Polícia prende 8 em operação no Paraná que envolve BR, Raízen e Ipiranga
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Por Pedro Fonseca
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Pol?cia Civil do Paran? deflagrou nesta ter?a-feira opera??o para prender gerentes e assessores comerciais das distribuidoras de combust?veis BR, Ra?zen e Ipiranga, as tr?s maiores do pa?s, por suspeita de integrarem uma quadrilha formada para controlar de forma criminosa o pre?o final dos combust?veis nas bombas dos postos em Curitiba.
Oito executivos das tr?s empresas foram presos por suspeita de envolvimento no esquema, e policiais tamb?m cumpriram mandados de busca e apreens?o nas sedes administrativas das distribuidoras na capital paranaense, informaram a Pol?cia Civil e o Minist?rio P?blico do Paran? em comunicados.
'A suspeita ? que estas distribuidoras controlam de forma indevida e criminosa o pre?o final dos combust?veis nas bombas dos postos de gasolina com bandeira das distribuidoras, restringindo assim o mercado', disse a Pol?cia Civil em nota oficial.
As tr?s distribuidoras, que det?m juntas cerca de dois ter?os do mercado de diesel do Brasil e mais de 60 por cento do de gasolina, impediriam a 'livre concorr?ncia' na capital do Paran?, segundo os investigadores.
Entre os presos est?o tr?s assessores comerciais da BR, um gerente comercial e um assessor da Ipiranga e um gerente e dois assessores comerciais da Ra?zen. Um gerente da BR tamb?m foi alvo de mandado de busca e apreens?o.
A BR Distribuidora ? controlada pela Petrobras, a Ra?zen ? uma joint venture entre Cosan e Shell, e a Ipiranga pertence ao grupo Ultrapar. As a??es das empresas listadas na B3 operavam em queda acentuada nesta ter?a-feira.
A opera??o 'Margem Controlada' foi deflagrada ap?s mais de um ano de investiga??o da Divis?o de Combate ? Corrup??o da Pol?cia Civil e da Promotoria de Justi?a de Defesa do Consumidor de Curitiba, um ?rg?o do Minist?rio P?blico do Paran?, a partir de den?ncia de donos de postos de combust?veis de Curitiba.
As investiga??es, que contaram com dela??es premiadas e a??es controladas com a participa??o de donos de postos, apontaram que gerentes e assessores comerciais das tr?s distribuidoras vendiam o litro do combust?vel de acordo com o pre?o que seria cobrado pelo dono do posto da respectiva bandeira.
'As investiga??es descobriram que, al?m de controlarem os pre?os nos postos, as distribuidoras contavam com servi?o de motoboys que circulavam por Curitiba tirando fotos dos pre?os cobrados pelos postos para saberem se estavam de acordo com a negocia??o feita no momento da compra do combust?vel', disse o MP em comunicado.
Em um exemplo concreto citado pelos investigadores, uma distribuidora apresentou aos postos de sua bandeira tr?s op??es de valores de compra e de venda, e se o acordo n?o fosse cumprido poderia haver retalia??es. Quem comprasse a gasolina a 3,20 reais, teria de vender a 3,39 reais; quem comprasse a 3,25 reais, teria de vender a 3,49 reais, e quem pagasse 3,32, teria de vender a 3,59 reais.
DOM?NIO DO MERCADO
Segundo os dados mais recentes da Ag?ncia Nacional do Petr?leo, G?s Natural e Biocombust?veis (ANP), BR, Ra?zen e Ipiranga somaram juntas 72 por cento do mercado brasileiro de distribui??o de diesel --combust?vel mais consumido do pa?s-- e 63 por cento do mercado de gasolina no primeiro trimestre.
A BR, maior distribuidora do pa?s, representou 31,07 por cento do mercado de venda de diesel no Brasil e 23,63 por cento do mercado de gasolina no per?odo. J? a Ra?zen ficou com 21,1 por cento do mercado de diesel e 20,44 por cento do mercado de gasolina, enquanto a Ipiranga deteve 19,75 por cento mercado de diesel e 19,07 por cento de gasolina.
Procurada pela Reuters, a Ra?zen disse que acompanha o desdobramento da opera??o policial e est? ? disposi??o das autoridades respons?veis para esclarecimentos, e afirmou que os pre?os nos postos de combust?veis s?o definidos exclusivamente pelo revendedor, sem qualquer inger?ncia.
'A empresa opera em total conformidade com a legisla??o vigente e atua sempre de forma competitiva, em respeito ao consumidor e a favor da livre concorr?ncia', afirmou.
Posteriormente, a companhia disse que teve acesso aos autos decorrentes da opera??o no in?cio da noite desta ter?a e que, por ter 'os mais altos padr?es de governan?a em rela??o ?s suas pol?ticas comerciais', entende 'ser improv?vel que os referidos autos revelem qualquer desvio de procedimento ou conduta'.
'A Ra?zen est? avaliando o teor dos autos de forma a permitir o absoluto respeito ao devido processo legal, garantindo total transpar?ncia para elucida??o da verdade dos fatos', acrescentou.
A Ipiranga tamb?m negou exercer qualquer influ?ncia sobre o pre?o cobrado nas bombas, e disse que as medidas cab?veis ser?o tomadas assim que tiver acesso ao inqu?rito.
'A empresa ressalta que n?o incentiva pr?ticas ilegais, n?o compactua com atividades que violem o seu Programa de Compliance e preza pela transpar?ncia e ?tica em todas as suas a??es e rela??es.
A BR Distribuidora disse em nota que pauta sua atua??o pelas 'melhores pr?ticas comerciais, concorrenciais, a ?tica e o respeito ao consumidor', e exige o mesmo comportamento de seus parceiros e for?a de trabalho.
As a??es da Ultrapar, Cosan e BR ca?am fortemente na bolsa de S?o Paulo na manh? desta ter?a-feira ap?s a deflagra??o da opera??o pela Pol?cia Civil do Paran?.
?s 12h47, os pap?is da Ultrapar, dona da Ipiranga, recuavam 5,6 por cento, e as a??es da Cosan perdiam 4,8 por cento, entre as maiores quedas do Ibovespa, que ca?a 1,17 por cento. A BR, que n?o est? no ?ndice, perdia 3,4 por cento.
Os suspeitos responder?o pelos crimes de abuso de poder econ?mico e organiza??o criminosa, com penas que variam de 2 a 13 anos de pris?o.
(Reportagem adicional de Marta Nogueira)
Escrito por Redação
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