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Peste suína na China faz setor de carnes do Brasil viver bonança após tempestade

Placeholder - loading - Processamento de carnes em um frigorífico em São Paulo  09/09/2005 REUTERS/Paulo Whitaker
Processamento de carnes em um frigorífico em São Paulo 09/09/2005 REUTERS/Paulo Whitaker

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Por Roberto Samora

S?O PAULO (Reuters) - Ap?s um per?odo de 'tempestade', marcado por custos em alta, investiga??es de quest?es sanit?rias e embargos internacionais, a ind?stria de carnes do Brasil vive um tempo de 'bonan?a perfeita', afirmaram nesta quarta-feira dirigentes da Associa??o Brasileira de Prote?na Animal (ABPA).

O principal fator para esse momento, que deve consolidar ainda mais a lideran?a do Brasil na exporta??o global de carne de frango, ? a maior demanda da China e de outros pa?ses atingidos pela peste su?na africana.

A doen?a que tem reduzido rebanhos em v?rias regi?es, especialmente no gigante asi?tico, o maior consumidor de cortes de porco, tem elevado pre?os, alterado fluxos comerciais globais e impulsionado a demanda por outras carnes, al?m da su?na.

'Deu a tempestade perfeita, e agora veio a bonan?a perfeita: produ??o baixa (no Brasil), mercado interno est?vel, tem mercados exportadores puxando as mercadorias, ambiente de custos est?vel (de mat?rias-primas), ? agora o momento de consolidar a recupera??o do setor', disse o diretor-executivo da ABPA, Ricardo Santin, aos apresentar proje??es para o ano a jornalistas.

N?o bastassem os pre?os estarem maiores em d?lares, com a maior demanda dos importadores na esteira das compras chinesas, no Brasil o d?lar forte frente ao real tamb?m tem favorecido o setor exportador recentemente.

Isso vem ap?s a ind?stria de carnes ter sofrido reveses seguidos, que inclu?ram o impacto da opera??o Carne Fraca, da Pol?cia Federal, greve de caminhoneiros em maio de 2018 e alta de custos no ano passado, quando a safra de milho, principal mat?ria-prima do setor, registrou expressiva quebra.

'As condi??es de insumos est?o positivas, a safra norte-americana j? n?o ? mais um temor... e para coroar ainda temos um d?lar (favor?vel a exporta??es)', disse Santin, lembrando que, ap?s a 'tempestade', o setor est? com o menor alojamento de aves em cinco anos, o que tamb?m reduz custos.

O segmento ? dominado no Brasil por grandes companhias, como BRF e JBS. A primeira voltou a registrar lucro trimestral ap?s nove meses no vermelho, e a segunda teve ganhos no segundo trimestre de mais de 2 bilh?es de reais.

A ABPA, que representa os produtores de carnes de frango e su?na, disse que pode terminar o ano com proje??es ainda maiores de exporta??es do que a expectativa atual, com possibilidade de marcar novos recordes.

As exporta??es de carne de frango do Brasil dever?o atingir 4,3 milh?es de toneladas em 2019, estimou nesta quarta-feira a ABPA, projetando conservadoramente aumento de cerca de 200 mil toneladas ante 2018.

J? os embarques de carne su?na do Brasil poder?o crescer para 720 mil toneladas, versus 646 mil toneladas em 2018.

'O principal 'driver' de todos os eventos ? a peste su?na, est? causando uma disrup??o na oferta global', ressaltou o diretor-executivo da ABPA.

'Falamos muito da China, mas ? um processo da ?sia, onde outros pa?ses est?o sendo afetados pela peste su?na', acrescentou Santin, destacando ainda que na??es da Europa e da ?frica tamb?m t?m registrado casos da doen?a.

Al?m da China, houve peste su?na africana em Hong Kong, Bulg?ria, Rom?nia, R?ssia, Ucr?nia e Vietn?, al?m de pa?ses africanos, como ?frica do Sul e Nig?ria, segundo a Organiza??o Mundial de Sa?de Animal.

OPORTUNIDADE

O presidente da ABPA, Francisco Turra, lembrou que especialistas afirmam que a China vai levar anos para se recuperar do problema, o que pode representar para o Brasil, por outro lado, a mesma 'oportunidade' oferecida pela gripe avi?ria, em 2005.

A doen?a av?cola atingiu na??es na ?sia, Europa e Am?rica do Norte no passado, permitindo que o Brasil, livre da doen?a, avan?asse nas exporta??es.

'A China n?o vai arrumar a casa em tr?s anos, eles n?o v?o voltar com o mesmo rebanho', disse Turra, ressaltando que o Brasil tem todas as condi??es de ocupar esses mercados.

Questionado se a guerra comercial entre China e EUA, cuja carne su?na tamb?m ? taxada pelos chineses, poderia favorecer o Brasil, Turra comentou apenas que tal disputa 'fideliza' o produto brasileiro.

O dirigente ressaltou que a ABPA tem memorandos de entendimentos e est? estreitando relacionamento comercial com a China, para eventualmente viabilizar mais habilita??es de frigor?ficos brasileiros pelos chineses.

'Estamos prontos para aumentar as plantas para a China, mas quando vai aumentar, ela ? que decide, ? uma decis?o comercial deles, se quiserem mais, estamos aqui', adicionou Santin.

J? Turra avalia que, mesmo pressionado, o governo chin?s pode estar relutante em autorizar novas plantas em meio a uma estrat?gia comercial.

Enquanto isso, aquelas unidades habilitadas a exportar aos chineses podem trabalhar com animais mais pesados e mesmo deixar de fornecer ao mercado interno, como alternativa para abastecer os asi?ticos.

Segundo ele, a China pode comprar outros produtos que n?o s?o de seus h?bitos alimentares. Prova disso ? o fato de o p? de frango estar valendo mais do que o peito, disse Santin.

Neste contexto, os pre?os no mercado interno devem seguir sustentados.

'Quem quiser comer pernil su?no, congele agora, porque vai ser dif?cil de encontrar', brincou Santin, destacando que vendedores de carnes nos mercados interno e externo est?o disputando as mercadorias.

De janeiro a julho, a exporta??o de carne de frango do Brasil para a China cresceu 21%, para 311 mil toneladas, segundo dados da ABPA, que apontou embarques para todos os destinos subindo quase 6% no per?odo, 2,4 milh?es de toneladas.

J? as exporta??es de carne su?na do Brasil para a China no mesmo per?odo cresceram 31%, para 115 mil toneladas, informou a ABPA, que registra crescimento de quase 20% nos embarques totais, para 414,5 mil toneladas.

De outro lado, a produ??o de carne de frango do Brasil deve crescer apenas 1%, para 13 milh?es de toneladas em 2019, enquanto a de su?nos deve aumentar at? 2,5%, para 4,1 milh?es de toneladas.

(Por Roberto Samora)

Escrito por Redação

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