Postos dizem que distribuidor represa cortes da Petrobras, querem ação da ANP
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Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Sindicatos de revendedores de combust?veis do Brasil pediram ? ag?ncia reguladora ANP que autorize postos bandeirados a escolherem seus fornecedores, alegando que as tr?s maiores distribuidoras do pa?s est?o represando os cortes de pre?os praticados pela Petrobras, disseram ? Reuters representantes do setor.
Os revendedores buscam, com o pedido ? ANP, reduzir custos, e alegam 'motivo de for?a maior', em meio a uma acentuada queda de demanda devido aos impactos econ?micos do novo coronav?rus.
Normalmente, os postos sem bandeira (ou bandeira branca) pagam menos pelo combust?vel junto ?s distribuidoras, um benef?cio que os bandeirados tamb?m querem agora que as vendas despencaram.
Pelo menos 25 sindicados de revendedores pediram a autoriza??o ? ANP, que ainda n?o deu uma resposta.
Em nota enviada ? Reuters, o primeiro diretor secret?rio da Federa??o Nacional do Com?rcio de Combust?veis e Lubrificantes (Fecombust?veis), Em?lio Roberto Martins, explicou que 'isso se faz necess?rio pois as tr?s grandes companhias, que det?m 70% do mercado brasileiro, est?o represando as quedas de pre?os da Petrobras'.
Ele disse ainda que as distribuidoras est?o 'aumentando muito' suas margens 'neste dif?cil momento que passa a revenda varejista'.
As tr?s maiores companhia de distribui??o s?o BR Distribuidora, Ra?zen (joint venture da Cosan com a Shell) e Ipiranga, do grupo Ultra.
'Com esta estrat?gia 'salve-se quem puder', as companhias colocam suas redes de revenda em risco extremo, deixando-os sem a menor condi??o de competir com os postos bandeiras brancas, que adquirem produtos com custos bem mais baixos, devido ao fato de n?o estarem presos a contratos de exclusividade', declarou Martins.
Ele pontuou ainda que as grandes companhias tamb?m atendem postos bandeiras brancas, mas nessas opera??es os pre?os s?o bem menores dos que os pre?os praticados para suas pr?prias redes.
Diante desse movimento dos sindicatos, a Fecombust?veis, que representa cerca de 42 mil postos revendedores de combust?veis que atuam em todo o territ?rio nacional, vai enviar um of?cio ? ANP ainda nesta segunda-feira pedindo medidas que possam amenizar a situa??o dos revendedores.
O presidente da federa??o, Paulo Miranda, afirmou ? Reuters que o of?cio ir? solicitar que a ANP suspenda temporariamente a exclusividade dos postos bandeirados com as distribuidoras para a compra dos combust?veis considerados commodity, ou que permita que haja uma rescis?o dos contratos, mas sem que sejam cobradas multas 'exorbitantes', como normalmente acontece.
'Parece que elas (principais distribuidoras) retiveram uma parte do que a Petrobras diminuiu nas refinarias, acho que imaginando a crise que vem pela frente... ? o que o revendedor tem ligado para a gente e reclamado', afirmou Miranda.
Antes, os postos com bandeira branca praticavam pre?os de 10 a 15 centavos/litro mais baixos que os postos com bandeiras e agora essa diferen?a subiu para cerca de 30 a 40 centavos/litro, afirmou Miranda.
Segundo ele, os postos brasileiros viram uma queda m?dia de 50% nas vendas depois que o pa?s come?ou a praticar isolamento em suas resid?ncias para evitar o coronav?rus, sendo que em grandes centros o recuo ? ainda maior.
O presidente da Fecombust?veis pontuou ainda que j? enviou tamb?m of?cios para as tr?s principais distribuidoras, pedindo que sejam competitivas e n?o prejudiquem seus revendedores.
Procurada, a ANP informou ? Reuters que est? analisando os pedidos feitos por sindicatos de revendedores, sem entrar em detalhes sobre o n?mero de sindicatos que fizeram o pedido ou o conte?do das solicita??es.
DIFEREN?A DE PRE?OS
Neste ano, a queda acumulada da gasolina da Petrobras --respons?vel por quase 100% da capacidade de refino do Brasil-- j? somou cerca de 43%, diante de uma forte retra??o de pre?os de petr?leo e derivados no mercado internacional. Da mesma forma, o diesel da estatal acumula queda de cerca de 30% no ano.
Enquanto isso, os pre?os da gasolina nos postos ca?ram 5,7% e o do diesel 9%, no acumulado do ano at? a semana passada, apontaram os dados mais recentes publicados pela Ag?ncia Nacional do Petr?leo, G?s Natural e Biocombust?veis (ANP).
A Petrobras tem publicado notas ? imprensa cobrando que cortes praticados por ela ?s distribuidoras cheguem aos consumidores finais, sem apontar culpados pela diferen?a de pre?os praticados.
Procurada, a BR Distribuidora n?o comentou especificamente o repasse de cortes nos pre?os aos revendedores, mas frisou em posicionamento por escrito que 'segue buscando as melhores solu??es para todos os atores envolvidos na cadeia de distribui??o com esp?rito colaborativo e dentro dos princ?pios de consci?ncia, responsabilidade e solidariedade'.
'O momento exige uni?o...', afirmou a maior distribuidora do pa?s, que foi privatizada no ano passado, mas ainda tem a Petrobras como sua principal acionista.
A Ipiranga preferiu n?o comentar, enquanto a Ra?zen pediu que procurasse o Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combust?veis e de Lubrificantes (Sindicom), que n?o p?de se manifestar imediatamente.
Em meio ? crise, a Ra?zen declarou for?a maior em contratos de compra de etanol de usinas, segundo documentos vistos pela Reuters, enquanto a BR Distribuidora, a maior do setor, disse que identificou a necessidade de flexibilizar volumes, o que, segundo a empresa, n?o significa romper contratos.
O repasse de ajustes dos combust?veis nas refinarias para o consumidor final nos postos n?o ? imediato e depende de diversos fatores, como consumo de estoques, impostos, margens de distribui??o e revenda e mistura de biocombust?veis.
Escrito por Reuters
SALA DE BATE PAPO