Operação 'E o Vento Levou' vê desvio de R$40 mi da Cemig por meio da Renova
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Por Luciano Costa
S?O PAULO (Reuters) - A Pol?cia Federal, a Receita Federal e o Minist?rio P?blico Federal promoveram nesta quinta-feira a opera??o 'E o Vento Levou', para apurar poss?vel desvio de 40 milh?es de reais da estatal mineira Cemig por meio de contratos superfaturados e falsos de sua controlada Renova Energia.
Al?m disso, outros contratos da empresa de energia limpa no valor de cerca de 200 milh?es de reais ainda est?o sob investiga??o, segundo as autoridades.
O delegado da PF Victor Hugo Rodrigues Alves disse, em entrevista a jornalistas em S?o Paulo, que os ind?cios apontam para um esquema que teria envolvido um contrato superfaturado com a desenvolvedora de projetos e?licos Casa dos Ventos pela compra do chamado 'projeto Zeus', com os recursos desviados passando por cinco camadas de lavagem de dinheiro at? chegarem aos poss?veis destinat?rios finais.
As investiga??es contaram com a colabora??o de um executivo da Casa dos Ventos, um da Renova e um de uma empresa que teria sido utilizada para movimentar os recursos, a Barcelona Capital, acrescentou o delegado.
'At? o momento, o que sabemos ? que os repasses eram determinados por executivos da Cemig, da Codemig (empresa do Estado que atua na realiza??o de obras) e da Andrade Gutierrez --dois na Andrade, um na Codemig e um na Cemig', afirmou o procurador da Rep?blica Vicente Mandetta.
As a??es da Cemig ca?am cerca de 2 por cento, por volta das 15h, enquanto as units da Renova recuavam 4,6 por cento.
A opera??o chegou a pedir sem sucesso a pris?o tempor?ria de pessoas, incluindo o ex-presidente da Cemig Djalma Bastos de Morais e um dos fundadores da Renova, Renato do Amaral Figueiredo, segundo documento obtido pela Reuters com uma fonte a par das investiga??es.
O procurador Mandetta afirmou que a opera??o nesta quinta-feira envolveu a??es de busca e apreens?o em S?o Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, incluindo a sede da Cemig, e que foram feitos seis pedidos de pris?o tempor?ria pela pol?cia, com manifesta??o favor?vel do MPF para tr?s deles, embora nenhum tenha sido deferido. Ele n?o citou nomes.
'Quando os valores chegavam na ?ltima camada de lavagem de dinheiro, eles chegavam em uma empresa em que haviam sido detectadas opera??es de c?mbio fraudulentas. Isso tamb?m est? sob investiga??o, h? uma suspeita a? de que, al?m da gera??o de valores em esp?cie para distribui??o aos benefici?rios, possa ter havido dinheiro evadido ao exterior', afirmou ele.
De acordo com as autoridades, as investiga??es entendem que os valores desviados da Renova seriam decorrentes de um aporte de recursos da Cemig na empresa, configurando recurso p?blico, uma vez que a el?trica mineira ? controlada pelo governo do Estado.
Segundo a pol?cia, o desvio teria acontecido por meio de um contrato de compra do 'projeto Zeus' junto ? Casa dos Ventos, que teria a sido superfaturado em 40 milh?es de reais, gerando um recurso extra que trafegou por empresas de fachada at? ser transformado em dinheiro em esp?cie.
A Reuters havia publicado em maio do ano passado que a Pol?cia Civil de Minas Gerais investigava supostos desvios de recursos da Renova no 'projeto Zeus', com informa??o de uma fonte.
As investiga??es da PF teriam apontado ainda que, dos 40 milh?es desviados, at? 15 milh?es de reais teriam sido usados para bancar comiss?es para os operadores financeiros envolvidos e at? para pagamentos de tributos, como forma de dar apar?ncia de licitude ?s transa??es.
Segundo a PF, alguns contratos da Renova com outras empresas ainda s?o alvo de apura??o por terem caracter?sticas similares aos envolvidos nos desvios identificados.
'S?o contratos no valor de 200 milh?es de reais com outras empresas. As caracter?sticas s?o muito semelhantes', disse o delegado Rodrigues Alves.
A Cemig ? uma das propriet?rias da Renova junto ? sua controlada Light e aos fundadores da empresa, por meio da holding RR Participa??es.
A Casa dos Ventos disse em nota que nem ela nem seus executivos foram alvo de busca e apreens?o, acrescentando que 'por iniciativa pr?pria, j? vem colaborando com as autoridades na apura??o dos fatos, ocorridos h? cinco anos'.
A Cemig afirmou que 'est? em total colabora??o com as autoridades e que tamb?m tem interesse na r?pida evolu??o dessas investiga??es'.
A Renova disse em comunicado que 'prestar? todas informa??es necess?rias para auxiliar os trabalhos da PF e do Poder Judici?rio'. N?o foi poss?vel falar de imediato com representantes da Andrade Gutierrez.
J? o 'projeto Zeus', origem dos desvios, seria um conjunto de parques e?licos com 676 megawatts em capacidade na Bahia, mas nunca saiu do papel. Em 2016, a Renova descartou de vez a implanta??o das usinas, tendo no ano seguinte realizado uma baixa cont?bil de 181 milh?es de reais por aportes j? realizados no empreendimento.
DELA??ES
Segundo o inqu?rito policial, as autoridades investigavam uma empresa que operaria com lavagem de dinheiro, o Grupo Claro, quando encontraram a Casa dos Ventos entre seus clientes.
Ap?s intima??o, a Casa dos Ventos teria reconhecido ter feito pagamento ? Claro sem efetiva presta??o de servi?os, e um dos diretores da empresa de energia e?lica, Cl?cio Eloy, acabou por apresentar proposta de dela??o premiada.
Posteriormente, tamb?m colaboraram com as investiga??es o ex-diretor jur?dico da Renova, Ricardo Assaf, e o operador Francisco Vila.
Segundo as autoridades, a movimenta??o para os desvios come?ou logo ap?s um aporte bilion?rio de recursos da Cemig na Renova, por meio da qual a empresa mineira passou a ser uma das controladoras da companhia de energia limpa.
'Quando ocorre o aporte da capital na Renova, os acionistas e diretores da empresa come?am a ser insistentemente cobrados e pressionados pelos executivos da Andrade Gutierrez e da Cemig para escoarem o dinheiro pago como sobrepre?o no projeto Zeus/Tombador o quanto antes', afirma o relat?rio da PF.
Em sua dela??o, Assaf disse que tratava dos desvios junto ao ent?o presidente da Cemig, Djalma Morais, e com os s?cios da Renova Ricardo Delneri e Renato Amaral e o ex-CEO da empresa Mathias Becker, al?m de um executivo da Andrade Gutierrez Saulo Alves Ferreira.
N?o foi poss?vel entrar em contato de imediato com os executivos citados.
Escrito por Redação
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