Conseplan, realizado pelos conselhos nacionais de secret?rios estaduais da Administra??o e do Planejamento. 'N?o ? normal pa?s em desenvolvimento como o Brasil crescendo 1% ao ano', acrescentou.

Na v?spera, o IBGE divulgou uma alta de 1,1% do PIB em 2019, ap?s expans?o de 1,3% registrada tanto em 2018 quando em 2017.

O tom do secret?rio contrastou com o adotado pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que avaliou na v?spera que o PIB baixo n?o era surpresa e que n?o entendia a como??o com o dado.

Mansueto avaliou que esse crescimento claramente causa frustra??o em v?rios segmentos da sociedade e, por isso, ? necess?rio que o pa?s siga comprometido com a agenda de reformas.

Para o secret?rio, o fraco ritmo de retomada da atividade mostra que est? sendo 'muito dif?cil' o Brasil se recuperar da crise de 2015 e 2016. Ele tamb?m reconheceu que, adicionando complexidade ao quadro, haver? impacto no crescimento dom?stico proveniente da dissemina??o do surto de coronav?rus.

'Agora a gente tem esse problema do crescimento mundial, todos os organismos internacionais est?o revisando para baixo o crescimento do mundo. Claro, impacta todo mundo', afirmou ele.

'No caso do Brasil, a gente tem que continuar no caminho e refor?ar ainda mais a necessidade de reformas para melhorar a capacidade do pa?s crescer mais, com crescimento de produtividade', reiterou.

Caso haja frustra??o no c?lculo das receitas inicialmente previstas na lei or?ament?ria anual, ser? necess?rio fazer contingenciamento, disse.

O governo se debru?ar? sobre essa quest?o depois que for finalizada a nova estimativa para o PIB em 2020. Na v?spera, o secret?rio de Pol?tica Econ?mica, Adolfo Sachsida, afirmou ? Reuters que o novo percentual ser? divulgado na pr?xima quarta-feira, mas n?o ficar? abaixo de 2%, ante o patamar atual de 2,4%.

D?LAR ALTO

Em meio ? volatilidade atual do mercado, Mansueto afirmou que n?o v? disfuncionalidade no mercado de t?tulos, raz?o pela qual o Tesouro n?o est? conversando com o Banco Central sobre eventual atua??o conjunta, num cen?rio de d?lar acima de 4,60 reais.

Mansueto pontuou ainda que o tema cambial ? de compet?ncia do BC e que, por isso, n?o h? conversa com a autoridade monet?ria sobre o assunto.

Questionado sobre a possibilidade de aumento da oferta de t?tulos no mercado, ele respondeu que, mesmo que a taxa b?sica de juros caia, n?o haver? mudan?a no cronograma de leil?es.

'A gente j? faz leil?o semanal, ent?o j? tem toda uma programa??o e isso independe da quest?o de juros. Porque uma coisa ? juro de curto prazo, ent?o chega um momento que --e isso ? decis?o do Banco Central-- mesmo que o juro caia, isso n?o altera em nada o cronograma de leil?o do Tesouro', disse.

TEMPO DO CONGRESSO

Para Mansueto, o cen?rio para o debate hoje ? diferente e mais favor?vel, permitindo espa?o para que temas como a autonomia do Banco Central sejam discutidos, algo que classificou como impens?vel quatro ou cinco anos atr?s.

'O que n?o pode ? a gente querer fazer debate, querer aprovar coisas de forma desesperada', disse.

'Algumas pessoas falam: 'mas o Congresso est? atrasando'. O Congresso n?o est? atrasando, o Congresso est? debatendo, o Congresso tem o seu ritual, o Congresso tem o seu timing de discutir reformas', acrescentou.

Mansueto tamb?m afirmou que 'todo mundo' quer ajuste fiscal, at? para que o governo tenha capacidade de aumentar o investimento p?blico.

Nesse sentido, ele pontuou que tamb?m n?o ? normal que o Brasil, com uma carga tribut?ria perto de 34% do PIB, tenha um investimento p?blico equivalente a menos de 2,5% do PIB para o setor p?blico consolidado.

(Por Marcela Ayres; Edi??o de Camila Moreira e Isabel Versiani)