Presidente da GE na América Latina é preso por esquema de fraude em licitações de saúde no RJ
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Por Pedro Fonseca e Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O ex-presidente da Philips Medical Systems no Brasil e atual CEO da GE para a Am?rica Latina, Daurio Speranzini J?nior, foi preso nesta quarta-feira por suspeita de envolvimento em um esquema de fraude em licita??es para o fornecimento de equipamentos m?dicos e hospitalares no Estado, em investiga??o que revela uma nova ?rea envolvida em um amplo esquema de corrup??o.
Al?m do executivo, outras 21 pessoas tiveram a pris?o decretada pela 7? Vara Federal Criminal por suspeita de envolvimento em um esquema de fraudes em contratos da ?rea de sa?de firmados pelo governo estadual do Rio de Janeiro e pelo Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia Jamil Haddad (Into), uma unidade federal que fica na regi?o portu?ria da capital fluminense.
A Justi?a Federal tamb?m decretou o bloqueio de bens dos investigados no valor de 1,2 bilh?o de reais.
A chamada opera??o Resson?ncia investiga no total 37 empresas que participariam de um cartel formado para direcionar os vencedores e os valores a serem pagos nos contratos, que teria funcionado de 1996 e 2017, de acordo com a Pol?cia Federal e o Minist?rio P?blico Federal.
'Como o esquema vem acontecendo ao longo de d?cadas, havia a sensa??o de impunidade e que esses fatos n?o seriam revelados como um todo?, disse a procuradora Marisa Ferrari a jornalistas, no Rio de Janeiro.
Al?m das pris?es, foram expedidos mandados de busca e apreens?o a serem cumpridos em 44 endere?os, incluindo nos pr?dios da Philips e da Johnson & Johnson do Brasil, de acordo com o MPF.
O supervisor de vendas da Philips ? ?poca dos fatos investigados, Frederik Knudsen, tamb?m foi preso, de acordo com o MPF.
No documento enviado ? Justi?a em que pediram as pris?es de Speranzini e Knudsen, os procuradores do MPF disseram que 'existem robustas provas da participa??o' de ambos em crimes de corrup??o, fraudes a licita??es e organiza??o criminosa, e ressaltaram que ainda existem provas sobre a atua??o dos investigados 'para impedir que os fatos criminosos pudessem ser conhecidos por terceiros e chegassem ao conhecimento dos ?rg?os de controle'.
De acordo com os procuradores, os 'principais executivos de fabricantes multinacionais de equipamentos m?dicos' participaram do esquema por meio de acertos dos ganhadores nas licita??es mediante o pagamento de propina a um intermedi?rio das autoridades p?blicas.
Segundo a procuradora Marisa Ferrari, havia uma estrutura empresarial para participa??o no esquema de fraude, e havia conhecimento da c?pula da Philips no exterior. 'Isso foi levado ? alta c?pula de compliance da Philips mundial, e a empresa pediu apenas para excluir seu nome da lista de fornecedores?, disse.
No caso da GE, que n?o foi alvo de buscas na a??o desta quarta, os procuradores disseram ver 'ind?cios' de envolvimento da empresa no esquema.
PR?TESES INCINERADAS
Procurada pela Reuters, a Philips informou, em nota, que um colaborador da equipe de vendas da empresa foi 'conduzido para prestar esclarecimentos', mas ponderou que os atuais l?deres executivos da companhia n?o s?o parte da a??o da PF, que datam de 'muitos anos atr?s'. A Philips acrescentou que est? cooperando com as autoridades.
A GE , para onde Speranzini se transferiu ap?s sair da Philips, disse tamb?m em nota que as alega??es apresentadas pelas autoridades s?o referentes a um per?odo em que o executivo atuava na lideran?a de outra empresa, e que a GE n?o ? alvo das investiga??es. A empresa acrescentou que est? ? disposi??o para colaborar com as autoridades.
A Johnson & Johnson Medical Devices Brasil , cujo escrit?rio foi alvo de buscas, disse que segue 'rigorosamente' as leis do pa?s e est? colaborando com as investiga??es em andamento.
Segundo os procuradores, Philips e GE aparecem nas investiga??es principalmente como fornecedoras de equipamentos de diagn?stico de imagem para as unidades de sa?de, enquanto a Johnson e Johnson seria uma grande fornecedora de pr?teses.
O pagamento da propina variava de 13 a 40 por cento do valor dos neg?cios, de acordo com os investigadores, e foram encontrados elementos que podem dar origem a novas opera??es para desvendar mais fraudes na ?rea da sa?de.
'Centenas de pr?teses que foram compradas sem atender ? demanda da pessoas tiveram que ser incineradas por falta de uso', disse a procuradora.
O suposto esquema de corrup??o nas licita??es de sa?de no Rio foi descoberto em um desdobramento da opera??o Lava Jato no Estado, que envolveu o ex-governador S?rgio Cabral.
O ex-governador, preso desde novembro de 2016, j? foi condenado em diversas a??es relacionadas ? Lava Jato por ter liderado um esquema de corrup??o que desviou centenas de milh?es de d?lares em diversos setores da administra??o p?blica.
Escrito por Redação
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