Plantio de milho do Brasil crescerá 3,46% em 2019/20, terá novo recorde, apontam analistas

Por Roberto Samora

S?O PAULO (Reuters) - A expectativa de um cen?rio de pre?os favor?veis para o milho na nova temporada dever? favorecer um aumento de?3,46% no plantio do cereal no Brasil, diante de perspectivas de que o pa?s feche 2019 com exporta??es recordes da commodity em meio a uma quebra de safra nos Estados Unidos.

Isso permitiria ao Brasil, segundo exportador global atr?s dos EUA,?colher uma safra de?101,91 milh?es de toneladas em 2019/20, um novo recorde, de acordo?com a m?dia apurada em pesquisa da Reuters com nove especialistas e institui??es, que em sua maioria basearam seus n?meros em produtividades satisfat?rias.

Assim, a safra poderia?crescer 2,6%, considerando a m?xima hist?rica de?99,3 milh?es?de toneladas estimada?nesta quinta-feira?pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para 2018/19.

A aposta no milho, cujo plantio nas safras de ver?o e inverno poderia somar ?rea nunca vista de 17,93 milh?es de hectares, segundo a m?dia da pesquisa, ocorre diante de expectativas de que a produ??o dos Estados Unidos sofrer? perdas na temporada 2019/20, por problemas de enchentes na ?poca da semeadura --isso permitir? ao Brasil exporta??es recordes em 2019.

'Com perspectiva de manuten??o de pre?os relativamente atrativos aos produtores at? o in?cio do ano que vem, em fun??o das perdas observadas nos EUA este ano, a perspectiva ? de crescimento de ?rea... A parte mais significativa desse incremento deve vir na segunda safra...', afirmou o analista s?nior do Rabobank, Victor Ikeda.

Ele avalia que o Brasil dever? aumentar a ?rea em 500 mil hectares, mas entre os analistas consultados?? o ?nico que espera uma queda na produ??o ante 2018/19 na compara??o com a proje??o da Conab.

'? importante observar que, apesar da ?rea maior, a produ??o tende a ser menor com a volta da produtividade para uma linha normal de tend?ncia, ap?s um 2019 em que o clima foi praticamente perfeito para o desenvolvimento da safrinha', disse Ikeda.

O Rabobank estima uma produ??o de?93,20 milh?es de toneladas para a nova safra.

Alguns?analistas, embora n?o apostem em queda na produ??o, citaram sim preocupa??es clim?ticas.

'Caso se confirme um padr?o mais seco entre outubro-dezembro (no per?odo de plantio/desenvolvimento da soja), teremos tamb?m problemas remanescentes para a safra inverno de milho, que ter? uma janela de plantio mais apertada', disse a Arc Mercosul.No Brasil, a maior parte do milho ? plantado na segunda safra, ap?s a colheita da soja, em um sistema de rota??o de culturas.

Na temporada 2018/19, as chuvas de primavera chegaram em setembro e se regularizaram logo, permitindo r?pido desenvolvimento do plantio e uma colheita mais antecipada de soja, que garantiu tamb?m ?tima janela clim?tica para o milho segunda safra.

Para 2019/20, explicou o meteorologista da Somar, Jonas Ribeiro, sob efeito de um El Ni?o enfraquecido, a tend?ncia ? de que as chuvas cheguem em setembro, mas se regularizem apenas em outubro, o que deve segurar a arrancada do plantio.

'N?o deve ter uma aus?ncia de chuva, mas n?o vai ser regular nas ?reas de plantio, vai ser mais espa?ada... Vai se regularizar mais no in?cio de outubro.'

1? SAFRA

A situa??o de mercado ? considerada favor?vel ao milho a ponto de a Cogo Intelig?ncia em Agroneg?cio prever um aumento no plantio tamb?m no ver?o, com crescimento em algumas ?reas do Paran? e S?o Paulo, al?m do Rio Grande do Sul, que n?o faz segunda safra.

'Quem tem primeira safra, vai fazer um pouco mais, quem faz as duas, vai tentar fazer um pouco mais...', disse o consultor Carlos Cogo, destacando que ?reas que n?o plantam a segunda safra, que s?o regi?es importadoras, n?o querem pagar mais caro e dever?o apostar no milho de ver?o.

Al?m disso, ele tamb?m v? um mercado de milho mais firme que o da soja, considerando as fortes exporta??es do Brasil e as perdas nos Estados Unidos.

'Os contratos mais distantes, a alta do milho ? mais consistente, tem mais potencial, depois que surgirem os pr?ximos relat?rios de safra do USDA, isso vai ficar mais claro', acrescentou ele, destacando que o cereal brasileiro est? competitivo internacionalmente.

'Est? barato no porto (para exporta??o) e remunerando o produtor', concluiu.

Relat?rio do governo dos Estados Unidos, amplamente aguardado, atualizar? na pr?xima segunda-feira as estimativas para as ?reas norte-americanas de milho e soja, em meio a avalia??es muito diferentes dentro do pr?prio mercado, ap?s as chuvas excessivas na ?poca do plantio.