PF usa troca de mensagens para indiciar Abílio Diniz e Pedro Faria em operação Trapaça
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Por Ricardo Brito
BRAS?LIA (Reuters) - No relat?rio final da opera??o Trapa?a entregue nesta segunda-feira ? Justi?a Federal, a Pol?cia Federal usou a troca de mensagens por meio do aplicativo WhatsApp e acesso a emails para indiciar o empres?rio Ab?lio Diniz e o ex-presidente da empresa de alimentos BRF Pedro de Andrade Faria.
Os executivos s?o suspeitos de terem cometido crimes de estelionato, contra a sa?de p?blica, falsidade ideol?gica e organiza??o criminosa, de acordo com o documento obtido pela Reuters. Ao todo, foram 43 indiciados na opera??o. Caber? ao Minist?rio P?blico Federal decidir se oferece den?ncia com base nas conclus?es da pol?cia, se pede novas dilig?ncias ou se arquiva a apura??o, por n?o considerar haver provas para fazer uma acusa??o criminal contra os citados.
No relat?rio de 404 p?ginas, o delegado da PF Maur?cio Moscardi Grillo afirma que a an?lise de arquivos durante a investiga??o, como conversas por mensagens de emails e WhatsApp, 'concluiu-se a pr?tica das condutas delitivas n?o se restringia ao c?rculo das equipes t?cnica e gerencial das f?bricas da BRF'.
'H?, de fato, a participa??o do corpo diretivo da empresa na trama investigada, o qual tinha ci?ncia de seu modus operandi, e que, n?o somente se omitiu em rela??o a fazer cess?-lo, mas, tamb?m, participou comissivamente dos atos de oculta??o das fraudes, norteando sua execu??o', diz o relat?rio.
'Destaca-se a participa??o ativa, em caso envolvendo a detec??o de res?duo t?xico em carne de frango pelas autoridades chinesas (Dioxina), de Pedro de Andrade Faria (? ?poca diretor-presidente global do grupo BRF), Ab?lio dos Santos Diniz (? ?poca Presidente do Conselho da BRF) e Jos? Carlos Reis de Magalh?es Neto, s?cio da Tarpon Investimentos', segundo o relat?rio.
A opera??o Trapa?a foi desencadeada pela PF em 5 de mar?o de 2018, levando a pris?o, na ?poca, de Pedro Faria.
Em um dos casos citados no relat?rio, a PF relata uma conversa por WhatsApp entre Pedro Faria, Ab?lio Diniz e Jos? Carlos Reis de Magalh?es Neto, s?cio da Tarpon, de 12 de dezembro de 2014.
Entre as mensagens citadas no relat?rio da PF, consta comunica??o de Abilio com Faria e Magalh?es Neto em que o executivo afirma que 'N?o estou a par mas enquanto pudermos n?o alimentar mais ? melhor. Mas temos ?timos assessores confio neles.'
Para a PF, o contexto das conversas indica o conhecimento dos principais executivos da BRF sobre os problemas.
'Ab?lio Diniz e Pedro Faria, pela posi??o hier?rquica que ostentavam no quadro corporativo do grupo, possu?am plena capacidade de orientar os c?rculos sob sua subordina??o a tomar as medidas t?cnicas e eficazes, em ?mbito sanit?rio, para que se determinasse a causa-raiz da contamina??o qu?mica dos produtos destinados ao consumo e a regulariza??o do processo industrial.'
O delegado anota que, contudo, o que ocorreu na conversa foi a 'lamenta??o' dos executivos do vazamento da informa??o, a interlocu??o com a ent?o ministra da Agricultura, a senadora K?tia Abreu (PDT-TO), e a tomada de medidas com o objetivo de 'abafar' a dissemina??o de fatos descritos em mat?ria veiculada na imprensa nacional.
Ab?lio Diniz foi presidente do conselho de administra??o da BRF, dona das marcas Sadia e Perdig?o, e desde 2016 ? membro do conselho de administra??o do grupo Carrefour.Em nota, a BRF afirmou que afastou preventivamente os funcion?rios citados no relat?rio da Pol?cia Federal 'at? o esclarecimento dos fatos' e que vem mantendo conversas com as autoridades encarregadas das investiga??es, para 'colaborar com o esclarecimento dos fatos'.
Tarpon, Magalh?es Neto e Carrefour n?o comentaram o assunto. Procurada, a Pen?nsula Participa??es, respons?vel pelos investimentos de Diniz, afirmou que o empres?rio 'n?o cometeu nenhuma irregularidade como presidente do conselho de administra??o da BRF'. Segundo a Pen?nsula, 'n?o existem elementos que demonstrem irregularidades cometidas por Abilio Diniz'.
(Com reportagem adicional de Gabriela Mello)
Escrito por Redação
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