PF investiga Aécio e mais 5 parlamentares por propina de R$130 milhões da J&F

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O senador A?cio Neves (PSDB-MG) e dois deputados federais foram alvos nesta ter?a-feira de mandados de busca e apreens?o cumpridos pela Pol?cia Federal como parte de investiga??o sobre pagamento de vantagens indevidas da holding J&F a diversos pol?ticos por meio do senador, em valores que se aproximam de 130 milh?es de reais.

Os mandados judiciais foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a pedido da procuradora-geral da Rep?blica, Raquel Dodge, informou a Procuradoria-Geral da Rep?blica em comunicado. Segundo a PGR, as medidas cautelares s?o sigilosas e os nomes dos alvos n?o ser?o divulgados, mas agentes da PF fizeram buscas em endere?os de A?cio e de pessoas ligadas a ele no Rio de Janeiro e em Minas Gerais.

A PGR tamb?m fez uma refer?ncia a A?cio ao afirmar, em comunicado, que o senador investigado teria prometido favorecimentos ao grupo empresarial em um eventual governo presidencial entre 2015 e 2018, al?m de influ?ncia junto ao governo estadual de Minas Gerais com o objetivo de viabilizar a restitui??o de cr?ditos tribut?rios.

A?cio foi derrotado no 2? turno da elei??o presidencial de 2014 por Dilma Rousseff (PT), e antes foi governador de MG por dois mandatos entre 2003 e 2010.

'Ao todo, o grupo econ?mico (J&F) teria repassado cerca de 130 milh?es de reais que foram distribu?dos a parlamentares de pelo menos tr?s legendas', disse a PGR no comunicado, acrescentando que as investiga??es s?o decorrentes de informa??es prestadas em colabora??o premiada por diretores da J&F.

Segundo a PGR, o objetivo das cautelares ? reunir provas do pagamento de 'vantagens indevidas por parte do Grupo Empresarial J&F a pol?ticos por meio do senador'.

A defesa de A?cio disse em nota que o senador sempre esteve ? disposi??o para prestar esclarecimentos e apresentar documentos necess?rios ?s investiga??es. A nota diz ainda que os executivos da JBS tentam transformar 'doa??es feitas a campanhas do PSDB, e devidamente registradas na Justi?a Eleitoral, em algo il?cito para, convenientemente, tentar manter os generosos benef?cios de seus acordos de colabora??o'.

'A correta e isenta investiga??o vai apontar a verdade ? a legalidade das doa??es feitas', disse o advogado Alberto Zacharias Toron.

A Pol?cia Federal informou que no total foram expedidos pelo Supremo 24 mandados de busca e apreens?o e 48 intima??es para depoimentos a serem cumpridos em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Tocantins, S?o Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Amap?, Rio Grande do Norte e na Bahia.

'Suspeita-se que os valores eram recebidos atrav?s da simula??o de servi?os que n?o eram efetivamente prestados e para os quais eram emitidas notas fiscais frias', disse a PF em comunicado.

Segundo a PF, os recursos ilegais teriam sido utilizados para a obten??o de apoio pol?tico e tamb?m para fins da campanha presidencial de 2014.

De acordo com a Pol?cia Federal, outros cinco parlamentares s?o suspeitos de envolvimento no esquema, sendo dois senadores e tr?s deputados federais.

Em nota, a assessoria do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) afirmou que o parlamentar desconhece o motivo pelo qual teve seu nome envolvido nessa hist?ria. 'Em toda sua trajet?ria, ele nunca tratou de qualquer assunto il?cito com ningu?m.'

O Solidariedade afirmou em nota que o partido j? apoiava A?cio desde 2013, mas ressaltou que o deputado Paulinho da For?a 'se colocou ? disposi??o da justi?a para prestar quaisquer esclarecimentos'.

'A acusa??o absurda de compra de apoio do partido Solidariedade para a candidatura ? Presid?ncia de A?cio Neves, em 2014, beira o rid?culo. Desde a sua cria??o, em 2013, o Solidariedade j? apoiava o candidato A?cio Neves por acreditar em seus projetos para o pa?s', diz a nota.

Os demais pol?ticos investigados s?o, segundo a TV Globo, o senador Agripino Maia (DEM-RN) e os deputados Benito Gama (PTB-BA) e Cristiane Brasil (PTB-RJ).

N?o foi poss?vel localizar de imediato representantes desses parlamentares.

A a??o desta ter?a-feira, chamada opera??o Ross, ? um desdobramento da Opera??o Patmos, uma fase da Lava Jato deflagrada em maio de 2017 que teve como base a dela??o de executivos da J&F. ? ?poca, A?cio chegou a ser afastado do exerc?cio parlamentar em decorr?ncia da investiga??o.

Procurada, a J&F disse que n?o vai se pronunciar sobre a nova opera??o.

(Por Pedro Fonseca; Reportagem adicional de Gram Slattery)