Lucro da Petrobras aumenta 25 vezes; importações afetam resultado

Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier

S?O PAULO/RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras reportou nesta ter?a-feira lucro l?quido de 6,64 bilh?es de reais no terceiro trimestre, aumento de 25 vezes na compara??o com mesmo per?odo do ano passado (266 milh?es de reais), mas abaixo da expectativa do consenso do mercado, diante de uma queda na produ??o de petr?leo, com impacto na exporta??o, e maiores gastos com importa??es.

Na compara??o com o segundo trimestre, quando a empresa registrou um resultado hist?rico com recebimentos bilion?rios de desinvestimentos, melhora financeira e maior mercado de derivados, houve uma queda de 34 por cento.

O resultado poderia ter sido melhor n?o fossem os acordos firmados com o governo dos Estados Unidos, para encerramento das investiga??es de casos de corrup??o envolvendo a companhia, que tiveram impacto negativo de 3,5 bilh?es de reais.

Excluindo-se os acordos com autoridades norte-americanas, bem como os efeitos do acordo da Class Action, o lucro l?quido teria sido de 10,3 bilh?es de reais, disse a petroleira.

'Diferen?as dos resultados frente ?s nossas expectativas refletiram maiores gastos com importa??es de diesel e menores receitas com exporta??o devido ? menor produ??o de petr?leo, al?m de efeitos n?o recorrentes como o recentemente anunciado acordo de 3,5 bilh?es de reais com o Departamento de Justi?a dos EUA', disse a XP Investimentos em nota a clientes.

Segundo a XP, o resultado do trimestre ainda n?o reflete um cen?rio de opera??es normalizadas para a Petrobras, uma vez que a empresa teve que aumentar sua participa??o no mercado de importa??es dado que operadores independentes enfrentam dificuldades sob o atual regime de subs?dios ao diesel.

Importadores independentes reclamaram que o c?lculo dos subs?dios n?o remunera adequadamente suas atividades. H? tamb?m queixas sobre atrasos para receber as subven??es devidas.

Somente a Petrobras reportou ter a receber 2,2 bilh?es de reais referentes ? terceira fase do programa de subven??o.

A a??o preferencial da empresa fechou em queda de cerca de 2 por cento, enquanto o Ibovespa teve ligeira baixa.

FRUTOS

Mas o presidente-executivo da companhia destacou que a Petrobras est? 'colhendo uma s?rie de frutos decorrentes' de sua recupera??o.

'? o terceiro trimestre seguido em que registramos lucro l?quido... Arrumamos a casa. A retomada do nosso crescimento ? positiva n?o s? para a Petrobras, como tamb?m para o pa?s...', afirmou, Ivan Monteiro, em nota.

Em meio a melhorias operacionais, a Petrobras anunciou aprova??o do conselho de administra??o de distribui??o de 1,3 bilh?o de reais, ou 0,10 real por a??o, em remunera??o para os acionistas sob a forma de juros sobre capital pr?prio.

Al?m disso, a empresa obteve avan?os relacionados ? sua d?vida, uma das maiores para uma empresa de petr?leo no mundo.

A empresa manteve a meta de atingir d?vida l?quida sobre Ebitda de 2,5 vezes no fim deste ano, ante os 2,96 vezes atingidos no fim do terceiro trimestre e os 3,67 vezes no fim do ano passado.

Segundo Monteiro, a expectativa ? registrar d?vida l?quida abaixo dos 70 bilh?es de d?lares no fim do ano, ante os 72,9 bilh?es de d?lares no fim do terceiro trimestre.

DISPARADA NAS IMPORTA??ES

O lucro antes de juros, impostos, amortiza??o e deprecia??o (Ebitda) ajustado somou 29,856 bilh?es de reais no terceiro trimestre, queda de 1 por cento ante o segundo trimestre, mas um forte aumento de 55,3 por cento ante o mesmo per?odo do ano passado.

O lucro operacional atingiu cerca de 17 bilh?es de reais, aumento de 2 por cento ante o segundo trimestre, mas mais que o dobro dos 7,8 bilh?es do mesmo per?odo do ano passado.

O resultado 'reflete as maiores margens de derivados no mercado interno, em fun??o dos maiores pre?os de realiza??o, em linha com o aumento das cota??es das commodities no mercado internacional, e o aumento da demanda de diesel com ganhos de market-share', disse a estatal.

Por outro lado, 'a menor produ??o de petr?leo acarretou a queda das exporta??es de petr?leo, e o aumento do volume de vendas no mercado interno, associado ? menor carga processada, contribuiu para o aumento dos gastos com importa??es, principalmente diesel', admitiu a Petrobras em nota.

As importa??es da Petrobras dispararam em um momento de c?mbio desvalorizado, com o real em m?nimas hist?ricas ante o d?lar, e atingiram m?dia de 439 mil barris dia no terceiro trimestre, ante 336 mil barris/dia no mesmo per?odo do ano passado.

As compras externas de petr?leo responderam por 207 mil barris por dia, aumento de 52 por cento ante o mesmo per?odo do ano passado, em meio a uma queda de 5 por cento na produ??o da commodity pela Petrobras entre julho e setembro.

As importa??es de diesel atingiram 91 mil barris por dia no trimestre, ante 34 mil barris/dia no mesmo per?odo do ano passado, enquanto as compras externas de gasolina somaram 17 mil barris/dia, versus 13 mil barris/dia um ano atr?s.

O aumento das importa??es ocorreu em meio a um ganho de participa??o da companhia no mercado brasileiro de combust?veis e a uma redu??o na utiliza??o das refinarias.

A fatia da companhia no mercado de diesel do Brasil atingiu 93 por cento em setembro, ante 91 por cento em agosto. A participa??o da empresa aumentou mais acentuadamente ap?s os protestos dos caminhoneiros em maio e depois da implanta??o do programa de subs?dios. Em janeiro, era de 65 por cento.

No mercado de gasolina, a Petrobras teve aumento de participa??o para 91 por cento em setembro, ante 89 por cento em agosto e 80 por cento em janeiro.

A empresa relatou queda no fator de utiliza??o das refinarias para 75 por cento em setembro, ante 76 por cento em agosto, em meio ao acidente da Refinaria de Paul?nia. Em janeiro, no entanto, era de 71 por cento.

(Por Roberto Samora, Marta Nogueira, Rodrigo Viga Gaier; com reportagem adicional de Paula Arend Laier)