Operação de PF e MPF investiga vazamentos sobre a Selic de 2010 a 2012
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Por Camila Moreira e Paula Arend Laier
S?O PAULO (Reuters) - O Minist?rio P?blico Federal e a Pol?cia Federal deflagraram nesta quinta-feira opera??o sobre vazamentos de resultados de reuni?es do Comit? de Pol?tica Monet?ria (Copom) de 2010 a 2012, envolvendo um fundo administrado na ?poca pelo banco BTG Pactual, segundo as autoridades.
A opera??o chamada 'Estrela Cadente' apura o fornecimento de informa??es sigilosas na ?poca sobre mudan?as na Selic por parte da c?pula do Minist?rio da Fazenda e do Banco Central em favor de um fundo administrado pelo BTG Pactual, segundo o MPF.
'Opera??o conjunta investiga vazamentos...inseridos em contexto de obten??o de vantagens il?citas m?tuas entre banqueiro e agentes p?blicos do alto escal?o do governo federal da ?poca', explicou o MPF.
A investiga??o foi instaurada a partir de colabora??o premiada do ex-ministro Ant?nio Palocci, sendo investigada a poss?vel pr?tica, entre outros, de corrup??o passiva e ativa, al?m de informa??o privilegiada e lavagem e oculta??o de ativos.
A opera??o cumpriu mandado de busca e apreens?o na sede do BTG Pactual em S?o Paulo. Segundo o MPF, fundo de investimentos administrado pelo banco teria 'obtido lucros extraordin?rios de dezenas de milh?es de reais' com o uso de informa??es sigilosas.
Em nota, o BTG afirmou que o fundo Bintang FIM tinha s? um cotista pessoa f?sica, um profissional do mercado financeiro gestor credenciado pela Comiss?o de Valores Mobili?rios (CVM), 'que nunca foi funcion?rio do BTG Pactual ou teve qualquer v?nculo profissional com o banco ou qualquer de seus s?cios'.
O banco afirmou ainda que exerceu apenas o papel de administrador do fundo, sem ter qualquer poder de gest?o ou participa??o nos neg?cios.
Segundo dados da CVM, o fundo multimercado Bintang, que iniciou em agosto de 2010 e foi encerrado em fevereiro de 2013, tinha carteira gerida por Marcelo Augusto Lustosa de Souza. N?o foi poss?vel entrar em contato com Souza de imediato.
Em janeiro de 2011, o fundo tinha patrim?nio l?quido de 7,58 milh?es de reais e carteira de 11,14 milh?es. No in?cio de 2012, o patrim?nio subiu para 41,9 milh?es de reais e a carteira para 43,4 milh?es. Em janeiro de 2013, o patrim?nio tinha encolhido para 28 milh?es e a carteira para 29 milh?es de reais.
A unit do BTG Pactual, que chegou a cair 10% logo ap?s a divulga??o da not?cia da opera??o, fecharam em baixa de 3,8 por cento, a 54,15 reais. O Ibovespa avan?ou 0,5 por cento.
O per?odo mencionado na opera??o envolve as presid?ncias de Henrique Meirelles, ? frente do Banco Central de 2003 a 2010 (no governo de Luiz In?cio Lula da Silva), e de Alexandre Tombini 2011 a junho de 2016, (no governo de Dilma Rousseff).
Procurado, o BC afirmou que n?o foi comunicado sobre o conte?do da opera??o, que corre sob segredo de Justi?a.
A defesa do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, que ocupou a pasta entre 2006 e 2014, afirmou que 'Palocci fez um admir?vel feito. Conseguiu juntar fatos aleat?rios, sem qualquer rela??o uns com os outros, para criar uma narrativa falsa, mas que fosse capaz de seduzir a pol?cia, j? que nem o MPF caiu na sua ladainha.'
Enquanto isso, a defesa de Palocci disse que ele 'continuar? colaborando com a Justi?a, esclarecendo os fatos que s?o objeto dos processos e apresentando suas provas de corrobora??o, assim como demostrado quando da deflagra??o da fase ostensiva da opera??o de hoje'.
A Reuters encaminhou pedido de coment?rio a Tombini por meio da assessoria de imprensa do Banco de Compensa??es Internacionais (BIS), onde o ex-presidente do BC ocupa atualmente o cargo de representante chefe para as Americas, mas a institui??o n?o respondeu de imediato.
(Reportagem adicional de Marcela Ayres e Isabel Versiani, em Bras?lia; Alberto Alerigi Jr. em S?o Paulo; e Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro)
Escrito por Redação
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