PF prende Joesley Batista e ex-ministros da Agricultura em novo desdobramento da Lava Jato

Por Pedro Fonseca e Ricardo Brito

RIO DE JANEIRO/BRAS?LIA (Reuters) - A Pol?cia Federal prendeu nesta sexta-feira o empres?rio Joesley Batista, um dos controladores da JBS, e os ex-ministros Antonio Andrade e Neri Geller em um desdobramento da opera??o Lava Jato que investiga uma suposta organiza??o criminosa que atuava no Minist?rio da Agricultura e na C?mara dos Deputados com pagamento de propina a agentes p?blicos e pol?ticos.

As propinas pagas aos agentes p?blicos e pol?ticos no ?mbito do esquema foram estimadas em mais de 22 milh?es de reais, de acordo com a Receita Federal, que participa da investiga??o ao lado da PF.

A pris?o de Joesley, que j? havia sido detido em setembro do ano passado no ?mbito da Lava Jato acusado de omitir informa??es de acordo de dela??o premiada fechado com a Procuradoria-Geral da Rep?blica, ocorreu na casa do executivo em S?o Paulo.

O advogado do empres?rioo, Andr? Callegari, disse em nota que 'causa estranheza o pedido de sua pris?o no bojo de um inqu?rito em que ele j? prestou mais de um depoimento na qualidade de colaborador e entregou in?meros documentos de corrobora??o'. O advogado ressaltou que a pris?o ? tempor?ria e que o empres?rio vai prestar todos os esclarecimentos.

Em comunicado sem citar os nomes dos alvos da opera??o, a Pol?cia Federal disse que a a??o visa cumprir 63 mandados judiciais de busca e apreens?o e 19 mandados de pris?o tempor?ria, todos expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 1? Regi?o.

Al?m de Joesley, tamb?m foi preso o executivo da holding J&F Ricardo Saud, que tamb?m fora preso no ano passado acusado de romper o acordo de dela??o premiada. Os dois estavam em liberdade desde mar?o, quando tiveram a pris?o revogada pelo Justi?a.

'Durante as apura??es, houve clara comprova??o de que empres?rios e funcion?rios do grupo investigado --inicialmente atuando em colabora??o premiada com a PF-- teriam praticado atos de obstru??o de Justi?a, prejudicando a instru??o criminal, com o objetivo de desviar a PF da linha de apura??o adequada ao correto esclarecimento dos fatos', disse a PF em nota oficial.

Os executivos foram respons?veis pelo mais pol?mico acordo de colabora??o na gest?o do ex-procurador-geral da Rep?blica Rodrigo Janot, que envolveu diversos pol?ticos e culminou em duas den?ncias criminais contra o presidente Michel Temer.

EX-MINISTROS DA AGRICULTURA

Tamb?m foram presos na opera??o desta sexta-feira o vice-governador de Minas Gerais e ex-ministro da Agricultura Antonio Andrade (MDB) e o deputado federal eleito Neri Geller (PP-MT), que tamb?m foi ministro da Agricultura, conforme lista de presos confirmada pela Reuters por uma fonte com acesso ? decis?o do TRF-1.

Procurados pela Reuters, representantes de Andrade e de Geller n?o estavam dispon?veis de imediato para comentar.

De acordo com a Pol?cia Federal, o esquema investigado consistia no pagamento de propina a servidores p?blicos e agentes pol?ticos que atuavam direta ou indiretamente no Minist?rio da Agricultura (Mapa) em 2014 e 2015, durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff.

'A Pol?cia Federal apurou a atua??o de uma organiza??o criminosa na C?mara dos Deputados e no Mapa, integrada por empres?rios e executivos de um grande grupo empresarial do ramo de processamento de prote?na animal', disse a PF em comunicado.

'Esse grupo dependia de normatiza??es e licenciamentos do Mapa e teria passado a pagar propina a funcion?rios do alto escal?o do Minist?rio em troca de atos de of?cio, que proporcionariam ao grupo a elimina??o da concorr?ncia e de entraves ? atividade econ?mica, possibilitando a constitui??o de um monop?lio de mercado'.

A chamada opera??o Capitu foi deflagrada com base na dela??o premiada do empres?rio L?cio Bolonha Funaro, apontado pela PGR como operador do ex-presidente da C?mara do Deputados Eduardo Cunha, que se encontra preso tamb?m no ?mbito da Lava Jato.

Segundo a PF, houve por parte do grupo empresarial investigado o financiamento ilegal de campanha de um deputado federal para a Presid?ncia da C?mara em troca de atendimento dos interesses corporativos do grupo no Minist?rio da Agricultura.

Duas grandes redes varejistas de Minas Gerais que n?o foram identificadas tamb?m participaram diretamente do esquema, por meio de seus controladores e diretores, de acordo com a Receita Federal.

(Reportagem adicional de Ana Mano, em S?o Paulo)